Força, fúria e tradição: Conheça as raças de touros desenvolvidas especialmente para as arenas da tourada, sua origem e principais características.
Embora seja uma prática amplamente debatida e cada vez mais restrita por questões de bem-estar animal, a tourada ainda é uma tradição cultural enraizada em países como Espanha, Portugal, França e algumas regiões da América Latina, como México, Colômbia e Peru. Nessas localidades, o touro de lide – ou “toro bravo” – é a figura central do espetáculo, e seu comportamento agressivo, postura imponente e força são fruto de séculos de seleção genética. Não é qualquer touro que entra em uma arena: apenas raças desenvolvidas com o propósito específico da tourada são escolhidas para esse papel.
A criação de touros para tourada exige um rigoroso controle genético, onde temperamento, morfologia, velocidade, resistência e comportamento diante de situações de estresse são criteriosamente avaliados. Esses animais não são domesticados como gado de corte ou leite – ao contrário, são mantidos em regime extensivo, em ambientes naturais, justamente para preservar sua rusticidade e instinto selvagem.
A seguir, conheça as principais raças de touros utilizadas nas touradas, com destaque para suas origens, características morfológicas e comportamento.
1. Touro Bravo Espanhol (Toro de Lidia)
A mais emblemática raça de touro de tourada do mundo, o Toro de Lidia, também conhecido como Touro Bravo Espanhol, é originário da Península Ibérica, com linhagens desenvolvidas especialmente na Espanha desde o século XVIII. Essa raça foi moldada para o combate nas arenas, reunindo características específicas:
- Comportamento naturalmente agressivo e altamente reativo ao movimento;
- Físico robusto, com pescoço musculoso, peito largo e porte imponente;
- Chifres longos e voltados para frente, considerados perigosos e esteticamente marcantes nas lides;
- Peso médio entre 500 a 700 kg nos machos adultos;
- Criado em liberdade nos chamados campos de ganaderías, onde se avalia seu comportamento ainda jovem.

Cada ganadería (criador ou grupo familiar) seleciona seus animais com base em critérios próprios, o que gerou linhagens com estilos diferentes de bravura e comportamento, como as castas Vistahermosa, Santa Coloma, Miura, Murube e Domecq, entre outras.
2. Miura
Embora seja uma linhagem dentro do Touro Bravo Espanhol, a raça Miura é tão icônica que merece destaque. Fundada em 1842, a ganadería Miura, da Andaluzia, na Espanha, criou uma das linhagens mais temidas e respeitadas nas arenas:
- Altamente imprevisíveis, os touros Miura possuem um temperamento mais agressivo e resistente à dor;
- Frequentemente possuem maior porte físico, chegando a ultrapassar 700 kg;
- São famosos por sua inteligência e memória – características que tornam o combate mais perigoso para o toureiro.

Os Miura se tornaram conhecidos internacionalmente, sendo imortalizados por Ernest Hemingway em suas obras sobre touradas, especialmente em Morte à Tarde.
3. Murube-Urquijo
Essa linhagem, oriunda da seleção feita por Eduardo Miura e depois desenvolvida por José Murube, deu origem ao chamado Touro Murube-Urquijo, que passou a ser utilizado em diferentes tipos de touradas, inclusive as de rejoneo (com cavaleiros):

- Possui comportamento menos violento, mas com grande presença e nobreza nos movimentos;
- É preferido em touradas com cavalos por sua reação mais previsível e andamento elegante;
- Também é usado como base genética para espetáculos onde o touro não é sacrificado.
4. Touro Barrosão (Portugal)
Em Portugal, embora o Touro Bravo Espanhol também seja utilizado, há uma tradição na utilização do Touro Barrosão, especialmente em eventos regionais e na tourada à portuguesa (onde o animal não é morto na arena):

- Originário da região de Barroso, no norte de Portugal;
- Raça autóctone portuguesa, reconhecida por sua rusticidade e força física;
- Apesar de menos agressivo que o Toro de Lidia, pode apresentar comportamento defensivo e força suficiente para os espetáculos lusitanos.
5. Touro de Tourada no México e América Latina
Na América Latina, especialmente no México, Colômbia e Peru, as touradas seguem o modelo espanhol, e a genética do Toro de Lidia é a base dos rebanhos utilizados nesses países. No entanto, diversas ganaderías mexicanas desenvolveram linhagens próprias, adaptadas ao clima e às condições locais, como:
- San Mateo, Zotoluca, Piedras Negras e Mimiahuápam, com touros de temperamento variado;
- Algumas dessas linhagens são exportadas para outros países latino-americanos;
- Os touros latino-americanos, em geral, mantêm as características principais do Toro de Lidia: bravura, reação rápida, força e beleza física.
A seleção dessas raças ao longo dos séculos demonstra o cuidado genético e a importância cultural da tourada em alguns países. Contudo, o tema é cada vez mais cercado de críticas. Organizações de proteção animal, veterinários e parte da sociedade civil se opõem à manutenção dessas práticas, argumentando que o sofrimento dos animais não se justifica por razões culturais.
Apesar disso, as raças de touros de lide continuam sendo preservadas por criadores tradicionais, muitas vezes sustentando famílias e territórios historicamente ligados à atividade.
O touro de tourada não é apenas um animal bravo: é o resultado de um legado cultural e genético cuidadosamente construído. Da Andaluzia ao interior do México, passando pelos campos portugueses, a tourada moldou não apenas uma atividade, mas também raças específicas de bovinos que carregam em seus genes a história, a bravura e a controvérsia de um espetáculo milenar.
Seja você a favor ou contra a prática, entender as raças envolvidas nesse cenário ajuda a compreender melhor os elementos culturais, econômicos e biológicos que sustentam essa tradição.
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