Arroba vai a R$ 275,00 e prejuízo dispara, e a China?

Segundo analistas, o embargo chinês deve durar mais 20 dias, já que o país passa por uma crise; No Brasil, os pecuaristas estão vendo o prejuízo disparar!

O mercado físico de boi gordo voltou a se deparar com uma nova disparada na queda dos preços da arroba na abertura da semana, 04, nas principais praças de produção e comercialização do País. Os frigoríficos deixam de pagar o “Padrão China” e aproveitam para pressionar os pecuaristas que já estão amargando um grande prejuízo com a alta dos custos e a manutenção dos lotes no cocho!

Além do feriado prolongado no país asiático, é preciso ressaltar que há uma recessão na economia da China nesse momento. A queda no crescimento implica queda da demanda e os estoques chineses devem durar mais alguns dias. Para o professor de economia da Universidade Federal de São Paulo (USP), Celso Grisi, ele acredita que em pouco mais de 20 dias o país asiático deve dar uma resposta.

A praça paulista inicia a semana calma, com grande parte das indústrias fora das compras. As escalas de abate atendem a necessidade dos frigoríficos. Com isso as cotações do boi, vaca e novilha gordos estão em R$293,00, R$277,00 e R$293,00, nessa ordem, preços brutos e a prazo, apontou a Scot Consultoria em seu relatório diário.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 285,80/@, na segunda-feira (04/10), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 283,84/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 287,62/@.

No acumulado de setembro (até o dia 30), o Indicador CEPEA/B3 do boi gordo registrou baixa de R$ 21,15/@ nos últimos 30 dias de avaliação do Indicador. Trata-se da variação negativa mensal mais intensa desde janeiro de 2020, quando a queda no acumulado foi de 7,8%. A abertura dessa semana implicou em um novo recuo nos preços, com valor caindo 5,59%, atingindo a valor de R$ 286,55/@.

Um gráfico apresentado abaixo, onde são contabilizados o volume de animais negociados nesta abertura da semana, chama atenção para o tamanho dos lotes negociados, apontando que o pecuarista segue negociando seus animais para tentar “pagar as contas”, em um momento sem perspectiva de novas altas nos preços!

Cadê a China?

Nesta segunda-feira, 4, já completamos um mês da proibição de exportar carne bovina para a China, após dois casos atípicos de “mal da vaca louca” serem registrados em território brasileiro.

“Os preços ainda refletem o caso atípico de “mal da vaca louca”, registrado no início de setembro, isso deixou o mercado turbulento, com a China deixando de importar carne bovina do Brasil. O país asiático responde por 57% das compras, e isso levou a pressão nos preços”, destaca Agência Safras.

Segundo o analista, não há sinais de que a China vai reabrir, no curto prazo, o mercado para a carne bovina do Brasil. Diante disso, os preços seguirão em queda.

Até o momento, não há uma projeção oficial de quando a China irá reabilitar as importações do produto. No entanto, para o professor de economia da Universidade Federal de São Paulo (USP), Celso Grisi, os estoques chineses podem atingir seu nível mínimo em breve.

Ainda segundo ele, a suspensão das compras funciona como uma estratégia de mercado, fato que prejudica os pecuaristas brasileiros.

“Há uma recessão na economia da China nesse momento. Queda no crescimento implica queda da demanda e os estoques chineses devem durar mais alguns dias. Acredito que em pouco mais de 20 dias o país asiático deve dar uma resposta e retomar as exportações de carne bovina”, prevê Grisi.

O cenário se complica ainda mais diante do custo de produção, que está em um patamar elevado

“O pecuarista perdeu a capacidade de retenção de confinamento diante do custo maior. A chuva é um problema adicional, pois dificulta a retenção de animais no cocho. Com esse cenário, o pecuarista é obrigado a negociar esses animais, mesmo com preços mais baixos. É um cenário complicado, pois ninguém ganha com essa situação, nem frigoríficos e nem os pecuaristas”, finaliza Iglesias.

Exportação de carne bovina

Em setembro foram exportadas 187,0 mil toneladas de carne bovina in natura. O volume exportado superou agosto/21 e foi recorde para um mês (Secex).

Vale ressaltar que a exportação ao longo de setembro refere-se à produção anterior à suspenção dos embarques à China (3/9) e, ao analisarmos os dados semana a semana, vemos o volume médio diário embarcado regredindo até a última semana do mês.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Em São Paulo, capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 280 na modalidade à prazo, ante R$ 290 na sexta-feira.
  • Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 275.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 280, contra R$ 284.
  • Em Cuiabá, o valor foi de R$ 279, contra R$ 280.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 280 a arroba, contra R$ 287.

Atacado

Já os preços da carne bovina ficaram estáveis no atacado. A expectativa é que mesmo durante a primeira quinzena do mês não haja grande espaço para reajustes, considerando o ambiente bastante complicado em meio ao impedimento de exportar para a China.

“O temor ainda é pela necessidade de desovar a carne estocada em câmaras frias ou portos no mercado doméstico, o geraria forte queda dos preços da proteína animal e por consequência no restante da cadeia pecuária”, assinalou o analista.

O quarto dianteiro seguiu precificado a R$ 21,25 por quilo. Quarto dianteiro ainda é cotado a R$ 15,80. Ponta de agulha segue precificada a R$ 15,70, por quilo.

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