Arroba recua e cria cenário de prejuízo ao pecuarista

Os motivos da queda na arroba do boi gordo continuam sendo a desvalorização do dólar em relação ao real, escalas de abate confortáveis e pressão da indústria.

O mercado físico de boi gordo registrou preços de estáveis a mais baixos nesta quinta-feira, 31, fechando o mês de março com grande desvalorização e queda no patamar de preços pelas praças pecuárias. O mercado segue com perspectiva de queda no curto prazo, apontaram as consultorias pelo país. Arroba recuando e criando um cenário de prejuízo para o pecuarista no campo, já que os custos de produção seguem elevados!

Os frigoríficos ainda operam com escalas de abate mais bem posicionadas, que hoje atendem entre seis e sete dias úteis, em média. Além disso, a paridade cambial ainda é fator relevante para a formação de tendência de curto prazo. No atual cenário, com o aumento da oferta de animais oriundos da terminação a pasto e mercado interno patinando, as expectativas são de pressão negativa para a abertura do mês.

Com escalas de abate mais alongadas, os frigoríficos abriram as compras derrubando a cotação do boi, vaca e novilha gordos em R$2,00/@ no comparativo diário. Com isso, a referência para o boi gordo está em R$328,00/@, a da vaca gorda em R$290,00/@ e a da novilha gorda em R$326,00/@, preços brutos e a prazo, apontou a Scot Consultoria.

Os negócios para bovinos de até quatro dentes chegam até R$340,00/@, o mercado paga preços até mais altos, mas de forma pontual. A Agrobrazil, app parceiro do pecuarista, informou negociações pontuais para o mercado externo – bovino jovem de até 30 meses – na casa de R$349,00/@ em Presidente Epitácio, no estado São Paulo. Confira a imagem abaixo!

Sendo assim, em São Paulo, conforme supracitado, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 336,35/@, na quinta-feira (31/03), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 308,05/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 299,80@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 315,50@.

Indicador do Cepea despenca e bate a mínima dos últimos 60 dias

O Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, teve o seu preço despencando no último dia de março. O patamar de preço médio da arroba alcançou o seu pior valor dos últimos 60 dias, conforme o gráfico abaixo. Com uma desvalorização de 6,94% os preços saltaram de R$ 347,35/@ para R$ 323,35/@.

Tal cenário, ainda dentro dos valores do Cepea, não refletem a real situação das praças avaliadas e utilizadas para compor a média, o que deixa o pecuarista confuso e nos faz, mais uma vez, questionar os parâmetros adotados pela instituição.

Segundo os analistas da IHS Markit,  a arroba do boi gordo seguiu em patamares firmes em boa parte do período trimestral, mas nos últimos dias de março vem perdendo força em praças importantes do País, sobretudo em São Paulo e na região Centro-Oeste.

O viés baixista, diz a IHS, é resultado do aumento de oferta de animais gordos neste final de safra, além do menor interesse por parte dos frigoríficos compradores, que seguem bastante preocupados com o fraco escoamento da carne bovina no mercado doméstico, além do recuo do dólar frente o real, o que reduz a competitividade dos frigoríficos exportadores.

“Há um cenário de maior cautela nas compras de gado”, relata a IHS, que acrescenta: “Os pequenos lotes que surgem nos balcões de venda colaboram para manter as programações de abate adequadas para suprir os compromissos mais urgentes”.

Após os últimos recuos, o mês de março encerrou com o boi gordo se mantendo estável no mercado físico do estado paulista, onde a arroba seguiu sendo comercializada na média de R$ 330,00. Na B3 o contrato futuro com vencimento para mar/22, que encerrou ontem, foi liquidado à R$ 341,83/@.

O processo de valorização do real ante o dólar alterou completamente a dinâmica do mercado, fazendo com que os frigoríficos exportadores alterassem seu comportamento, exercendo pressão sobre os preços dos animais que cumprem os requisitos de exportação com destino ao mercado chinês.

Giro do boi gordo pelo Brasil

  • Em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 338 a arroba.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 301.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 310.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 320 por arroba.
  • Em Goiânia, Goiás, a indicação foi de R$ 312 para a arroba do boi gordo.

Atacado

No mercado atacadista, o dia foi de preços estáveis. Segundo Iglesias, o ambiente de negócios ainda aponta para maior propensão a reajustes durante a primeira quinzena do mês, considerando que além a entrada da massa salarial na economia também teremos em abril o feriado de Páscoa, que costuma promover o consumo de carnes.

“No entanto, esse movimento será limitado pela incapacidade do consumidor médio em absorver grandes reajustes da carne bovina no atacado”, ponderou Iglesias. O quarto dianteiro do boi foi precificado a R$ 16,40 por quilo. O quarto traseiro foi cotado a R$ 23,50 por quilo. A ponta de agulha seguiu com preço de R$ 15,50 por quilo.

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