Cafeicultura Regenerativa é Tendência Global

A cafeicultura brasileira desponta como líder nessa tendência, pois já dispõe de muitas boas práticas, alinhadas à agricultura regenerativa.

Os principais desafios da economia global podem ser resumidos à necessidade de equilibrar a mitigação das mudanças climáticas, a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade com a garantia de segurança alimentar e a regularidade de oferta de energia e matérias-primas sustentáveis para a manutenção dos processos produtivos.

Traduzindo essas preocupações, consumidores e investidores exigem cada vez mais sustentabilidade e transparência em relação a critérios e ações de governança socioambiental (ESG) adotados pelos agentes econômicos. Adicionalmente, são crescentes as proposições legislativas, em importantes mercados de destino dos cafés do Brasil, abrangendo incentivos locais e regulações com impacto global em direção a processos produtivos mais sustentáveis e ao monitoramento obrigatório de riscos sociais e ambientais em cadeias de fornecimento agroalimentares.

As grandes multinacionais do setor agroalimentar, atentas à crescente demanda dos consumidores por alimentos e bebidas saudáveis e sustentáveis e aos riscos ao abastecimento de matérias-primas devido às irregularidades climáticas, estão aderindo à agricultura regenerativa como estratégia de sustentabilidade. De acordo com o artigo Agricultura regenerativa: Brasil já larga na frente em nova tendência global, PepsiCo, Nestlé e Unilever priorizam esse modelo produtivo, estabelecendo metas de fornecimento ou sinalizando investimentos para conversão dos sistemas adotados pelas fazendas fornecedoras.

O conceito de agricultura regenerativa, embora ainda em desenvolvimento, está associado à economia circular, pois visa à otimização do sistema produtivo, garantindo uso e recuperação inteligente dos recursos naturais e minimizando o uso de recursos não renováveis.

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A cafeicultura brasileira desponta como líder nessa tendência, pois já dispõe de muitas boas práticas, alinhadas à agricultura regenerativa, que geram impactos positivos nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, qualidade do ar e da água, captura de carbono e promoção da biodiversidade.

Como exemplo, cabe citar o recente estudo promovido pelo Cecafé, com condução científica do Prof. Carlos Cerri (Esalq/Usp) e do Imaflora, que avaliou o impacto da transição de práticas convencionais, em fazendas de café, para aquelas que aportam mais matéria orgânica no solo e mantém este sob cobertura vegetal. O resultado destaca a magnitude do serviço ambiental associado aos Cafés do Brasil, pois foi obtido um balanço negativo de carbono da ordem de 10,5 t CO2eq/ha de café cultivado.

A ciência ocupa um papel central na geração de conhecimento e de tecnologias para a evolução contínua em direção a uma cafeicultura ainda mais sustentável e regenerativa. Soluções inteligentes, para que seja alcançada mais resiliência aos principais problemas fitossanitários dos cafezais e aos eventos climáticos extremos, estão sendo buscadas pela rede de pesquisa brasileira.

Merece destaque o sequenciamento do genoma do bicho mineiro do cafeeiro (Leucoptera coffeella), inseto responsável por comprometer a qualidade dos grãos e de gerar perdas de até 70% da produção. A partir do conhecimento da sequência genômica da praga, será possível o uso de ferramentas genéticas e de bioprodutos capazes de reduzir ou substituir inseticidas químicos nas lavouras cafeeiras.

Outro avanço científico de grande importância para o setor é a aplicação da técnica de seleção genômica ampla (genome-wide selection, ou GWS, na sigla em inglês) permitindo que o melhoramento genético do cafeeiro se torne mais ágil e eficaz. Com aplicação da biotecnologia, é possível identificar materiais que possuem em seu DNA genes favoráveis à expressão de características desejáveis, como maior tolerância a ataques de pragas e doenças e a eventos climáticos extremos, disponibilizando novas cultivares ao segmento produtivo com mais rapidez.

É fundamental que os conhecimentos científicos, tecnologias e boas práticas alinhadas ao conceito de agricultura regenerativa cheguem a um número cada vez maior de cafeicultores. Nesse sentido, o Cecafé está modernizando seu Programa Produtor Informado e, em breve, disponibilizará uma plataforma de ensino à distância (EAD) para fortalecer a governança socioambiental na cafeicultura brasileira, bem como a inclusão digital de comunidades cafeeiras.

Em alinhamento às tendências globais, desenvolvendo atividades de promoção da imagem e mantendo a governança socioambiental na temática central de sua agenda, o segmento exportador atua permanentemente para que os Cafés do Brasil continuem na vanguarda da sustentabilidade do setor cafeeiro global.

Fonte: Cecafé

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