China voraz garante R$ 350/@, preços vão subir?

A forte demanda na exportação, com a China pagando mais pela carne bovina brasileira, faz com que a esperança de alta nos preços chegue junto com o Carnaval!

O mercado físico do boi gordo abriu a terceira semana de fevereiro como de costume, com preços firmes e estáveis nas principais praças pecuárias pelo pais. As indústrias buscam avaliar suas estratégias de compras aliadas ao consumo do fim de semana no mercado interno. Já para aquelas que operam no mercado externo, a China, principal importador do Brasil, que leva bons volumes e praticamente todos os cortes, acordando do feriado do Ano Novo Lunar para repor seus estoque.

Segundo Douglas Coelho, da Radar Investimento, após uma primeira quinzena de fevereiro com mercado andando de lado, com preços da arroba bovina girando em torno dos R$ 340,00, o setor deve continuar com preços sustentados nesta virada para a segunda metade do mês. O cenário de expectativa de novas altas esta atrelado ao fato de que as exportações tem bons resultados neste início de fevereiro, além do feriado de Carnaval, que ajuda a impulsionar as vendas de carne bovina.

Boa parte dos compradores não abriram ofertas de compra pela manhã (14/2) e poucos negócios foram reportados. Com isso, a referência para a arroba do boi, vaca e novilha gordos ficou estável frente à última sexta-feira (11/2), negociados, respectivamente, por R$337,00/@, R$303,00/@ e R$327,00/@, nessa ordem, preços brutos e a prazo.

O ágio para bovinos com destino à exportação chega a R$ 25,00/@, segundo as negociações informadas para a data de ontem. Com isso, os pecuaristas de Casa Branca, em São Paulo, venderam lotes no valor de R$ 350,00 ( R$ 325,00 + R$ 25,00/China), com pagamento à vista e abate programado para o dia 25 de fevereiro.

Antes de mais nada, é preciso pontuar sobre o diferencial de base entre os estados brasileiros, com os preços seguindo caminhos distintos entre as praças. Um verdadeiro “bloco de carnaval” é observado quando comparamos São Paulo com Mato Grosso, São Paulo com Rondônia e etc. Em Rondônia, os preços preocupam os envolvidos no setor, já que a arroba do boi gordo é uma das mais baratas do país, precificada em R$ 285,00/@.

Esse cenário mostra que o “Tigre” faminto na China vai fazer arroba disparar, será? Ao que tudo indica, SIM. A retomada da China as compras e o término das festividades do Ano Novo Lunar, no dia 10, devem impulsionar ainda mais a demanda pela carne brasileira. Aliado a baixa oferta de animais, devemos observar uma nova alta para os preços da arroba ao longo deste mês.

Sendo assim, em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 339,26/@, na segunda-feira (14/02), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 310,74/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 315,21@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 313,24@.

Na B3, a segunda-feira foi de queda para os futuros do boi gordo e o vencimento fev/22 fechou o dia precificado em R$ 340,95/@, recuo de 0,26%. De um lado há uma oferta de fêmeas nas principais regiões de cria que está mais nítida agora, e do outro lado há a China, principal importador do Brasil, que leva bons volumes e praticamente todos os cortes, acordando do feriado do Ano Novo Lunar para repor seus estoques. 

Exportações em ritmo de alta

Com uma média de 6,76 mil toneladas embarcadas diariamente, as exportações de carne bovina in natura da última semana ficaram em 33,79 mil toneladas, um recuo de 14,79% no comparativo com a primeira semana do mês. Os nove dias úteis do mês corrente já totalizam 73,45 mil toneladas da proteína bovina enviadas para fora do país, 63,26% a mais que no mesmo período do ano passado.

“A gente tem visto um crescimento bom do preço médio pago pelo produto, a China está pagando bem, cerca de US$ 6.250,00, enquanto a média dos outros principais mercados é de US$ 4.072 mil. A impressão que fica é que depois do embargo, ficou uma lacuna de oferta na China”, segundo o analista da SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

Já o preço pago por tonelada, US$ 5.504,426 neste fevereiro, é 21,3% superior ao praticado em fevereiro passado. O resultado, frente ao valor atingido na semana anterior, representa leve alta de 1%.

Pecuarista resistindo na oferta de animais para abate

Neste momento, os pecuaristas também estudam as melhores estratégias para venda de seus lotes de animais terminados.

Muitos produtores seguram a boiada no pasto, à espera de melhores condições de preços, já que os custos de produção seguem elevados, relata a IHS Markit. Em algumas regiões, a boa qualidade das pastagens favorece essa retenção dos animais nas fazendas, dificultando bastante as operações dos frigoríficos que desejam avançar com as suas escalas de abate.

“Muitas indústrias registram dificuldade em adquirir lotes mais volumosos de boiadas gordas”, relatam os analistas.

Além disso, há regiões onde há forte escassez de animais terminados, o que impede os frigoríficos de estender as suas escalas de abate adequadamente, ressalta a IHS Markit.

Situações opostas nos mercados do boi gordo e grãos

Mercado atacadista de carne com osso

Com volume de vendas razoável, as cotações das carcaças casadas mantiveram-se firmes na comparação semana a semana. Com isso, a carcaça de bovinos inteiros ficou cotada em R$19,65/kg, alta de 3,2% nos últimos sete dias, ao passo que a carcaça de bovinos castrados permaneceu estável, cotada em R$21,00/kg.

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