O chester foi desenvolvido no Brasil a partir de uma linhagem escocesa ganhou características próprias, ciclo produtivo específico e tornou-se símbolo do Natal brasileiro.
O Chester é um dos produtos mais tradicionais da mesa brasileira no fim do ano, mas poucos consumidores sabem realmente o que ele é. Ao contrário do que muitos imaginam, o Chester não é uma espécie de ave, tampouco uma raça distinta. Trata-se de uma marca registrada da Perdigão, criada a partir de um frango geneticamente melhorado para oferecer maior rendimento de carne, sobretudo no peito e nas coxas — justamente as partes mais valorizadas pelo consumidor brasileiro.
A história do Chester remonta aos anos 1980, quando uma linhagem de frango originária da Escócia foi trazida ao Brasil com o objetivo de desenvolver um produto diferenciado e competitivo no mercado de fim de ano. O resultado foi um frango com proporção de carne muito superior ao frango comum, com características selecionadas ao longo de décadas de melhoramento genético.
A base genética do Chester veio de uma linhagem escocesa que já apresentava, naturalmente, maior volume de peito. No Brasil, essa característica foi intensamente trabalhada por especialistas em genética avícola, que buscaram maximizar o rendimento muscular sem o uso de hormônios, prática proibida e fiscalizada.
Ao longo dos anos, o modelo de criação foi refinado até que o produto alcançasse o padrão atual: peito mais largo, coxas maiores e proporção de carne acima da média. O nome, inclusive, reforça essa proposta — “Chester” vem de chest, que em inglês significa “peito”.
Enquanto o peru reinava absoluto como estrela da ceia de Natal, a indústria buscava alternativas que atraíssem consumidores em busca de praticidade, sabor e maior rendimento. O Chester surgiu justamente nesse contexto.
Seu desenvolvimento tinha um propósito claro: oferecer uma proteína com aparência sofisticada e carne abundante, mas com preparo mais simples e custo menor que o tradicional peru de Natal. A estratégia funcionou — e o Chester se consolidou como um dos produtos mais vendidos durante as festas.
A criação do Chester segue um manejo controlado. A produção é concentrada em regiões como Mineiros (GO), onde existe tradição e estrutura para aves de alta performance genética.
Entre as características do ciclo produtivo, destacam-se:
- Idade de abate de cerca de 50 dias, mais longa em comparação ao frango comum, permitindo maior desenvolvimento muscular.
- Foco na criação de machos, que apresentam rendimento superior; apenas eles recebem oficialmente o nome Chester no momento da comercialização.
- Alimentação balanceada, composta principalmente por milho e soja, sem o uso de hormônios ou substâncias proibidas.
- Acompanhamento genético e nutricional rigoroso, garantindo padrão uniforme de peso e rendimento.
Marca registrada
Por ser uma marca registrada da Perdigão, apenas os frangos produzidos dentro desse padrão zootécnico e sob controle da empresa recebem o nome Chester. A linhagem é mantida em sigilo industrial, como ocorre em outras cadeias de genética animal, preservando a exclusividade do produto.
A produção é limitada e concentrada em contratos específicos com granjas integradas, o que garante oferta exclusiva para o período de festas e contribui para a percepção de qualidade e valor agregado.
Mais de quatro décadas após sua criação, o Chester se consolidou como um ícone da ceia brasileira. Fruto de melhoramento genético, manejo especializado e estratégia comercial, ele se transformou em um dos principais produtos sazonais da indústria de alimentos.
Não é uma espécie, não é uma raça — é resultado de ciência, seleção e mercado, criado para atender o paladar do brasileiro e disputar espaço com o peru. E, ano após ano, segue conquistando protagonismo na mesa das famílias durante o fim de ano.
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