Caminhoneiros traídos confirmam nova GREVE

“70% da categoria acreditou nas propostas do governo e se considera traída por [Bolsonaro] não ter cumprido”, afirmou em entrevista o diretor da CNTTL!

O cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, a aposentadoria especial a partir de 25 anos de trabalho e a mudança na política de preços da Petrobras para combustíveis são as três principais reivindicações dos caminhoneiros ao governo federal para evitar uma paralisação nacional em 1º de novembro, segundo representantes da categoria.

O diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), Carlos Alberto Litti Dahmer confirmou que os caminhoneiros devem parar a partir do dia 1 de novembro. Segundo ele, o governo federal não atendeu demandas de setor e hoje a categoria se sente “traída”.

Chorão menciona que outras organizações da sociedade civil, como trabalhadores de outros setores, podem aderir à greve. “Estamos fechando alianças com outros segmentos. A pauta do combustível não é só dos caminhoneiros”, disse Chorão.

Dias cita possível adesão de representações estaduais dos Sindicatos do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindicombustíveis), que representam revendedores de combustíveis. “O presidente do sindicato do Rio de Janeiro demonstrou interesse e vai conversar com outros estados para pararem dia 1º também”, afirmou Dias.

“70% da categoria acreditou nas propostas do governo e se considera traída por [Bolsonaro] não ter cumprido”, afirmou em entrevista ao site Poder 360 neste domingo (17).

Dahmer faz questão de dizer que a paralisação não é política, e sim econômica. Os caminhoneiros reivindicam a “defesa da constitucionalidade do Piso Mínimo de Frete” o retorno da aposentadoria especial após 25 anos de contribuição ao INSS e a redução do preço do diesel.

“Nós estamos a favor da categoria. É que às vezes se confundem que estar a favor da categoria é estar contra governo”, afirmou. “Mas a necessidade e a urgência daquilo que estamos pedindo vai ser maior que esses movimentos que alguns em sua minoria vão tentar fazer”, completou.

Foto Divulgação
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Na pauta política, mesmo observando “somente retrocessos”, diz que o governo foi eleito e “vai cumprir o mandato”. “Nós não somos favoráveis de forma alguma ao golpe. Foi eleito, vai cumprir o mandato. Se bem ou por mal, são as urnas que vão definir”, disse o líder caminhoneiro. 

Já na pauta econômica, as frustrações são nítidas. Segundo ele, nenhuma das professas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro foi cumprida. “Já se passaram 3 anos de mandato desse governo e nada foi feito, a não ser tentar retirar o que já foi conquistado”, afirmou.

“Há pautas que tem a ver com o governo federal, como o preço [do combustível] e a política que está sendo adotada pela Petrobras. A política de preços interfere não só para nós caminhoneiros, interfere para a sociedade brasileira. Todo o povo brasileiro está pagando uma conta de uma política equivocada. Porque o preço de paridade internacional, levando o barril no preço internacional, não diz com a realidade daquilo para que foi criada a Petrobras por Getúlio Vargas, ou seja, ter uma função social. Governos passam, mas a Petrobras deve permanecer. É um crime acabar com a maior empresa pública que nós brasileiros temos”, declarou.

Porto de Santos

O  Porto de Santos deve ser o mais afetado pela greve dos caminhoneiros. O porto é o mais importante do Brasil e o maior complexo portuário da América Latina. 

Luciano Santo, presidente o Sindicam (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira) prometeu concentrar os esforços da greve na região. 

“Se não houver resposta concreta [do governo] em cima dos direitos dos caminhoneiros autônomos, no dia 1º de novembro o Brasil todo [ficará] parado, principalmente Santos”, disse ele, segundo o Broadcast Agro, serviço do jornal O Estado de S. Paulo.

Após reunião no Rio de Janeiro, o grupo anunciou uma nova paralisação caso suas reivindicações não sejam atendidas pelo governo federal, entre umas das principais está a queda do preço do diesel. No encontro, associações de motoristas decidiram declarar “estado de greve” de 15 dias caso as reivindicações não sejam ouvidas. As informações foram publicadas pelo ‘portal uol’.

Mesmo assim, Dahmer avisa que não vai paralisar a importação de insumos médicos e de combate à covid-19. “Se nós estamos lutando para nossa sobrevivência, nós não podemos restringir a vida de ninguém”.

Amplo apoio

O grupo que decidiu pelo estado de greve foi conta com a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), o CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas) e com a Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores). 

A greve não é apoiada pela Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros). Os grupos de caminhoneiros autônomos têm ensaiado novas paralisações desde o primeiro semestre, em meio a reivindicações de direitos para os motoristas independentes e diminuição do preço do diesel.

Principais reivindicações  dos caminhoneiros

  • Redução do preço do diesel e revisão da política de preços da Petrobras, conhecida como Preço de Paridade de Importação (PPI);
  • Constitucionalidade do Piso Mínimo de Frete;
  • Retorno da Aposentadoria Especial com 25 anos de contribuição ao INSS e a inclusão do desconto do INSS pago pelo caminhoneiro (PL2574/2021) na Lei do Documento de Transporte Eletrônico;
  • Aprovação do novo Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas (PLC 75/2018);
  • Aperfeiçoamentos na proposta do Voto em trânsito no Senado.
  • Melhoria e criação de Pontos de Parada e Descanso (Lei 13.103/2015) entre outras medidas;

Próximo encontro

As entidades representativas — CNTTL, ABRAVA e o CNTR — darão continuidade à organização das lutas dos caminhoneiros e realizarão o 3º Encontro Nacional no dia 20 de novembro, em Porto Alegre.

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