Animais e produtores “encurralados” pelo fogo

Produtores vivem com o medo de terem suas propriedades atingidas a qualquer momento pelos incêndios e, quem já enfrentou as chamas, sofre com a falta de alimento para os animais.

O avanço dos incêndios no pantanal mato-grossense aumentou a preocupação dos pecuaristas da região. Muitas pastagens foram destruídas e os produtores já não sabem se haverá alimento suficiente para dar o gado. “Tem fazenda que queimou 100% da área, mas a preocupação maior é que está ficando sem o pasto. O gado vai emagrecer e a hora que ele for procurar água, com as águas baixas, ele pode correr o risco de morrer atolado. A perda para o fazendeiro vai ser muito grande daqui para frente”, alerta Arlindo Márcio Morais, pecuarista em Poconé.

Essa situação desesperadora chamou a atenção do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que foi até a região de Poconé e fez um sobrevoo para avaliar a situação. Após conferir com os próprios olhos o resultado da passagem das chamas, ele conversou com a imprensa e prometeu ajudar a região.

“Vamos colocar R$ 10 milhões a mais só para essa operação. Quando nós fomos questionados pela bancada federal sobre o aumento da velocidade das queimadas, nós realocamos recursos”, disse Salles.

O ministro também elogiou a ação de produtores, inclusive com o uso de aviões para combater os incêndios. “Os proprietários de aeronaves utilizadas pelo setor agrícola podem e devem colaborar nessa tarefa de combate às queimadas”, disse.

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, também elogiou o empenho do setor produtivo no combate às chamas e prometeu punir os culpados. “Uma região de incêndio dessas, nós recuperamos imagens e vamos ter imagens que podem ter exatamente quando e onde o fogo começou”, disse.

Quem tem gado na região, conseguiu livrar com muito esforço os animais da chama, mas teme que falte alimento para o rebanho. “Não sabemos ainda o que vamos fazer, porque sem pasto, teremos que deslocar para outra área, mas está muito difícil achar área que não queimou”, disse o pecuarista Cristóvão Afonso da Silva.

O que se sabe até agora

A situação é crítica. O bioma enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos. O número de focos de calor contabilizados este ano pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais é 211% maior que no mesmo período de 2019 (considerando os registros em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Estima-se que só em Mato Grosso, o fogo tenha atingido mais de 350 mil hectares.

Presente durante a entrevista do ministro, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Normando Corral, comentou a fala e também ressaltou a importância dos produtores rurais. “Isso é uma demonstração clara de que os produtores rurais, tão criminalizados, estão aliados na prevenção e combate aos incêndios. Isso ficou muito claro! Não adianta exibir números de multas imputadas injustamente para o dono da propriedade, sendo que não foi ele o causador do incêndio”, destacou.

O cenário nas áreas atingidas pelo fogo é desolador. O rastro da destruição tinge de cinza a vegetação, as pastagens e muitos animais silvestres que também perderam a vida.

Carta ao Ministro

Durante a visita de Salles, produtores rurais, lideranças que representam o Pantanal Mato-grossense e o presidente do Sistema Famato, entregaram ao Ministro do Meio Ambiente uma carta com propostas para a região. As demandas visam estabelecer políticas de desenvolvimento, de sustentabilidade e de combate ao fogo na região. Entre os pedidos estão:

Alteração da Lei 9985, de 18 de julho de 2000, e/ou Decreto Regulamentador desta lei, denominada Lei do SNUC; diferenciação das taxas de regularização ambiental para as propriedades do Pantanal devido às peculiaridades da região; criação de programa de manejo do fogo para combater, controlar e prevenir os incêndios florestais; apoio e incentivo com recursos financeiros do Fundo Nacional do Meio Ambiente; criação de um Centro de Recebimento e Triagem de Animais Silvestre do bioma Pantanal em Poconé; criação do Programa Pantanal Mais para cumprir com o artigo 41 da Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, em que trata do pagamento por serviços ambientais.

Com informações do Canal Rural

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