China já controla Hong Kong e pode usar força em Taiwan, ameaça Xi Jinping

Ao focar em expansão militar e unidade nacional, o líder falou pouco de economia, a maior preocupação de empresas, governos locais e população.

Na abertura do 20.º Congresso do Partido Comunista da China, o presidente Xi Jinping fez um discurso com foco em segurança, uma de suas maiores preocupações após tensão recente no Estreito de Taiwan. Ele disse que pretende controlar totalmente a ilha autônoma, assim como fez com Hong Kong, e reiterou seu objetivo de uma reunificação pacífica, sem abrir mão do uso da força caso veja necessidade.

“Tentaremos buscar uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e os maiores esforços, mas nunca nos comprometeremos a abandonar o uso da força”, afirmou.

Comparando a situação com a de Hong Kong, ele defendeu a repressão a um movimento pró-democracia na região, dizendo que o partido ajudou a ex-colônia britânica a entrar em um novo estágio no qual “se restaurou a ordem”.

Segundo analistas, Xi reforçou o último livro branco do Partido Comunista, que transformou Taiwan em questão chave. O documento de agosto foi o terceiro publicado – o primeiro foi em 1993 e o último, em 2000. Em ambos, a China prometia não enviar tropas ou funcionários à ilha, compromisso revogado este ano.

“As forças internacionais transformaram a questão de Taiwan em assunto internacional, o que a China sempre relutou em admitir”, disse Chen Chien-fu, professor do Instituto de Pós-Graduação de Estudos da China da Universidade Tamkang.

Militarismo da China

Com o segundo maior orçamento militar do mundo depois dos EUA, a China tenta ampliar seu alcance desenvolvendo mísseis balísticos porta-aviões e postos avançados no exterior. “Trabalharemos mais rápido para modernizar a teoria militar, pessoal e de armas”, disse Xi Jinping. “Vamos melhorar as capacidades estratégicas dos militares.”

Ao focar em expansão militar e unidade nacional, o líder falou pouco de economia, a maior preocupação de empresas, governos locais e população. Há uma queda acentuada na segunda maior economia do mundo, agravada por tensões com Washington e vizinhos asiáticos sobre comércio, tecnologia e segurança.

O líder se limitou a dizer que o Estado deve desempenhar um papel maior na gestão econômica e prometeu um “desenvolvimento focado na economia doméstica”, sem detalhes. Em uma análise do discurso, o New York Times observou que o líder se preocupou mais em elogiar o marxismo do que tratar dos mercados, o que tendia a ser um dos pilares de seus antecessores.

Xi defendeu sua controvertida política de covid zero, frustrando esperança de que a medida, que tenta eliminar as infecções por coronavírus com bloqueios rigorosos, termine nos próximos meses.

Os planos do partido preveem uma sociedade próspera até meados do século e a restauração do papel histórico como líder político econômico e cultural. Pequim expandiu sua presença no exterior, incluindo a iniciativa multibilionária da Nova Rota da Seda para construir portos e outras infraestruturas na Ásia e na África.

Perspectiva de Xi Jinping

Xi Jinping, nomeado para o cargo em 2012, deve receber um terceiro mandato de cinco anos no final da reunião, descartando o precedente de transição regular e consolidando um retorno à regra do homem forte, semelhante à era de Mao Tsé-tung.

“Xi Jinping pretende não apenas um terceiro mandato, mas também um quarto mandato”, disse Willy Wo-Lap Lam, membro sênior do think tank Jamestown Foundation. “Ele tem mais 10 anos para escolher seu sucessor.”

A reunião terminará até o fim da semana quando os delegados aprovarem o relatório de Xi e mudanças na constituição do partido e escolherem um novo Comitê Central. O comitê então se reúne e nomeia um novo Politburo de 25 membros e o Comitê Permanente de sete membros, que é o centro do poder. Os observadores esperam para ver quem será promovido para se juntar a Xi no Politburo e se isso trará a ele qualquer desafio ou sinais de um possível sucessor leal.

Fonte: Estadão Conteúdo

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