Confinamento de 25.000 cab de gado é destaque, vídeo!

Em uma propriedade em Estrela D’oeste (SP), a alimentação dos animais é programada em computador por um zootecnista e um software libera a quantidade necessária de ração.

A Fazenda Turbilhão tem como sua atividade principal o confinamento, com uma estrutura estática para 25.000 animais, projeções para abater nos próximos anos de 80 a 90 mil animais e uma estrutura nova, com maquinários de última geração, específicos para as atividades. Os animais são 100% rastreados pelo SISBOV, o que certifica a propriedade para a comercialização na União Europeia.​

Na propriedade, a alimentação dos animais, por exemplo, é programada em um computador por um zootecnista. E, em cada piquete, há um sensor: um leitor no caminhão, onde é carregada a comida, consegue enxergá-lo e, assim, passar as informações para um software que libera a ração. Um confinamento de gado está tendo bons resultados ao investir em tecnologia e automação, no município de Estrela D’oeste, em São Paulo.

O confinamento é uma das formas de produzir carne em que os animais são criados no campo e, nos últimos três meses de vida, vão para um espaço pequeno, onde recebem alimentação no cocho, o que acelera o processo de engorda.

Este setor está em um bom momento. Com a arroba batendo recordes de preço, aumentou também o número de confinamentos no país. Em2020, foram mais de 6 milhões de cabeças engordadas a cocho, 6% a mais do que no ano anterior.

A seguir, conheça as etapas de produção do confinamento:

Troca de pasto por ração

A primeira preocupação do confinamento de Estrela D’Oeste é com a adaptação dos animais recém-chegados. Assim que eles chegam, é feita uma troca da pastagem pelo alimento servido no cocho.

Essa ração tem soja, milho, um combinado de sais minerais e muito feno, que é o capim seco, também chamado de volumoso. Ele é uma importante fonte de fibra na dieta dos bovinos, ajudando na digestão.

“Hoje nós utilizamos uma dieta de adaptação por um período de 21 dias”, diz o zootecnista Fernando Parra.

Em um segundo momento, a quantidade de feno diminui e aumenta a porção de produtos que dão energia, como o milho.

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Eficiência alimentar

Com as etapas acima, o confinamento consegue melhorar a eficiência alimentar dos animais, que é a divisão do ganho de peso diário pela quantidade de ração consumida.

Se um boi, por exemplo, tem um ganho de 2 quilos por dia e come 10 quilos de ração, a conversão alimentar é de 0,2 quilos, ou seja, o animal transforma 20% do que ele come em carne. Quanto maior for esse resultado, maior a eficiência alimentar e o resultado financeiro do confinamento.

A dieta dos animais também é programada por um zootecnista em um computador.

“O programador da pá faz os carregamentos por meio de um tablete. Ele não precisa fazer nenhuma anotação. Aí essa dieta é misturada no misturador. Quando ela ficar pronta é carregada no caminhão”, diz Parra.

O confinamento possui a sua própria Fábrica de ração com:

  • Dois misturadores estáticos para a produção das dietas;​
  • Media de produção diária de mais de 300 toneladas de ração;​
  • Gerenciamento das fábricas, através de um Software integrado com o escritório;​
  • Fabricações vinculadas a lotes de batidas, que são integradas com os carregamentos de caminhões e posteriormente rastreadas para saber em que curral foi distribuído;​
  • Rastreamentos das batidas, operadores, erros e acertos em tempo real;​
  • Zootecnista (quem gerencia o setor);​
  • Formulações de Dietas;​
  • Análise de eficiência da Fábrica e do Ambiente.​

GPS e sensor

A comida vai do caminhão direto para o cocho. Tudo controlado por computador e GPS.

E cada piquete tem um sensor: um leitor no caminhão consegue enxergá-lo e, assim, passar as informações para o software que libera a quantidade necessária de ração para o gado.

No confinamento, há 140 piquetes com 200 cabeças cada. O piso é de terra batida, com desnível para drenagem da água da chuva. A cerca é feita com palanques de madeira e cabo de aço. A ração é servida de 3 a 5 vezes ao dia.

A preferência é por fêmeas e machos das raças nerole, angus e cruzamento industrial, que é a mistura de raças europeias com as zebuínas.

O gado vem de criadores selecionados que recebem um bônus a mais para vender só para o confinamento.

Logística de Trato

São dois caminhões novos e dois reservas, tratadores com tempo consideráveis de trabalho. O Sistema de trato também é gerenciado através de automação utilizando o mesmo software da Fábrica. Os previstos, logísticas e tipo de ração são todos monitorados pela integração e enxergado através de telas interativas que ficam instaladas nos interiores dos veículos. Em cada curral do confinamento possui instalações de chips leitores, o que possibilita o​caminhão ao passar em frente, identificar o curral, a dieta que precisa ser distribuída e a​quantidade, posteriormente isso já é enxergado no escritório.​

O setor também é gerenciado pelo Zootecnista, que é responsável por gerar as previsões de​trato diários através de análises individuais e minuciosas de cada lote do confinamento.​

Manejo e bem-estar

Outra preocupação do confinamento de Estrela D’Oeste é com o manejo.

“Aqui a gente excluiu a corda. A gente não laça animais. A gente trabalha com o bem-estar animal. Ele tem que ficar dentro do seu curral, da sua baia”, diz o veterinário João Marcos da Silva.

“Vêm os rondeiros, é localizado esse animal, tira para fora e é levado para a enfermaria e, lá, ele é medicado”

Os rondeiros são os peões que passam diariamente por todo o confinamento verificando animal por animal.

“Tem animal que não está indo na vasca d´agua, por isso que o rondeiro tem que fazer aclimatação do curral: entrar, levantar todos os animais todos os dias de duas a três vezes ao dia. Aclimatar esse curral, levar o animal pra conhecer esse ambiente que ele está chegando agora.

Outra medida para ajudar no bem-estar dos animais é diminuir a poeira no confinamento. Isso ajuda a evitar também a pneumonia comum no período de seca. Esse caminhão com aspersores percorre os corredores do confinamento, molhando as estradas.

Ações simples

Por outro lado, o zootecnista Fernando Parra afirma que tecnologia nem sempre é sinônimo de alto custo para o criador.

“Quando a gente fala em tecnologia, tem muitas ações simples que o pequeno [criador] também pode fazer. Um exemplo é fazer uma leitura de cocho de manhã. Fazer uma boa limpeza de bebedouro, que é um controle, Muitas vezes não precisa ser um software, mas um papel, uma anotação bem feita, trabalhar os dados”, diz Parra.

Entrevista feita pela Rede Globo:

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