Muito além de soltar o gado no campo: como a aplicação técnica dos tratos culturais define quem fecha a conta no azul e quem perde margem na pecuária
Quem vive da pecuária sabe: o sucesso da atividade depende diretamente da oferta de comida, seja no cocho ou no campo. É nesse contexto que os tratos culturais no pasto se tornam decisivos. Embora o termo seja comum na agricultura, essas práticas são fundamentais para a pecuária de corte, pois garantem a manutenção da forragem, a saúde do solo e, como consequência, o retorno financeiro do produtor.
No Brasil, a pastagem é a principal fonte de alimento do rebanho. Segundo dados do MapBiomas, o país possui cerca de 164 milhões de hectares de pastagens, mas uma parcela significativa sofre com algum nível de degradação. Aplicar corretamente as técnicas de manejo não é apenas uma questão de limpeza da área, mas uma estratégia comercial para evitar a perda de peso dos animais e aumentar a taxa de lotação por hectare. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, qui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!
O impacto econômico dos tratos culturais no pasto
Os tratos culturais no pasto englobam um conjunto de ações planejadas que visam preservar e recuperar o sistema produtivo. Isso inclui desde a divisão correta dos piquetes e construção de cercas até o posicionamento estratégico de aguadas e saleiros. O objetivo é oferecer condições para que o capim cresça com vigor e valor nutricional.
A falta de cuidado com essas etapas gera prejuízos diretos. Pastos mal manejados limitam o ganho de peso e exigem maior gasto com suplementação. Por outro lado, a intensificação traz resultados expressivos. Dados da Embrapa (2022) mostram que propriedades que adotam um planejamento eficiente de manejo e fertilidade podem aumentar em até 30% a produtividade do gado de corte.
As principais ações para garantir esse resultado incluem:
- Planejamento da infraestrutura: Organizar cercas e corredores para facilitar o manejo e evitar erosão.
- Correção do solo: Garantir os nutrientes necessários para o enraizamento profundo da forrageira.
- Controle de invasoras: Eliminar a competição por recursos hídricos e luz solar.
- Ajuste de carga animal: Equilibrar a quantidade de gado com a oferta de massa forrageira.
Adubação e fertilidade: o alicerce da produção
Para que os tratos culturais no pasto sejam efetivos, o produtor precisa começar pelo solo. A maioria das terras brasileiras apresenta acidez elevada e falta de fósforo, o que impede o desenvolvimento pleno das forrageiras. A análise de solo deve ser uma rotina na fazenda, orientando a calagem e a adubação de reposição.
Uma planta bem nutrida rebrota mais rápido após o pastejo e suporta melhor os períodos de estiagem. Levantamentos da FAO (2021) indicam que solos com a fertilidade corrigida conseguem suportar até 25% mais animais por hectare, além de fornecerem uma forragem com maiores teores de proteína.
Outro ponto de atenção é o controle de plantas daninhas. A recomendação técnica é realizar o controle preventivo. Combater as invasoras quando ainda são pequenas é mais barato e eficaz do que tentar recuperar uma área totalmente tomada pelo “mato duro”.

Manejo da altura e lotação nos tratos culturais no pasto
A colheita do capim pelo gado exige precisão. O erro no momento de entrada ou saída dos animais do piquete é uma das principais causas de degradação. O superpastejo (quando o gado come demais e deixa o solo exposto) prejudica a rebrota, enquanto o subpastejo (quando sobra muito capim) faz a planta perder qualidade nutricional.
Dentro dos tratos culturais no pasto, respeitar a altura do capim é uma regra de ouro. A Embrapa disponibiliza parâmetros técnicos para o manejo rotacionado que servem de guia para o pecuarista:
- Capim Mombaça: Altura de entrada entre 85 a 90 cm; saída entre 40 a 50 cm.
- Braquiarão (Marandu): Altura de entrada entre 25 a 30 cm; saída entre 15 a 20 cm.
Seguir essas referências garante que a planta mantenha folhas suficientes para realizar a fotossíntese e crescer novamente com rapidez, mantendo o sistema sustentável.
Tecnologia a favor do campo
A modernização do campo trouxe novas ferramentas para os tratos culturais no pasto. O que antes dependia apenas da observação visual, hoje conta com o apoio da Pecuária de Precisão. O uso de drones, imagens de satélite e softwares de gestão permite monitorar a fazenda em detalhes.
Essas tecnologias auxiliam na identificação de áreas que precisam de reforma, permitem a aplicação de adubos em taxa variável (economizando insumos) e ajudam a calcular a lotação exata para cada piquete. O resultado é uma pecuária profissional, com redução de desperdícios e foco total na eficiência produtiva.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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