Fertilizante: Rússia envia 24 navios com quase 678 mil t

Pelo menos 24 navios transportando quase 678 mil toneladas de fertilizantes russos devem chegar aos portos do Brasil nas próximas semanas.

Apesar da preocupação de que as sanções contra a Rússia causem um déficit de fertilizantes no Brasil, dados preliminares de embarque mostram pedidos sendo atendidos e navios se direcionando ao Brasil, potencialmente permitindo uma temporada normal de plantio de grãos. Já noticiamos aqui, durando a última semana, a fila de espera de diversos navios para desembarcar os fertilizantes negociados, ainda em 2021 pelas empresas importadoras do Brasil.

Pelo menos 24 navios transportando quase 678 mil toneladas de fertilizantes russos devem chegar aos portos do Brasil nas próximas semanas, de acordo com dados preliminares de embarque compilados pela Agrinvest Commodities e vistos pela Reuters nesta segunda-feira.

Apesar das sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, os dados mostram que 11 dos 24 navios deixaram portos como de São Petersburgo e Murmansk, após 24 de fevereiro, quando a guerra começou. A maioria está carregando cloreto de potássio usado em campos de soja e milho.

O Brasil é dependente da importação de fertilizantes. Segundo as estimativas levantadas, cerca de 85% da demanda interna de fertilizantes do país, é suprida pela importação de países como Rússia, Ucrânia e Canadá. O salto dessa dependência aconteceu após a decisão do Governo em hibernar as fábricas da Petrobrás e os atrasos das licenças ambientais de outras empresas do ramo.

O Pebble Beach, com uma carga de 35 mil toneladas de cloreto de potássio, foi o último a deixar a Rússia em 4 de abril a caminho do porto de Vitória, no Sudeste, mostraram os dados.

Um comerciante de fertilizantes disse que os acordos ainda são possíveis, já que unidades estrangeiras de empresas russas continuam atendendo pedidos, enquanto bancos não afetados pelas sanções ocidentais processam os pagamentos.

As importações totais de fertilizantes e matérias-primas usadas para produzir adubos aumentaram 24,57%, para 9,795 milhões de toneladas no primeiro trimestre, segundo dados do Siacesp, um grupo do setor.

Só as importações de cloreto de potássio saltaram 41,75% para 3,080 milhões de toneladas.

Esses volumes mostram que o Brasil continuou comprando mesmo com a alta dos preços e a guerra ameaçando atrapalhar as vendas de empresas na Rússia e na Belarus. Atrasos ou falta de fertilizantes colocariam em risco a temporada de grãos de verão no Brasil, que começará no último trimestre de 2022.

Os três maiores fornecedores de cloreto de potássio para o Brasil no primeiro trimestre foram a canadense Canpotex, cujos acionistas são a Mosaic e a Nutrien, a empresa da Belarus Potash Company e a russa UralKali, segundo o Siacesp.

A Mosaic, a norueguesa Yara e a brasileira Fertipar foram as três maiores importadoras, trazendo juntas 1,3 milhão de toneladas entre janeiro e março, mostraram os dados.

A Fertilizantes Tocantins, da Eurochem, também importou cerca de 231.753 toneladas de cloreto de potássio no período, representando 7,52% do total.

Foto: Divulgação

O diretor de fertilizantes da Stone X, Marcelo Mello, ressalta que a carga foi enviada antes mesmo do início da guerra na Ucrânia, já que a importação do produto pode levar até 60 dias para chegar ao Brasil. Além disso, ele diz que o fluxo ainda não está normalizado.

“Até setembro temos garantindo o fornecimento de fertilizantes. Contudo, precisamos de um volume grande para ser embarcado nos próximos meses para que esse produto chegue aos produtores até agosto. Nesse momento, os preços passaram a ter um efeito menos relevante na questão dos fertilizantes. O mais importante é ter certeza do abastecimento, pois ainda há duvidas”, ressalta.

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