Gigante asiática busca carne nos EUA; E agora, como fica?

Seria um recado para o Brasil? Esta é a primeira vez no ano em que o governo chinês habilita uma quantidade alta de empresas norte-americanas, ao todo foram 13 frigoríficos americanos!

A Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) informou que concedeu autorização para 13 frigoríficos de carne suína, bovina e de aves dos Estados Unidos exportarem seus produtos para o gigante asiático. A habilitação entrou em vigor na última sexta-feira, 13. E como fica a situação do Brasil?

Em um momento onde o mercado brasileiro segue com grande tensão por conta dos embargos chineses que foram feitos a importantes plantas frigoríficas, o principal comprador da carne bovina brasileira, habilita um grande número de indústrias do nosso maior concorrente. As liberações foram recebidas como um “recado” enviado a cadeia da carne verde e amarela.

Esta é a primeira vez no ano em que o governo chinês habilita uma quantidade alta de empresas norte-americanas para exportação. As medidas configuram um aceno positivo ao atual governo do democrata Joe Biden, após a relação mais conflituosa com o ex-presidente Donald Trump.

Desde meados de 2020, com o agravamento da pandemia, a China mudou o seu esquema de importação de carnes e iniciou uma série de suspensões temporárias de compras de vários países.

A necessidade de aumentar o controle sanitário em decorrência da covid-19 tem sido o motivo alegado extraoficialmente pelo governo chinês. Os frigoríficos de carne bovina da JBS em Barra do Garças (MT) e da Marfrig em Tangará da Serra (MT), além de outras unidades que realizam a exportação de carne suína.

O GACC não explicou o motivo para a suspensão temporária nos casos brasileiros, mas fontes ligadas ao mercado na China, informam que o país passa por dificuldades quando ao COVID-19, o que tem criado um temor quanto ao consumo da carne. Além disso, utilizam essa técnica para poder tentar barganhar preços mais baixos nos contratos com o Brasil.

De acordo com o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Iglesias, no entanto, a decisão tomada pela China poderia ser uma forma de pressionar o Brasil. Ele considera estranha a ação, em um momento em que plantas brasileiras têm sido suspensas sob a alegação de apresentaram traços de Covid-19 nas embalagens de seus produtos.

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Foto: Divulgação

“Essa poderia estar sendo uma forma de os chineses pressionarem os frigoríficos brasileiros a tentar melhorar a fiscalização de seus produtos e, também, de forçar uma queda nos preços de futuras compras,” avalia. 

Para Iglesias, a medida soa ainda mais estranha considerando que a carne brasileira é bem mais competitiva neste momento do que a carne norte-americana.

Desde meados de 2020, com o agravamento da pandemia, a China mudou o seu esquema de importação de carnes e iniciou uma série de suspensões temporárias de compras de vários países. A necessidade de aumentar o controle sanitário em decorrência da Covid-19 tem sido o motivo alegado extraoficialmente pelo governo chinês.

EUA importou 244% mais carne bovina brasileira, ponto positivo

As exportações totais de carne bovina (somadas in natura e processadas) alcançaram 186.674 toneladas em abril de 2022, informou nesta sexta-feira (13) a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), com base em dados compilados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia.

Na receita, a evolução foi de US$ 2,52 bilhões em 2021 para US$ 4,007 bilhões nos primeiros quatro meses do ano, elevação de 59%, o que reflete, em parte, o aumento nos preços internacionais do produto.

No quadrimestre, a China liderou as importações, com 344.490 toneladas (+ 37,2% em relação a 2021 com 251.097 toneladas). Os Estados Unidos vêm na segunda posição, com 79.198 toneladas (+ 244%, foram 23.009 toneladas em 2021).

Pecuaristas dos EUA não querem a carne brasileira

Após o recente relatório do USDA destacando um aumento nas importações de carne bovina brasileira, a National Cattlemen’s Beef Association (NCBArenovou seu pedido de suspensão imediata das importações de carne bovina in natura do Brasil. Os questionamentos e ameaças já são recorrentes, em novembro de 2021 a cena já havia se repetido. Mais uma vez, a entidade diz que a carne brasileira não é confiável em termos sanitários!

A NCBA pediu repetidamente uma auditoria completa do sistema de saúde animal e segurança alimentar do Brasil, para garantir a segurança do rebanho bovino dos EUA.

“Estamos, mais uma vez, pedindo ao secretário Vilsack que suspenda as importações de carne bovina in natura do Brasil, devido ao longo histórico daquele país de não relatar casos de BSE em tempo hábil, disse o vice-presidente de assuntos governamentais da NCBA, Ethan Lane. A NCBA acredita que restringir totalmente as importações brasileiras é essencial até que o Brasil prove que é um parceiro comercial confiável e confiável, capaz de aderir aos nossos padrões.

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