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Impactos da irrigação de pastagem na produção de arrobas

O investimento em tecnologias voltadas a sistemas de irrigação se tornou uma importante ferramenta em épocas de estiagem, a fim de garantir o fornecimento de pastagem em rebanhos de bovinos de corte e leite.

Com o intuito de solucionar possíveis dúvidas dos pecuaristas, a Scot Consultoria entrevistou o engenheiro agrônomo, Elenilson Sguizzato Bortolini.

Elenilson possui graduação pela ESALQ/USP (2012), com ênfase em irrigação e drenagem. Atualmente é consultor na Cooperideal e membro da equipe IrrigaRural, onde desenvolve projetos de sistemas irrigados em pastagens, com foco na eficiência do uso da água.

Scot Consultoria: Do seu ponto de vista, quais as vantagens de o pecuarista utilizar irrigação em pastagens?

Elenilson Bortolini: A irrigação permite um aumento na capacidade de suporte das pastagens, permitindo trabalhar com lotações acima de 10 unidades animais (UA) por hectare. O aumento da lotação permite maior retorno para o pecuarista, seja em produção de arrobas por hectare ou em litros de leite por hectare. Além de atender a necessidade de água pelas culturas forrageiras, nos períodos de estiagem e também durante os veranicos, a irrigação permite em regiões onde a temperatura não limita o crescimento das forrageiras tropicais, a manutenção dos animais a pasto durante todo o ano.

Em áreas de pastagens para gado de leite, nas regiões onde a temperatura limita o crescimento das forrageiras tropicais durante o inverno, a irrigação também viabiliza a utilização da sobressemeadura de forrageiras de clima temperado, reduzindo a utilização de volumosos suplementares e por consequência os custos com alimentação. Outra vantagem da irrigação é possibilitar a adubação das pastagens de forma regular, aumentando a eficiência da adubação, principalmente a nitrogenada.

Scot Consultoria: Como o pecuarista deve escolher o melhor sistema de irrigação e quais são os mais indicados para pastagem?

Elenilson Bortolini: Na escolha do sistema de irrigação mais adequado, o pecuarista deve levar em conta diversos fatores como: tamanho da área, topografia do terreno, tipo de solo, disponibilidade de água e de energia elétrica e o nível tecnológico do sistema de produção a pasto.

Por ser um sistema com custo de implantação que pode variar de R$6 mil a R$20 mil por hectare, dependendo do método ou mesmo das condições locais, a irrigação exige que o produtor faça um bom manejo da pastagem de forma a realizar uma boa colheita da forragem produzida.

Em algumas ocasiões encontramos sistemas irrigados onde o manejo da forrageira é feito de forma ineficiente, desperdiçando os recursos (água, energia e nutrientes) que foram utilizados. Outra situação é quando a água não é o único fator limitante para a produção de forragem, por exemplo, em solos com baixa fertilidade, então o produtor por não obter o resultado esperado após o investimento na irrigação, associa a ela o insucesso na atividade.

Os métodos de irrigação mais indicados para pastagens são: o pivô central para áreas maiores (acima de 20 hectares) e regulares que permitam a instalação e movimentação do equipamento sem obstáculos; e a aspersão fixa automatizada ou semi-automatizada, que é indicada para áreas menores, áreas com topografia irregular e desfavoráveis à implantação do pivô.

Existem algumas áreas de pastagem que utilizam a irrigação por gotejamento subsuperficial, método que é utilizado para a produção de cana-de-açúcar, porém como não existem muitos dados de pesquisa disponíveis para a aplicação na produção de pasto, ainda não é possível recomendar este tipo de sistema.

Scot Consultoria: Quais as principais dificuldades para implantação do sistema de irrigação em pastagens?

Elenilson Bortolini: A principal dificuldade encontrada para a implantação de um sistema de irrigação em pastagem é a disponibilidade de energia elétrica de qualidade, infelizmente a infraestrutura da rede elétrica na área rural ainda é deficitária. Muitas vezes o produtor possui a vazão necessária para irrigar a área, porém não tem energia elétrica disponível, quando possível o produtor arca com os custos de implantação da rede elétrica para viabilizar a implantação do projeto.

Outro ponto que também dificulta a implantação dos projetos é a disponibilidade de água para atender a demanda da irrigação, em algumas bacias hidrográficas já não existe vazão para novas outorgas, o que impossibilita a implantação do projeto. No entanto, existem projetos em que são feitos grandes reservatórios para captação da água da chuva para o uso ao longo do ano.

Scot Consultoria: A fertirrigação é mais eficiente e vantajosa quando comparada ao método convencional de adubação?

Elenilson Bortolini: A fertirrigação permite a aplicação do fertilizante em doses parceladas e no momento correto, possibilitando atender às necessidades da forrageira com maior eficiência de aplicação e evitando perdas.

Como os sistemas de irrigação são projetados para aplicar água de maneira uniforme também há uma melhor distribuição dos nutrientes na área. As vantagens da fertirrigação em relação à adubação convencional são: menor uso de mão de obra, redução dos custos com combustíveis e maior uniformidade na aplicação.

Scot Consultoria: Nos últimos anos pode-se observar aumento na busca por sistemas de irrigação por parte dos pecuaristas? Por que?

Elenilson Bortolini: O aumento da área irrigada no Brasil ocorre na ordem de 4% ao ano, conforme estimativa da Agência Nacional de Águas (ANA, 2017), no ano de 2014 a área total irrigada no Brasil era de 6,1 milhões de hectares (ANA, 2016). Os dados oficiais não mostram as pastagens como uma cultura em destaque nos avanços da área irrigada.

Com o aumento da competição pelas áreas por outras culturas, principalmente grãos e cana-de-açúcar, e o aumento no valor das terras, percebe-se um movimento dos pecuaristas para a intensificação e elevação da produtividade das áreas destinadas à produção de carne e leite, o que possibilita maior rentabilidade e competitividade frente a outras culturas e em alguns casos permite que o produtor ceda áreas da propriedade para outras atividades, diversificando as fontes de renda.

Fonte: Scot Consultoria

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