“Custo da IATF chega a 5% sobre o valor do bezerro”, afirma especialista

Uso da Inseminação Artificial em Tempo Fixo na pecuária traz eficiência e qualidade; informações são de especialista em reprodução animal da Universidade de São Paulo

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), uma tecnologia de reprodução assistida que colabora para aumentar a eficiência e a sustentabilidade da cadeia de produção de carne e de leite no Brasil, foi tema da 17ª edição do Prosa de Pecuária. O evento virtual, que é promovido mensalmente pelo Instituto Desenvolve Pecuária, em seu canal no YouTube, recebeu, nesta terça-feira, 18 de outubro, o professor titular do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Universidade de São Paulo (USP), Pietro Sampaio Baruselli.

Ao iniciar a sua fala, o especialista salientou a importância da questão da sustentabilidade no sistema de produção com a utilização de tecnologias que colaborem na redução do impacto ambiental com retorno econômico, sem esquecer a atenção ao consumidor. “É preciso sempre mostrar que produzimos alimentos com qualidade e respeito ao ambiente. “Hoje nós temos condições de fazer isso para um mundo que demanda comida de qualidade e que em 2050 deve chegar a 10 bilhões de habitantes”, destacou.

A pecuária é a atividade que mais ocupa terra no Brasil, 20% da área nacional, ou seja, em torno de 170 milhões de hectares, afirmou Baruselli, colocando que “se dividirmos por unidade animal os setores da pecuária, vamos verificar que o setor que mais ocupa terra, 70% ou 14% do território brasileiro, é o da pecuária de cria”. “Portanto, estamos falando de um setor de altíssimo impacto na sustentabilidade de produção de alimentos e que precisa melhorar a sua eficiência”, pontuou.

Segundo o professor da USP, o mercado brasileiro de IATF cresceu muito entre 2002 e 2021, com uma grande evolução no número de animais inseminados. “Nós chegamos a 28,4 milhões de doses de sêmen comercializadas em 2021 e 26,5 milhões de vacas sincronizadas. Sendo que em 2000 tínhamos 100 mil vacas sincronizadas em um universo de 7 mil inseminações, ou seja, usávamos 1% de IATF por vaca inseminada e, hoje, utilizamos 93% de IATF por vaca inseminada”, informou, ressaltando que nos últimos 20 anos essa tecnologia cresceu, em média, 34% ao ano.

Ao fazer uma comparação com o uso de IATF e a Monta Natural, ressaltou que a tecnologia antecipa a prenhez e produz mais bezerros de qualidade. “Inseminar hoje significa ter mais eficiência reprodutiva. O que essa tecnologia faz com bastante propriedade é aumentar a taxa de vaca prenha já no primeiro mês de Estação de Monta, antecipando a época de parição (nascimento), aumentando a probabilidade de prenhez da vaca na próxima estação e o peso do bezerro à desmama, além de adiantar a puberdade”, informou o especialista, lembrando, ainda, que as fêmeas entram em reprodução com mais eficiência, a idade ao abate é antecipada e a produtividade e o retorno econômico da pecuária de corte aumentam. “Tudo isso foi fruto de vários estudos confirmados cientificamente que demonstraram que essa tecnologia faz com que a pecuária entre em um ciclo de alta fertilidade e produtividade”, observou.

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Protocolos de IATF / Foto: Alvaro Fortunato

Baruselli também abordou a questão do custo para prenhez com o uso dessa tecnologia calculado neste modelo. Disse que pelas vantagens de eficiência reprodutiva e de introdução de genética, comparado com a Monta Natural, foi verificado que para cada 100 vacas sincronizadas em 2014, quando ocorreu essa análise, houve um ganho de R$ 4,20 em 18 meses para cada R$ 1,00 investido pelo criador nesse modelo IATF. “Corrigimos esse modelo econômico para a atualidade e o custo do procedimento aumentou 40%, mas o Brasil teve um ganho muito grande, por exemplo, na valorização do bezerro. Então, o ganho investido em IATF em relação à Monta Natural se dá na base de R$ 6,00 por capital investido”, enfatizou.

Baruselli finalizou a sua palestra salientando que em 20 anos essa tecnologia custava 37% do valor do bezerro e hoje chega a 5%, assim como custava 3% da arroba por boi e hoje está em 0,46%. “São cálculos feitos com base em dados do Cepea e que demonstram o quanto é vantajoso usar o IATF. Portanto, é uma grande ferramenta que está sendo utilizada, é uma tecnologia que é um caso de sucesso pela quantidade de valor agregado ao processo”, concluiu.

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