Escassez de gado pressiona mercado e leva governo Trump a discutir medidas emergenciais, incluindo a abertura para mais carne da Argentina e do México, ou seja, importar mais para conter alta de preços da carne bovina nos EUA
O governo de Donald Trump intensificou os esforços para conter a disparada dos preços da carne bovina nos EUA, que atingiram níveis recordes. A crise se agravou diante de uma combinação crítica: baixa oferta de gado nos pastos e demanda interna aquecida, cenário que pressiona a inflação de alimentos e preocupa consumidores e autoridades.
Diante desse panorama, a Casa Branca organizou reuniões com assessores de alto escalão, governadores e representantes da indústria frigorífica para avaliar alternativas que possam reduzir o custo da carne ao consumidor final.
Crise no campo: rebanhos enxutos e ciclo lento
O principal fator por trás da alta histórica nos preços é a redução drástica do rebanho bovino nos Estados Unidos, reflexo de anos de dificuldades financeiras enfrentadas pelos pecuaristas após a pandemia. Com margens apertadas, muitos produtores venderam fêmeas e não conseguiram renovar suas criações, resultando em um ciclo de produção mais longo e baixa capacidade de recuperação rápida da oferta.
Mesmo com os preços em patamares elevados — o que poderia teoricamente beneficiar os produtores —, o setor afirma que não há como reduzir os valores no curto prazo, já que reconstruir os rebanhos exige anos de investimento e estabilidade.
Medidas em estudo: importações e apoio à indústria local
Para tentar aliviar a situação, uma força-tarefa foi criada dentro do governo Trump. Entre as principais ações discutidas, estão:
- Reabertura das importações de gado vivo vindo do México;
- Ampliação das compras de carne bovina de países como a Argentina;
- Incentivo a pequenos frigoríficos, descentralizando a produção;
- Flexibilização de regulamentações federais para estimular a produção doméstica.
A estratégia envolve múltiplas agências federais e busca uma solução ampla para o problema, incluindo o estímulo à competitividade no setor, dominado por grandes conglomerados processadores de carne.
Pressão política e embate com o setor pecuário em relação aos preços da carne bovina nos EUA
A possibilidade de aumentar as importações, no entanto, desencadeou tensões com grupos de pecuaristas americanos. A poderosa associação R-Calf, por exemplo, se posicionou contra as medidas e defende:
- Redução nas importações de carne e gado;
- Regras mais rígidas contra as grandes empacotadoras;
- Rotulagem clara sobre a origem da carne no mercado americano.
A relação entre Trump e os produtores ficou ainda mais delicada depois que o presidente sinalizou apoio à compra externa de carne como forma de conter os preços. Ainda assim, a administração segue negociando com diversos elos da cadeia produtiva em busca de um consenso que evite o agravamento da crise no setor.
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