Força-tarefa é mobilizada após ventos de até 250 km/h devastarem Rio Bonito do Iguaçu; fenômeno também atinge Santa Catarina com três tornados confirmados, além do tornado no Paraná
O estado do Paraná enfrenta um dos episódios mais devastadores de sua história recente. Na noite da última sexta-feira (7), um tornado de grandes proporções atingiu em cheio o município de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do estado, deixando seis mortos, pelo menos 750 feridos e provocando a destruição de 90% das estruturas da cidade, entre residências, comércios e prédios públicos .
A catástrofe, que também deixou rastros de destruição em outros pontos do Sul do Brasil, mobilizou governos municipal, estadual e federal, que decretaram estado de calamidade pública e colocaram em prática uma operação emergencial para reconstruir o município, acolher os desabrigados e restabelecer os serviços essenciais.
Ventos de até 250 km/h e cenas de guerra
De acordo com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), o tornado atingiu a região com ventos que chegaram a impressionantes 250 km/h, arrancando telhados, derrubando postes, destruindo veículos e interrompendo o fornecimento de água e energia elétrica .
Vídeos registrados por moradores mostram a violência dos ventos e o desespero das pessoas tentando buscar abrigo em meio à destruição. As cenas se assemelham a cenários de guerra: casas completamente destruídas, árvores arrancadas e bairros inteiros reduzidos a escombros .

As vítimas do tornado no Paraná
A Polícia Científica do Paraná confirmou os nomes das seis vítimas fatais:
- José Neri Geremias, 53 anos
- José Gieteski, 83 anos
- Adriane Maria de Moura, 47 anos
- Claudino Paulino Risse, 57 anos
- Jurandir Nogueira Ferreira, 49 anos
- Júlia Kwapis, 14 anos
Além das vítimas fatais, centenas de pessoas sofreram ferimentos, algumas em estado grave. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil seguem mobilizadas na busca por desaparecidos e no resgate de pessoas que ficaram presas sob os escombros.
Reconstrução imediata e força-tarefa
No sábado (8), o governador Carlos Massa Ratinho Junior visitou Rio Bonito do Iguaçu e anunciou a formação de uma força-tarefa estadual para reconstrução da cidade. “Cerca de 90% do município foi afetado. O decreto de calamidade pública nos permite acelerar as ações e liberar recursos com urgência. Já instruí a Cohapar a iniciar o mapeamento das moradias e o planejamento para reconstrução”, declarou o governador .
A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) e o CREA-PR já estão em campo avaliando quais casas poderão ser recuperadas e quais precisarão ser demolidas e reconstruídas. O Centro de Convivência do Idoso e o Ginásio do Campo do Bugre foram transformados em centros de triagem e acolhimento emergencial para as famílias atingidas .
Apoio humanitário e logística
Para atender a população afetada, o governo estadual mobilizou rapidamente:
- 2.600 telhas
- 1.200 cestas básicas
- 565 colchões
- Kits de higiene, limpeza e dormitório
- Caminhões, ambulâncias e maquinários pesados de diferentes regiões do estado
O prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Sezar Augusto Bovino, afirmou que todos os mercados da cidade foram destruídos e que ainda não há uma estimativa precisa dos prejuízos. “Começaremos o levantamento detalhado dos danos neste domingo, com apoio do Estado”, disse o gestor municipal .
Três tornados em Santa Catarina
Enquanto o Paraná enfrentava o caos, Santa Catarina também registrava três tornados no sábado (8), nos municípios de Dionísio Cerqueira, Xanxerê e Faxinal dos Guedes. A confirmação veio após análises de radar meteorológico e vistorias em campo feitas pela Defesa Civil catarinense .
Os tornados foram curtos, mas extremamente destrutivos: houve destelhamento de casas, quedas de árvores, danos a veículos e até o tombamento de um ônibus. As rajadas de vento ultrapassaram os 100 km/h. No Litoral Sul catarinense, chuvas intensas chegaram a acumular 124 mm em apenas 12 horas, o equivalente à média do mês inteiro .

Governo Federal reconhece calamidade
O Governo Federal, por meio do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, reconheceu o estado de calamidade pública em Rio Bonito do Iguaçu e demais municípios afetados. Isso permitirá a liberação acelerada de recursos e o envio de ajuda humanitária, como medicamentos, água, colchões e apoio técnico para desobstrução de vias e reconstrução .
Alerta contínuo
Apesar da instabilidade climática estar migrando para o oceano, os meteorologistas alertam que o risco de novos eventos extremos ainda não está totalmente descartado. A população deve seguir as orientações da Defesa Civil e evitar áreas de risco, como encostas, pontes e locais próximos a fiações elétricas ou árvores .
Tragédia que exige resposta rápida
A tragédia escancarou a vulnerabilidade de muitas cidades frente a eventos climáticos extremos, que devem se tornar cada vez mais frequentes com o avanço das mudanças climáticas. O caso de Rio Bonito do Iguaçu — uma cidade de pouco mais de 13 mil habitantes — mostra como um único fenômeno meteorológico pode devastar uma comunidade inteira em questão de minutos.
O desafio agora será garantir agilidade na resposta, apoio humanitário efetivo e reconstrução segura para que as famílias afetadas possam recomeçar suas vidas com dignidade.
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