‘Vilão’ do meio ambiente, Brasil preserva 66% do seu território

O Brasil é muito criticado na questão ambiental e o produtor rural é tido, na maioria das vezes, como o ‘vilão’ do meio ambiente, porém, se analisados os números, a verdade é o oposto.

Segundo a médica veterinária, economista e CEO da Agrifatto, Lygia Pimental, o primeiro passo para esclarecer a questão do desmatamento é entender como funciona a dinâmica do Estado brasileiro em relação à atribuição de terras. Atualmente temos muita terra atribuída no Brasil, são 18% do território nacional em unidades de conservação e 14% atribuídos a terras indígenas. Isso tudo está fora da área de produção e é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como terras protegidas. São 260 milhões de hectares destinados à proteção.

“Para se ter uma ideia, enquanto o Brasil possui aproximadamente 30% de terras protegidas, a Austrália tem 19%, a China 17%, os EUA 13%, a Rússia e o Canadá têm 10%, e a Argentina 9%. Eu peguei todos esses países que são grandes também em território para a gente poder comparar maçãs com maçãs”, destacou.

Outro ponto importante segundo a economista é o que exatamente o Brasil reserva em terras protegidas. Enquanto os Estados Unidos protege o deserto de Sonora, o deserto de Mojave, a China protege o deserto da Mongólia e a Argélia o deserto do Ténéré, por exemplo, o Brasil protege áreas com real potencial produtivo. E, além dos 30% de terras protegidas, o Brasil destina também 10% do seu território para a reforma agrária e os quilombolas. São mais de 90 milhões de hectares para essa finalidade, ou uma vez e meia a área de produção de grãos brasileira. Isso totaliza 40% do território brasileiro em terras atribuídas.

Lygia Pimentel -- livro
Lygia Pimentel

“Já quando falamos em ocupação desse território, também há preservação. Dos imóveis rurais brasileiros preservam-se 218 milhões de hectares de florestas ou 50% do total das áreas dos imóveis rurais. Isso é o equivalente a 26% do território brasileiro”, explicou Lygia.

Segundo ela, o produtor é o responsável direto pela preservação de 26% do território brasileiro, e preservar custa. Em primeiro lugar porque, mesmo sendo área de floresta, ele precisa recolher impostos territoriais sobre essa área. Depois precisa cercar, porque caso alguém invada e cace algum animal silvestre, a culpa é dele, e a multa também. Se alguém colocar fogo, idem. Se alguém tirar madeira ilegal e for pego, idem.

“Então tem que cuidar fazer vigilância. Fazer o aceiro para prevenir incêndios que, além de gerar multas quando acontece, ainda pode esparramar o fogo para o restante da propriedade e inviabilizar a produção. E isso seria um prejuízo sem tamanho, talvez sem recuperação para esse produtor. O valor patrimonial estimado do imobilizado pelo produtor para preservação é de quase quatro trilhões de reais e o custo anual disso é de 26 bilhões. Quem mais no Brasil preserva 50% do seu imóvel e ainda arca com esse custo sozinho Ninguém mais faz isso, nem no Brasil nem em outro lugar no mundo”, disse.

Total destinado à preservação chega a 66% do território brasileiro

Somando áreas atribuídas às terras devolutas e as áreas privadas destinadas à preservação, nós temos 66% do território brasileiro destinado a áreas protegidas.

“Isso equivale a mais de 15 países da Europa com folga, ainda sobra umas ‘Noruegas’ aí para trás, sobram quase 4% de áreas para cidades e infraestrutura e os outros 30% ficam de fato com a produção brasileira de alimentos”, enfatizou Lygia.

A especialista ainda explicou que dessa área de produção que sobra 8% são pastos nativos. No Pantanal, por exemplo, 13% são pastos plantados, 7,8% de lavouras e 1,2 % de florestas plantadas.

“Só para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, 20% das áreas são de conservação e 75% são para uso agropecuário. O que resta é cidade e infraestrutura”, esclareceu.

Os dados e informações citadas pela médica veterinária, economista e CEO da Agrifatto, Lygia Pimental, são de órgãos como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que é uma empresa pública de pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); do próprio Ministério do Meio Ambiente; do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que é o órgão indigenista oficial do Estado brasileiro; do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e também são corroborados pela pesquisa espacial da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), agência do governo federal dos Estados Unidos.

“Então eu acho uma questão fundamental esclarecermos para a sociedade e para o mundo que fizemos um trabalho excepcionalmente melhor do que qualquer outro país na preservação de suas matas e florestas. É mais bonito do que ficar recitando informações falsas como papagaio sem conhecimento de causa” finalizou Lygia.

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