Descubra como a genética asiática enfrenta calor, frio e altitude. Conheça as raças de gado mais rústicas da Ásia e sua importância para o futuro da pecuária.
A geografia da Ásia é dura, variando das estepes congeladas da Sibéria aos desertos quentes da Índia. Ali, sobreviver não é sorte, é adaptação na raça. Para entender o futuro da pecuária com o clima mudando, é fundamental que você conheça as raças de gado mais rústicas da Ásia.
Esses animais vivem onde o gado comercial comum não aguentaria; eles mantêm o peso e a produção sob pressão extrema. A rusticidade aqui é mais que resistência básica: é uma mistura fina de genética e carcaça que permite prosperar com pasto ruim e clima severo. Ao investigar o tema, conheça as raças de gado mais rústicas da Ásia divididas pelo ambiente onde vivem: os especialistas do calor, os sobreviventes do gelo, os mestres da altitude e os guerreiros da umidade.
Zebuínos da Índia: O gado que aguenta o calor de 48°C
Índia e Paquistão são o berço do Bos indicus. Lá, as temperaturas passam de 48°C e a carga de carrapatos é alta. É nesse ambiente que conheça as raças de gado mais rústicas da Ásia na sua forma mais resistente ao sol.

- Ongole (O Pai do Nelore): Vem de Andhra Pradesh e é a base da pecuária brasileira. O corpo dele funciona a favor do produtor: o pelo branco reflete o sol, enquanto a pele preta por baixo protege contra queimaduras e câncer. Além disso, eles têm um metabolismo econômico, gerando menos calor interno.
- Kankrej (Guzerá): Do deserto de Kutch, tem cascos duros como ferro e um andar que poupa energia. Ele concentra a urina para economizar água muito melhor que raças de leite, mantendo a fertilidade mesmo na seca brava.
- Sahiwal e Red Sindhi: Provam que gado rústico também dá leite. O Sahiwal, com média de 2.270 kg por lactação, tem muitas glândulas de suor, o que esfria o animal sem derrubar a produção.
Conheça as raças de gado mais rústicas da Ásia que vivem no gelo
O sul queima, o norte congela. Na Mongólia e Sibéria, a temperatura varia muito durante o ano. As raças de lá criaram defesas opostas aos primos do calor.
O Gado Sanhe e o Mongol funcionam com um metabolismo feito para o frio. Estudos mostram que, no inverno, esses animais usam as próprias reservas para gerar calor. Eles operam num “efeito sanfona” natural: ganham gordura rápido no verão curto e queimam no inverno, perdendo peso de forma controlada sem adoecer.
Já o Kazakh Whiteheaded (cruzamento de gado nativo com Hereford) mantém o hábito de escavar a neve para achar pasto seco, exigindo pouca ajuda no cocho onde outros morreriam de fome.

Gado de altitude: O segredo de quem vive onde falta ar
No Planalto Tibetano, acima de 4.000 metros, o problema é o ar rarefeito. Aqui, a rusticidade exige um coração forte e circulação eficiente.
- O Iaque (Bos grunniens): É uma espécie diferente. O coração dele é enorme, representando 1,18% do peso do corpo (no gado comum é só 0,39%). As artérias do pulmão são finas para evitar pressão alta causada pela altitude. Sem suor, eles guardam calor, mas sofrem se passar de 15°C.
- Gado Tibetano e Híbridos: A natureza selecionou genes que aproveitam melhor o oxigênio e controlam a espessura do sangue, evitando problemas de circulação.

As mais rústicas da Ásia resistentes a doenças
No sudeste asiático, o desafio é a umidade extrema e as doenças tropicais.
O Gado Bali (Bos javanicus), descendente do Banteng selvagem, tem fertilidade alta mesmo em pasto fraco. Diferente do Zebu, resiste muito a carrapatos, mas tem sensibilidade a alguns vírus locais.

No Vietnã, o Gado Vang desenvolveu uma defesa rápida. Se um carrapato pica, a pele reage na hora, impedindo o parasita de comer e se reproduzir.
A explicação biológica: Por que eles são tão duros na queda?
Para entender por que você deve olhar de perto e conheça as raças de gado mais rústicas da Ásia, veja o que a ciência diz sobre a carcaça deles:
- Pele Eficiente: Zebuínos têm glândulas de suor 2,5 vezes maiores e mais superficiais que raças europeias. Suam mais e mais rápido.
- Aproveitamento de Proteína: Raças rústicas reciclam a ureia do sangue de volta para o rúmen com mais eficiência. Isso alimenta as bactérias da digestão, permitindo que o animal transforme palha seca em músculo.
- Defesa Natural: A resistência a parasitas não é acaso, é genética que ataca a inflamação e protege a pele.
A vantagem de cada raça
Abaixo, um resumo direto para quem quer resultado:
| Raça / Grupo | Onde vive | O grande trunfo | Principal Aptidão |
| Ongole | Calor seco | Pele preta/pelo branco, saúde de ferro. | Carne, Tração |
| Sahiwal | Calor seco | Produz leite no calor, pouco carrapato. | Leite (Alta gordura) |
| Sanhe | Frio extremo (-50°C) | Engorda rápido no verão para aguentar o inverno. | Carne e Leite |
| Iaque | Altitude | Coração grande, sangue rico em oxigênio. | Carne, Leite, Transporte |
| Gado Bali | Calor úmido | Preenhe bem com pouco pasto, carcaça limpa. | Carne |
A rusticidade da Ásia não é uma coisa só. Do gado que recicla proteína no deserto ao que aproveita o oxigênio no Himalaia, essas raças têm as respostas para o clima de hoje. Quando você conheça as raças de gado mais rústicas da Ásia, entende que preservar essa genética — muitas vezes esquecida por raças “de vitrine” — é o que garante a produção de carne e leite no mundo todo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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