Arroba bate recorde com indústria “sem boi” para China

A dificuldade das indústrias exportadoras em originar boiada gorda para exportação faz o mercado pagar ágio de até R$ 40/@ em relação ao boi comum!

O mercado físico de boi gordo registrou preços de estáveis a mais altos nesta terça-feira, 22, com os valores entre boi comum e boi china se distanciando cada vez mais. Além desse cenário, cresce também o diferencial de base entre as praças, quando comparadas a São Paulo.

Os frigoríficos que operam apenas no mercado doméstico encontram melhores condições para exercer pressão sobre o mercado, principalmente na região Norte. Na contramão deste cenário, o mercado exportador segue com grandes dificuldades em originar a matéria prima no campo, tendo que ofertar valores mais altos, com ágios que chegam a R$ 40,00/@ em algumas situações, conforme as consultorias apontaram em seus relatórios diários.

Animais padrão China seguem muito demandados no mercado brasileiro, favorecidos pelo recente aumento do preço médio pago pelos importadores chineses. “Assim, o aumento da rentabilidade média justifica as negociações que acontecem em patamar muito acentuado no início do ano”, assinalou Iglesias.

Atingindo um novo recorde de preços, o Indicador CEPEA/B3, apresentou alta 1,40% na comparação diária. Com isso, os valores da média paulista saltaram de R$ 343,60/@ para o patamar de R$ 348,40/@. Ainda segundo os valores divulgados, a variação mensal acumula queda de 1,34%. O valor representa uma variação positiva de R$ 14,50/@, quando comparado ao primeiro dia útil do mês de fevereiro.

“Há relatos de frigoríficos que já oferecem prêmios na casa dos R$ 40 por arroba em animais que seguem os padrões do mercado chinês, em relação ao valores do boi comum (destinado ao mercado doméstico)”, destacam os analistas da IHS Markit.

Com as exportações aquecidas, a referência para o macho terminado com menos de trinta meses está firme entre R$340,00/@ e R$350,00/@. Os pecuaristas de São João Da Boa Vista, em São Paulo, venderam lotes no valor de R$ 350,00/@ com prazo de 7 dias para pagamento e abate programado para o dia 02 de março.

Para as categorias que atendem o mercado interno, as cotações estão estáveis. Apesar do consumo interno fragilizado, a oferta reduzida de animais está dando sustentação às cotações. 

Dessa maneira, o boi comum vale hoje R$ 338/@ (valor bruto e a prazo) nas regiões de São Paulo,  informa a Scot. Por sua vez, a vaca e a novilha prontas para abate são negociadas a R$ 303/@ e R$ 330/@, respectivamente (preços brutos e a prazo).

Sendo assim, em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 346,45/@, na terça-feira (22/02), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 313,89/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 312,55@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 334,97@.

Oferta de animais e diferencial de base

Segundo a Safras, a partir de março, devem ser evidenciados avanços da oferta de animais de safra, o que pode resultar em alguma queda nos preços das boiadas, principalmente na segunda quinzena do mês.

Segundo avaliação do economista Yago Travagini, da Agrifatto, nas últimas semanas, os preços do boi gordo seguiram firmes em São Paulo, enquanto em demais regiões importantes de pecuária – como em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia –, os valores da arroba sofreram algumas quedas, porém, nada que justificasse uma tendência mais forte de desvalorização.

Tal movimento, diz Travagini, é explicado pelo fato de o mercado paulista abrigar um número grande de plantas habilitadas para exportação à China (47% dos frigoríficos existentes no Estado possuem unidades com este perfil).

Exportações miram recorde

As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 614,111 milhões em fevereiro (14 dias úteis), com média diária de US$ 43,865 milhões. A quantidade total exportada pelo país chegou a 110,488 mil toneladas, com média diária de 7,892 mil toneladas, valor 8% superior ao exportado em todo o mês de fevereiro de 2021. O preço médio da tonelada ficou em US$ 5.558,20.

Em relação a fevereiro de 2021, houve ganho de 70,2% no valor médio diário da exportação, aumento de 39,1% na quantidade média diária exportada e valorização de 22,4% no preço médio. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços e foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Com isso, em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 345.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 311.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 303.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 332 por arroba.
  • Em Goiânia, Goiás, a indicação foi de R$ 310 para a arroba do boi gordo.
Foto Divulgação

Atacado

Os preços da carne bovina seguem estáveis no atacado. Conforme Iglesias, o ambiente de negócios sugere por pouco espaço para reajustes no curto prazo, em linha com a reposição mais lenta entre atacado e varejo durante a segunda quinzena do mês, período que conta com menor apelo ao consumo. Além disso, o consumidor médio no Brasil segue optando por proteínas mais acessíveis, a exemplo da carne de frango e dos ovos de galinha.

O quarto traseiro ainda é precificado a R$ 23,70 por quilo. A ponta de agulha segue no patamar de R$ 14,30 por quilo. O quarto dianteiro permaneceu com preço de R$ 15,50 por quilo.

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