Esqueça a marcação a fogo, a moda é a “Digital do Boi”

Você sabia que o focinho do boi é como a impressão digital e pode dispensar marcação a fogo? Pois é, biometria do espelho nasal (focinho) traz a era da “Digital do Boi”, veja!

Marca de fogo e brincos são formas de identificação de bovinos em meio ao rebanho. Cada animal tem o seu número e, com ele, é possível saber quem são seus pais, como vacinas, se teve ou tem alguma doença e que tipo de alimentação (e quantidade) o animal recebe. Agora, para evitar que os bovinos passem pela marca de fogo e o brinco, que exige o furo da orelha, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) está estudando o nariz dos animais para identificá-los. Agora é a vez da “Digital do Boi”

A técnica já ganhou um aplicativo de celular que está em teste no país, validando os dados da pesquisa e, até o momento, se mostrou eficiente e com grande capacidade de se tornar o app companheiro do pecuarista. Sendo assim, a nova tecnologia traz avanço na gestão do rebanho e, claro, o maior bem-estar dos animais, evitando marcas e furos na orelha!

O padrão biométrico do espelho nasal dos animais, o focinho, segundo os pesquisadores, é como uma impressão digital nos humanos, com informações individuais e, a partir de tecnologias como inteligência artificial e algoritmos, pode substituir técnicas ultrapassadas de identificação, proporcionando bem-estar animal, conceito cada vez mais exigido na pecuária.

João Aril Hill, pesquisador do Iapar, está conduzindo uma análise em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Lucas Nolasco, engenheiro de computação, diz que o sistema é mais seguro que as duas formas já utilizadas.

“Não é preciso marcar os animais na cara, com o ferro quente, e o novo método também é mais eficaz e confiável que o brinco, corrigido na orelha, pois não há risco de perda e não pode ser trocado”, disse.

Segundo Nolasco, o procedimento consiste em capturar uma imagem do nariz do boi e, depois, essa fotografia é analisada por redes neurais e algoritmos, que vão buscar os padrões e auxiliar na identificação. “Obtivemos taxas de acerto superiores a 95% nos testículos, o que nos deixados animados”, disse.

Hill explicou que a identificação foi baseada em um banco de dados das raças purunã, jersey e holandês do rebanho do Iapar nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa e Pato Branco, no Paraná. “Temos em torno de 700 animais na nossa base de dados e queremos chegar a mil em breve.”

Ele diz que é fundamental ampliar uma base de dados, assim como melhorar a inteligência artificial, para que o sistema computacional seja mais preciso na identificação. “Estamos tentando, por exemplo, usar o sistema a identificar os animais a partir de uma única imagem do espelho nasal. Atualmente, são 40 imagens em momentos diferentes do mesmo bovino”, explicou.

Segundo o pesquisador, o sistema, que ainda está sendo testado apenas no rebanho do Iapar, precisa ser leve e rápido para que funcione em um dispositivo móvel, como um smartphone .

O projeto já chegou ao protótipo de um aplicativo para o sistema operacional Android, em fase de testes e ajustes. Nas próximas fases, ele focará na ampliação da base de dados para melhorar o desempenho das redes. “Poderemos então validar a efetividade e robusteza dos algoritmos desenvolvidos”, destaca o professor David Menotti, da UFPR.

“O sistema de identificação pode ser usado em diversas circunstâncias: pelo produtor rural e associações de raça que precisam identificar um a um dos animais do plantel, o que é bastante trabalhoo dependente do tamanho do rebanho”, afirmou.

Ainda de acordo com ele, órgãos governamentais como a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) podem se basear no novo método para identificar animais vacinados ou que doenças apresentam.

Dentro do projeto Pecuária do Futuro, a Embrapa também busca soluções específicas para o Pantanal, como um sistema de alerta para cheias e incêndios e uma ferramenta para orientar as decisões sobre o plantio de pastagens exóticas no bioma.

“Sem contar que hoje em dia a comercialização de bovinos ou de produtos de origem bovina busca ampliar a rastreabilidade, e para isso, a identificação dos animais é indispensável”, declarados.

Nolasco diz que uma ferramenta não é um aplicativo, e os resultados preliminares foram obtidos durante o Programa de Iniciação Científica (ProICI) do Iapar, que reúne trabalhos de estudantes de graduação orientados por pesquisadores do instituto.

A estimativa é que no final de 2022 o aplicativo entre em fase de testes para uso comercial.

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