Abates despencam no Rio Grande do Sul

De acordo com o diretor-executivo do sindicato, Zilmar Moussalle, a queda de 36% ainda não provocou o fechamento de frigoríficos no estado, veja!

A alta no preço da carne bovina ao longo de 2020, com queda na renda e aumento no desemprego, trouxe redução no consumo e levou o número de abate de gado a cair de 11 mil animais/dia no final de 2019 para 7 mil no Estado, de acordo com o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicardegs).

De acordo com o diretor-executivo do sindicato, Zilmar Moussalle, a queda de 36% ainda não provocou o fechamento de frigoríficos, como ocorre em outras partes do Brasil, mas o cenário é preocupante. Há frigoríficos que sequer estão abatendo todos os dias, acrescenta o executivo.

“O preço da arroba sobe ao produtor, e muitos ainda estão aumentando o preço. Em cima tem que ir a margem da indústria e, depois, a do varejo, que não consegue mais vender as mesmas quantidades. E a roda trava e volta. Isso se agrava há mais de um ano”, diz Moussalle.

É fato que houve queda do consumo em eventos, churrascos familiares, de finais de semana e empresariais, por exemplo, alterando a rotina do mercado. Mas, de acordo com Antonio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), no entanto, a compra de carne de gado nos supermercados até aumentou, 12%.

Isso porque os consumidores que antes faziam refeições fora de casa agora cozinham na própria residência, na maior parte dos casos. Mas a busca nos refrigeradores do auto-serviço e nos açougues é por cortes mais baratos e, vale lembrar, tradicionalmente os supermercados do Rio Grande do Sul também se abastecem de carne bovina vinda de outros Estados, até mesmo do norte do País. Houve também aumento da procura por substitutos, como frango e suínos – neste último, de 30%, segundo a Agas.

As exportação de animais em pé a partir do Estado, de acordo com a Superintendência de Portos do Rio Grande do Sul, também teve retração entre 2019 e 2020. Neste período, os embarques passaram de 130,9 mil animais para 107,2 mil animais. A redução na média diária de embarques foi de 359 para 293 em 12 meses – uma queda de quase 20%.

Os abates gaúchos, aparentemente, estão sendo direcionados mais fortemente para as exportações, já que a carne bovina teve seus preços valorizados globalmente. A média mensal de carne de gado embarcada para o exterior em 2019 foi de 4,6 mil kg e passou para 7,6 mil kg em 2020 – avanço de mais de 60. Mas, para Federação da Agricultura do Estado (Farsul), há um sinal de alerta no campo.

Gedeão Pereira, presidente da entidade, avalia que pode estar havendo uma redução indesejada de gado no pasto. Além da demanda menor por parte do consumidor, o avanço da soja e sua lucratividade podem estar levado pecuaristas a reduzir o número de animais para privilegiar o cultivo do grão.

“E isto é preocupante, porque a pecuária é uma das atividades mais importantes para o Estado e segue sendo rentável, embora não possa rivalizar em ganhos com a soja nos patamares atuais”, acrescenta Gedeão.

Como o Rio Grande do Sul não está mais aplicando a vacina contra febre aftosa, os números precisos do rebanho gaúcho devem demorar um pouco mais a chegar ao setor. Gedeão explica que a Farsul aguarda esses dados para avaliar o tema com profundidade.

Uma das alternativas, antecipa o Gedeão, é incrementar o apoio técnico para que os produtores sigam fazendo a rotatividade entre pecuária e soja, e não a troca pura e simples de uma cultura pela outra. “Temos, sim, é que aprimorar o rodízio de atividades e não promover a substituição”, alerta Gedeão.

De acordo com a Emater, no Rio Grande do Sul o preço do boi gordo em 2019 estava em R$ 7,10 centavos o quilo, ante próximo de R$ 9,00 neste início de 2021 – incremento próximo de 25%. Já soja era comercializada com uma cotação de quase R$ 80,00 a saca, em média, no final de 2019 e hoje o preço pago ao produtor de soja supera os R$ 150,00 – alta de quase 100%.  

Com informações do Jornal do Comércio.

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