
Maringá lidera ranking estadual com o hectare agrícola mais valorizado, seguido por Foz do Iguaçu e municípios vizinhos; levantamento da SEAB revela impacto direto no mercado imobiliário regional
A valorização de terras agrícolas no Paraná segue em ritmo acelerado e chama atenção de investidores, produtores e do setor imobiliário. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), Maringá possui atualmente o hectare agrícola mais caro do estado, com valor médio de R$ 185,4 mil, considerando propriedades classificadas como categoria “A-I”, ou seja, terrenos planos, férteis e com boa drenagem — os mais adequados para atividades agrícolas intensivas.
A título de comparação, segundo levantamento do portal Chãozão, especializado em imóveis rurais, o hectare mais caro do Brasil está em Luís Eduardo Magalhães (BA), com valores que ultrapassam os R$ 70 mil por hectare. A cidade aparece no ranking nacional ao lado de outras potências do agronegócio, como Rio Verde (GO), onde o hectare pode superar R$ 60 mil, e Rondonópolis (MT), com áreas que chegam a R$ 50 mil por hectare. Esses números reforçam o peso produtivo dessas regiões no cenário agrícola nacional e mostram como a valorização da terra acompanha o avanço tecnológico e a rentabilidade das lavouras.
Ranking das terras mais caras
Além de Maringá, outras cidades do norte e oeste paranaense também aparecem no topo da lista. Veja os principais destaques:
- 2º lugar: Foz do Iguaçu – R$ 184,2 mil por hectare
- 3º lugar: Sarandi, Paiçandu, Floresta e Ivatuba – R$ 181,8 mil por hectare
- 4º lugar: Serranópolis do Iguaçu – R$ 171,2 mil por hectare
- 5º lugar: Doutor Camargo, Ourizona e São Jorge do Ivaí – R$ 165,6 mil por hectare
Todas essas cidades possuem áreas dentro da categoria A-I, reconhecidas como as de maior valor agrícola e menor risco para cultivo, conforme explica o engenheiro agrônomo Ednaldo Michellon:
“A classificação A-I indica mínima chance de problemas para a produção. São terras de alta aptidão, o que justifica o preço elevado”.
Terra mais cara do Paraná: O que explica os preços elevados?
A valorização acelerada de Maringá é reflexo de um conjunto de fatores. A cidade possui extensão territorial limitada, alta demanda por terras e poucos vazios urbanos. Isso gera uma concorrência acirrada tanto para uso agrícola quanto imobiliário. De acordo com Marco Tadeu Barbosa, vice-presidente regional noroeste do Secovi-PR:
“Nós temos poucos vazios urbanos, isso faz com que esses poucos espaços se valorizem mais. É a lei da oferta e da procura”.
A pressão do agronegócio sobre áreas próximas à zona urbana também impacta o valor dos imóveis residenciais, já que novos loteamentos ficam mais caros para serem implantados.

Comparativo com anos anteriores
Embora os valores já fossem altos em 2024, Maringá apresentou uma valorização de 5,52% em um ano, superando Foz do Iguaçu, que teve alta de 5,14% no mesmo período. Esse movimento acompanha uma tendência nacional, onde os preços das terras agrícolas mais que dobraram nos últimos cinco anos.
Segundo uma consultoria especializada, o valor médio do hectare no Brasil passou de R$ 14.818,10 em 2019 para R$ 31.609,87 em 2024, representando alta de 113%.
E as terras mais baratas?
Dentro da categoria A-I, as terras mais baratas ainda mantêm valores elevados, mas para encontrar preços significativamente mais baixos é necessário olhar para outras categorias de uso. O levantamento da SEAB mostra que:
- Terras da categoria C-VIII — voltadas à servidão florestal, com maior preservação e menor uso agrícola — apresentam valores muito mais acessíveis.
- Nessas áreas, os preços por hectare caem drasticamente, justamente pelas limitações de uso e produtividade agrícola.
A terra agrícola em Maringá não apenas é a mais cara do Paraná, mas também serve como termômetro da valorização do solo em regiões produtivas do país. A tendência de alta nos preços deve continuar, impulsionada por fatores como escassez de terras urbanas, aptidão agrícola e demanda crescente por grãos e commodities. Investidores, produtores e urbanistas devem ficar atentos ao movimento do mercado e às consequências dessa valorização para o futuro do estado e do setor agropecuário.
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