Unigel paralisa novamente fábricas de fertilizantes da Petrobras

Segundo a petrobras, a determinação decorre dos custos significativamente altos do gás natural, essencial para a produção de amônia e ureia, tornando economicamente inviável a continuidade das operações.

No contexto de incertezas relacionadas ao contrato de industrialização sob encomenda (“tolling”) estabelecido com a Petrobras, a Unigel tomou a decisão de interromper novamente, a partir de quarta-feira (6/3), as operações em suas duas fábricas de fertilizantes nitrogenados, ambas arrendadas da estatal. Essa medida foi motivada pelos crescentes custos do gás natural, essencial na produção de amônia e ureia, tornando economicamente inviável a continuidade das atividades.

Em comunicado, a empresa afirmou que manterá uma infraestrutura mínima para a preservação dos ativos, assim como para o cumprimento de obrigações legais e socioambientais. No final de 2019, a Unigel assumiu o arrendamento das fábricas de fertilizantes da Petrobras localizadas em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), que estavam inativas devido à sua operação deficitária.

Após realizar investimentos na ordem de R$ 600 milhões entre 2021 e 2022, a empresa privada retomou a produção nas unidades. Contudo, suspendeu as atividades um ano depois, argumentando que a significativa queda nos preços internacionais da ureia não foi acompanhada por uma redução equivalente nos custos do gás natural, tornando a operação impraticável.

Além dos desafios operacionais, a Unigel enfrenta uma crise financeira severa. Recentemente, apresentou um plano de recuperação extrajudicial para renegociar sua dívida de R$ 3,9 bilhões com credores financeiros. Caso um acordo seja alcançado, esses credores poderão adquirir 50% das ações da petroquímica.

egundo a petroquímica, a decisão de ingressar no setor de fertilizantes em 2020 foi baseada na expectativa da abertura do mercado livre de gás natural no país. Contudo, o preço do insumo permanece um dos mais elevados globalmente, alcançando valores “até seis vezes superiores aos praticados no Oriente Médio e Estados Unidos”.

Apesar de enfrentar prejuízos ao longo de todo o ano de 2023 e também em 2024, a Unigel manteve grande parte de sua equipe, na esperança de êxito em negociações e iniciativas visando a redução do custo do gás natural por meio de intervenções governamentais, bem como alternativas temporárias como o contrato de “tolling”. Além disso, aguardava a implementação de parcerias estratégicas em combustíveis renováveis com a Petrobras, que ainda não foram concretizadas até o momento, conforme mencionado na nota oficial.

No início do mês, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou indícios de irregularidades e potenciais prejuízos de R$ 487,1 milhões para a Petrobras no contrato de industrialização sob encomenda de fertilizantes firmado em dezembro com a Unigel.

Em comunicado, a área técnica do TCU destacou o risco de prejuízo potencial no valor de R$ 1,23 bilhão caso a Petrobras retome as plantas arrendadas. Por outro lado, a não retomada das unidades pela estatal acarretaria perdas estimadas em R$ 542,8 milhões.

Quanto à análise realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o contrato de “tolling”, a Unigel esclareceu que a entrada em vigor desse acordo está condicionada ao cumprimento de pré-requisitos específicos. Além disso, a empresa ressaltou que não faz parte da governança interna da Petrobras. Recentemente, a estatal divulgou os resultados de uma investigação interna, afirmando que não houve interferência por parte de dois de seus diretores na assinatura do referido contrato.

A Unigel mantém sua confiança na sensibilização dos órgãos governamentais, como o Executivo e Legislativo federal, os governos estaduais e a própria Petrobras, em relação às políticas de precificação do gás natural destinado à indústria nacional. Essa indústria enfrenta desafios consideráveis devido à falta de competitividade, causada pelos elevados custos dessa matéria-prima.

Vale destacar que, uma vez que as condições precedentes do contrato de tolling sejam integralmente atendidas, a empresa reserva-se o direito de reavaliar a retomada da produção, considerando o cenário atual e os desdobramentos das negociações com os órgãos competentes.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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