Tratores do futuro ganham força com novas fontes de energia

Tecnologias que deixam o diesel para trás serão destaque na Agritechnica 2025

O rugido dos motores a diesel ainda ecoa forte nas lavouras da Alemanha, onde cerca de dois bilhões de litros desse combustível são consumidos todos os anos por tratores e colheitadeiras. Mas esse som familiar está com os dias contados. Pressionada por metas ambientais que exigem neutralidade de carbono até 2045, a agricultura do país — e de boa parte do mundo — se prepara para uma virada energética. E os tratores estão no centro dessa transformação.

A Agritechnica 2025, marcada para novembro em Hanôver, promete ser o palco dessa mudança. A maior feira de máquinas agrícolas do planeta deve reunir fabricantes, engenheiros e produtores em busca de um novo motor para o campo. A pergunta é urgente: qual será a alternativa real e viável ao tradicional diesel?

As respostas começam a surgir, mas nenhuma é simples. Um dos caminhos mais conservadores aposta em adaptar as tecnologias já existentes. Motores híbridos, que combinam diesel com eletrificação parcial, surgem como opção de transição. Apesar de representarem algum avanço, ainda mantêm o combustível fóssil na equação — e, com ele, as emissões de carbono.

Outras alternativas tentam reduzir o impacto climático com novos tipos de combustível. Óleo vegetal puro (P100), biodiesel, óleo vegetal hidrogenado (HVO) e combustíveis sintéticos entram no radar. Cada um, porém, traz seus próprios desafios. O P100 exige alterações técnicas nos motores devido à alta viscosidade. O HVO pode ser usado em motores convencionais, o que o torna promissor — mas sua oferta é limitada, e a demanda por esse tipo de combustível cresce em setores como transporte e construção civil.

Tratores do futuro ganham força com novas fontes de energia
Foto: https://revistacultivar.com.br/

Já os combustíveis sintéticos, produzidos a partir de CO₂ e água com o uso de eletricidade, são vistos como uma esperança de neutralidade total de carbono. O problema? Ainda custam caro, consomem muita energia e não são produzidos em escala suficiente.

Também entram na disputa os gases como metano e hidrogênio, que exigem motores adaptados e tanques robustos. A densidade energética por litro é baixa, o que exige espaço extra — algo difícil de conciliar com as demandas operacionais das grandes lavouras. Para serem sustentáveis, esses gases precisam ser produzidos com energia limpa, o que hoje ainda pesa no orçamento.

E os tratores elétricos? Já são uma realidade para operações leves, com modelos de até 130 cavalos operando bem em propriedades menores. Carregam-se durante os intervalos de trabalho e oferecem boa autonomia em tarefas menos exigentes. No entanto, quando se trata das máquinas pesadas — como colheitadeiras ou tratores de alta potência —, as baterias necessárias seriam grandes demais, elevando o peso, o custo e a compactação do solo.

A eletrificação completa, embora promissora, ainda esbarra em limitações práticas. As células de hidrogênio, que geram eletricidade a bordo, sofrem com o mesmo dilema: tecnologia cara, autonomia restrita e necessidade de infraestrutura especializada.

Tratores do futuro ganham força com novas fontes de energia
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Diante desse cenário, ganha força a ideia de motores multifuel — sistemas capazes de operar com misturas variadas de diesel, biodiesel e óleos vegetais. Essa flexibilidade oferece uma transição mais suave, adaptável a diferentes realidades agrícolas. Mas, mesmo assim, não há solução única à vista.

A revolução energética no campo será feita com múltiplas engrenagens. O trator do futuro não terá apenas uma nova fonte de energiaterá várias, conforme as necessidades de cada fazenda, cultura e região. A mudança dependerá tanto da inovação tecnológica quanto da logística, dos custos e de políticas de incentivo.

O que está claro é que os tratores estão prontos para dar um passo adiante. Não apenas com mais potência ou eficiência, mas com um novo papel: o de conduzir a agricultura rumo a um modelo mais limpo, resiliente e sustentável.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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