Criminalidade enfraquece democracia e desenvolvimento da Amazônia

Desmatamento está associado a outras atividades criminosas na Amazônia, principal ativo estratégico do Brasil na geopolítica global.

A Amazônia tem território de 6,7 milhões de quilômetros quadrados no Brasil, o que corresponde a cerca de 80% do território do País e abarca oito estados de três regiões. A floresta amazônica tem grande importância mundial, no entanto é uma área muito grande e difícil de ser fiscalizada. Sem a presença do Estado e da democracia, a criminalidade se desenvolve mais facilmente, dificuldade que foi um dos principais temas do Estadão Live Talks — Amazônia é solução.

O desmatamento, maior problema da floresta, está relacionado a outros crimes, como tráfico de drogas, garimpo ilegal, corrupção e lavagem de dinheiro, de acordo com um levantamento feito em 400 operações deflagradas pela Polícia Federal entre 2016 e 2021. “Os crimes que funcionam com essa destruição da floresta estão se tornando cada vez mais complexos e interconectados”, afirmou a cofundadora e presidente do Instituto Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho.

As dificuldades da região são reflexos da cultura de violência no País, como analisou a subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge: “Temos ali um ambiente de elevado patrimonialismo, de baixo índice de desenvolvimento humano e de ampla violência de mercados ilícitos, dominado pela extração irregular de ouro e grilagem de terras”.

Combate à criminalidade na Amazônia

Metade da cocaína produzida no mundo passa pelo Brasil, especialmente pela Amazônia. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

As instituições governamentais têm presença pequena na Amazônia em comparação ao tamanho do desafio que enfrentam. Enquanto o Brasil tem em média um perito criminal a cada 720 habitantes, esse índice chega a um perito a cada 2.960 habitantes na região da floresta amazônica, de acordo com Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O Brasil, ainda, é uma das principais rotas do tráfico de cocaína, com mais de 700 toneladas anuais transportadas pelo território, segundo estimativa da Polícia Federal e da Organização das Nações Unidas (ONU). “Um valor equivalente a 4% do PIB brasileiro, uma economia gerada pela ilegalidade”, estimou Lima.

As soluções para a Amazônia não podem ser importadas de outras localidades. A complexidade do bioma e as características socioculturais da floresta amazônica demandam soluções associadas às próprias raízes e à singularidade que apresenta.

O Brasil como potência agroambiental

A singularidade dos povos amazônicos deve ser considerada nos investimentos na floresta. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O Brasil deve utilizar a floresta amazônica para se consolidar como uma potência agroambiental. Para tanto, é necessário fortalecer a capacidade de atuação das instituições de fiscalização, que foram desmanteladas nos últimos quatro anos. Outras medidas, como a rastreabilidade das cadeias produtivas do agronegócio, também são essenciais.

“As florestas não nascem e não ficam em pé apenas por as leis existirem”, considerou o senador eleito e ex-governador do Maranhão, Flávio Dino. Entre os caminhos para uma exploração econômica com sustentabilidade, Dino citou a economia verde, o financiamento de instituições financeiras, fazendo que o dinheiro chegue até o povo, o mercado de carbono e a revisão do Cadastro Ambiental Rural, para anular fraudes.

“A questão climática veio para ficar como centro da agenda geopolítica e vai modelar toda a agenda de desenvolvimento neste século”, defendeu a ex-ministra do Meio Ambiente Isabela Teixeira. O Brasil tem a oportunidade de aproveitar o contexto para apresentar uma nova relação do homem com a natureza no enfrentamento das desigualdades socioambientais.

Fonte: Estadão Live Talks — Amazônia é solução

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