Vai comprar sítio ou fazenda? Veja quanto subiu o preço da terra no Brasil

Preço da terra sobe 39% no primeiro trimestre do ano; valorização reflete alta das commodities agrícolas nos três primeiros meses de 2022

O preço médio das terras no Brasil registrou alta nominal de 39,47% nos três primeiros meses do ano, com o hectare valendo cerca de R$ 22 mil reais. Em 2021, a média de preço estava em cerca R$ 15,8 mil de acordo com estudo divulgado pela S&P Global. A valorização das terras é reflexo da alta das commodities no primeiro trimestre, já que as cotações da soja, milho e proteínas são geralmente utilizadas como referência nos contratos de negociações rurais. Com o aumento dos preços agrícolas, aumentou a procura por terras para produzir mais.

As terras dedicadas ao plantio de grãos registraram as maiores altas. O estudo apontou preços médios de R$ 51 mil por hectare, seguida por áreas de cana de açúcar, com R$ 43 mil por hectare, e pecuária, com R$ 12 mil, em média. A alta no preço das terras, o aumento na taxa básica de juros da economia brasileira e a elevação nos custos de produção provocaram mais recentemente uma redução no volume de negócios neste mercado. Segundo a Scot Consultoria, a expectativa é que os preços se mantenham firmes daqui para frente, já que as commodities vão garantir margens positivas. No entanto, a atratividade de outros investimentos deverá retirar a pressão altista observada nos últimos dois anos.

O futuro para o agronegócio é promissor e as terras continuarão sendo um ótimo investimento. Os ganhos de produtividade, os investimentos em tecnologia e sustentabilidade estão mudando a cara do interior do Brasil e onde houver produção haverá desenvolvimento.

Como funciona a diferença de valores?

O especialista e corretor rural, Nilo Ourique, afirma que o valor do hectare no Brasil depende de muitos fatores como localização, topografia, solo e gastos com conservação e melhorias da área. ‘É possível que haja hectare por R$500,00 ou até mesmo R$ 200.000,00, assim como também é comercializado por sacas de soja, chegando a 1500 sacas por hectare’, salienta Nilo. Ourique pontua que os maiores atrativos nas terras brasileiras são o clima, qualidade de solo e as grandes extensões. Hoje, os estados mais procurados são: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Tocantins e Bahia.

“Com a alta das commodities, é notável que muitos estão optando em investir em áreas para arrendamento, os valores estão mais atrativos e a procura está maior’, diz Nilo.

Hoje não há uma metodologia padronizada de pesquisa nacional para se estabelecer o valor de uma terra e acompanhar uma oscilação de preços ao decorrer dos anos. Antes de adquirir o imóvel é preciso estar claro qual o percentual de Área Agricultável, Reserva Legal (RL) e Área de Preservação Permanente (APP) está sendo oferecida. As áreas de APP e RL são restritas para a preservação ambiental. Portanto, quanto maior o índice de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente, menor será a disponibilização de área para plantio comercial de determinada cultura. É necessário entender para qual fim a terra era utilizada anteriormente e por quanto tempo, isso facilita o entendimento sobre a fertilidade e possíveis correções necessárias no solo. Essas informações auxiliam na interpretação sobre a qualidade física e química da terra, as quais servirão de base para identificar os custos de um projeto de plantio.

Hoje, no Brasil, 5,3 milhões de imóveis rurais ocupando 442 milhões de hectares. ¼ desta terra agrícola é ocupada por 0,3% do total de propriedades rurais no Brasil (15,6 mil propriedades); enquanto outro ¼ é ocupado por 77% de propriedades rurais menores (3,8 milhões). De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) 3,98 milhões de hectares de terras agrícolas no Brasil pertencem a pessoas de outras nacionalidades, empresas estrangeiras ou empresas brasileiras constituídas ou controladas por estrangeiros. Minas Gerais é o estado com maior concentração de terras compradas por pessoas ou empresa de outros nacionalidades (943,5 mil hectares), seguido por Mato Grosso (402,3 mil hectares) e São Paulo (351,4 mil hectares)

Vai continuar subindo?

A guerra na Ucrânia e os problemas de abastecimento no mundo, que ainda se recupera da Covid-19, são os impulsionadores da inflação em diferentes países no globo. Nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, o nível inflacionário é o maior em 40 anos, na faixa de 8,6%, mesmo nível da União Europeia. Com histórico de estabilidade macroeconômica, o alarde com o aumento da inflação nos países desenvolvidos é instantâneo. No Brasil, a inflação também preocupa e segue na casa dos dois dígitos, marcando 11,89% em 12 meses encerrados em junho.

A inflação global e interna poderão fazer com que as terras brasileiras continuem se valorizando.

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