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Crise entre Rússia e Ucrânia se agrava e grãos disparam

Se um conflito militar ocorrer, as exportações de trigo poderão sofrer forte abalo. Rússia e Ucrânia serão responsáveis por 28,5% de exportações globais.

O agravamento da crise entre Rússia e Ucrânia fez o trigo disparar ontem na bolsa de Chicago – o que também puxou para cima as cotações de milho e soja. Os traders reagiram à escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia após o presidente russo, Vladimir Putin, reconhecer como independentes as regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, controladas por separatistas pró-Rússia desde 2014. A decisão de Putin, que autorizou o envio de tropas às Províncias, em “missão de paz”, gerou sanções internacionais à Rússia anunciadas por EUA, Reino Unido e Alemanha.

Esse cenário gerou apreensão no mercado, que passou a considerar que um conflito militar está cada vez mais próximo. E, se isso ocorrer, as exportações de trigo poderão sofrer forte abalo. Rússia e Ucrânia serão responsáveis por 28,5% de exportações globais, estimadas em 206,7 milhões de toneladas nesta safra 2021/22, segundo as estimativas mais recentes do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Em relatório, o alemão Commerzbank alertou que pelo menos 15 milhões de toneladas de trigo estariam comprometidas em caso de guerra. “Uma quantidade tão grande dificilmente poderia ser adquirida em outro lugar, e levaria a uma redução significativa dos estoques em outros países exportadores”, avaliou. Para a consultoria russa SovEcon, os preços do trigo no mercado internacional poderão repetir a escalada observada em 2014, quando a Rússia anexou o antigo território ucraniano da Crimeia. Na época, as cotações subiram cerca de 20% no mercado.

De carona com o trigo, os contratos do milho para maio subiram 3% em Chicago, para US$ 6,7250 o bushel, maior valor desde maio de 2021. Além de os dois grãos serem importantes na composição de rações animais, a crise gerou volatilidade no setor de energia, impulsionando o petróleo. Com isso, o etanol americano, feito de milho, também ficou mais competitivo e ajudou a valorização dos futuros.

Também não se pode descartar a importância de Ucrânia e Rússia para as exportações mundiais de milho, especialmente para a Ásia. As nações do Leste Europeu responderão por 18,7% de embarques totais de 203,7 milhões de toneladas em 2021/22, segundo o USDA. Portanto, qualquer interrupção nas vendas terá consequência sobre as cotações.

Por fim, a soja foi no embalo e os papéis da oleaginosa para entrega em maio subiram 2%, para US$ 16,350 o bushel. Com a valorização, o preço se aproximou do pico de 2021, alcançado em maio, de US$ 16,4250 o bushel. Caso os futuros ultrapassem essa barreira, será atingido o maior patamar desde setembro de 2012. Na ocasião, o preço subiu diante da quebra de safra nos EUA em função da seca – problema que se repete quase dez anos depois, mas agora na América do Sul.

Vale destacar que a quebra de safra no Sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai continua viva no radar dos traders e também poderá ser base para novas máximas do grão nas próximas sessões.

Fonte: Estadão Conteúdo

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