Temperamento interfere na produção e vacas estressadas produzem menos leite

Em 2025, pesquisas recentes reforçam a importância de compreender os traços comportamentais das vacas para impulsionar resultados tanto na qualidade quanto no volume de leite produzido

O comportamento das vacas leiteiras é muito mais do que uma curiosidade do cotidiano na fazenda. Ele tem se mostrado uma peça fundamental para otimizar a produção, preservar o bem-estar animal e, mais recentemente, contribuir com metas de sustentabilidade ambiental. Em 2025, pesquisas recentes reforçam a importância de compreender os traços comportamentais das vacas para impulsionar resultados tanto na qualidade quanto no volume de leite produzido.

Cada animal carrega consigo uma combinação única de temperamento e reações que afetam diretamente sua rotina. Essa diversidade influencia desde o manejo diário até questões metabólicas internas, impactando inclusive a emissão de gases poluentes como o metano. Vacas mais calmas, por exemplo, não apenas oferecem melhor resposta produtiva, como também liberam menos metano entérico — o que colabora para a redução do impacto ambiental da pecuária.

Temperamento bovino: por que ele importa e o que acontece com as vacas estressadas?

Vacas estressadas produzem menos leite? Entenda como o temperamento interfere
Silvânia Goiás / Foto: Tony Oliveira

Estudos conduzidos ao longo dos últimos anos, como os realizados pela Embrapa Gado de Leite em parceria com universidades brasileiras, apontam que o temperamento bovino está entre os fatores determinantes para o sucesso produtivo. Vacas dóceis apresentam maior facilidade de manejo, são menos propensas ao estresse e mais adaptáveis às rotinas de ordenha. Por consequência, têm melhor desempenho e menor incidência de problemas de saúde.

Enquanto raças como Jersey, Ayrshire e Hereford demonstram maior docilidade, outras como Brahman, Simental e Nelore podem ser mais reativas. No entanto, mais do que a genética, as experiências ao longo da vida moldam a forma como esses animais reagem a estímulos humanos e ambientais.

Uma vaca que teve contato positivo e frequente com os cuidadores tende a cooperar mais facilmente. Por outro lado, animais submetidos a situações de estresse, como manejo brusco ou ambientes barulhentos, podem desenvolver comportamentos defensivos, dificultando o trabalho no dia a dia da fazenda.

Quatro comportamentos que revelam muito sobre a vaca leiteira

1. Reatividade

É a forma como a vaca responde a estímulos inesperados ou situações novas. Um animal muito reativo pode ser difícil de conduzir e pode até comprometer a segurança dos trabalhadores. De acordo com levantamento de 2025 da Universidade Federal de Juiz de Fora, vacas com alto nível de reatividade produzem em média 18% menos leite por dia e liberam até 25% mais metano, reforçando a importância de selecionar e treinar rebanhos mais calmos.

2. Sociabilidade

Em grupos, vacas tendem a formar laços de afinidade, e aquelas com maior sociabilidade apresentam melhor integração ao rebanho. Essa harmonia reduz confrontos e torna o ambiente mais estável. Vacas sociáveis também costumam interagir positivamente com humanos, um fator que facilita o manejo e pode ser valioso em propriedades voltadas ao agroturismo ou ensino.

3. Comportamento na ordenha

A rotina de ordenha é um momento crítico na vida da vaca leiteira. Animais que se sentem seguros, com horários regulares e uma abordagem gentil do ordenhador, tendem a liberar leite com mais facilidade. Isso se reflete diretamente na produtividade. Em 2025, dados apontam que rebanhos com boas práticas de ordenha chegam a registrar aumento de até 12% na produção média por lactação.

4. Resposta ao estresse

O estresse, muitas vezes invisível, corrói a saúde e o desempenho das vacas. Quando expostas a fatores como mudanças bruscas na dieta, calor excessivo ou superlotação, as vacas liberam altos níveis de cortisol — um hormônio que interfere negativamente no metabolismo e reduz a eficiência produtiva. Cabe ao produtor garantir um ambiente calmo, com sombra, espaço adequado e manejo cuidadoso, reduzindo os impactos negativos no rebanho.

Vacas estressadas produzem menos leite? Entenda como o temperamento interfere
Foto: Divulgação

Um olhar estratégico sobre o comportamento animal

A forma como cada vaca se comporta resulta de uma interação complexa entre genética, ambiente, experiências anteriores e tipo de manejo. Por isso, compreender essas nuances vai muito além da curiosidade: é uma estratégia que beneficia toda a cadeia leiteira. A adoção de práticas que respeitem o comportamento natural dos animais favorece não apenas o aumento da produção, como também promove um sistema mais sustentável e responsável.

Produtores que investem na leitura do comportamento de seus rebanhos colhem os frutos em forma de leite de melhor qualidade, animais mais saudáveis e uma operação alinhada com as exigências do mercado moderno — que valoriza cada vez mais o bem-estar animal e os impactos ambientais da produção.

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