Maior do Brasil, Inpasa ativa modo turbo na produção de etano de milho no país

Maior fabricante de etanol de milho no Brasil, Inpasa faz aporte de mais de R$ 3 bilhões na construção de novas plantas no Centro-Oeste e Nordeste

A produção brasileira de etanol de milho deve alcançar 6 bilhões de litros na safra 2023/2024, alta de 36% em relação ao ciclo anterior e de 800% nos últimos cinco anos, de acordo com projeções da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). O crescimento da capacidade produtiva é resultante, principalmente, da ampliação do complexo industrial brasileiro – com evolução da quantidade de usinas – , adoção de tecnologias, aumentando o rendimento industrial, e maior demanda internacional por biocombustíveis.

Vislumbrando esse crescimento a Inpasa, maior produtora de etanol de milho do Brasil, ganhará nos próximos meses um reforço de peso. A companhia deve inaugurar mais duas plantas, uma em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, e outra em Balsas, no Maranhão. As informações foram divulgadas pelo do site AGFeed Negócios.

Com as unidades, que foram anunciadas entre o final do ano passado e o começo deste ano, a empresa dará um salto na produção. A capacidade de processamento subirá de 7,5 milhões de toneladas para 12 milhões de toneladas de grãos por ano, resultando em cerca de 5 bilhões de litros do biocombustível, um crescimento de mais de 40% sobre os atuais 3,5 bilhões.

A aposta é alta e tem sido reforçada antes mesmo de as novas fábricas ficarem prontas. Para a planta de Sidrolândia, por exemplo, a Inpasa havia projetado um investimento inicial de R$ 1,2 bilhão, anunciado no ano passado. Mas já recebeu um acréscimo de R$ 800 milhões, totalizando R$ 2 bilhões.

“Esse investimento dobra a capacidade de moagem dessa unidade, que era prevista inicialmente para 1 milhão de toneladas e agora vai esmagar 2 milhões por ano”, afirmou ao AgFeed o vice-presidente da empresa, Rafael Ranzolin.

“Isso representa em torno de 800 milhões de litros de etanol anuais, com o diferencial de trabalharmos ‘multicereal’”, reforçou. A unidade de Balsas, por sua vez, receberá um investimento de R$ 1,2 bilhão e esmagará 1 milhão de toneladas de grãos por ano.

Criada no Paraguai em 2007, a Inpasa atua no Brasil desde 2018. Aqui, foi uma das pioneiras a vislumbrar o potencial do etanol de milho e tem feito investimentos consistentes. A unidade em Sidrolândia, que deve entrar em funcionamento no final deste ano, será a sexta planta da companhia. A de Balsas, que ainda não tem data estimada para conclusão, a sétima.

Atualmente, a empresa conta com duas unidades no Paraguai e três no Brasil, sendo duas em Mato Grosso, em Sinop e Nova Mutum, e uma no Mato Grosso do Sul, em Dourados.

A estratégia da Inpasa, porém, já vislumbra ir bem além do milho. O plano “multicereal”, como define Ranzolin, inclui a um processamento cada vez maior de outros grãos nas suas plantas. O sorgo, por exemplo, já é utilizado nas unidades, mas, segundo o executivo, ainda é um “gigante adormecido”.

Em seus cálculos, o Brasil produz hoje cerca de 4 milhões de toneladas desse grão por ano. Apenas os projetos de Sidrolândia e de Balsas têm um potencial de esmagamento de 2 milhões de toneladas anuais desse grão.

O sorgo é uma cultura que entra na segunda safra onde o milho não entra”, explica. “É um grão que possui menos exigência de água, o que faz a janela de plantio ser maior. Com a nossa nova capacidade, podemos aumentar a capacidade produtiva do grão e, consequentemente, fomentar a industiralização”, afirma.

Ranzolin projeta também a entrada de outros grãos no pipeline de moagem da Inpasa. De acordo com o executivo, tudo que possui amido em sua composição tem potencial de conversão em etanol.

Já existem plantas de empresas no Rio Grande do Sul que usam trigo e alguns estudos já começam a falar do milheto. O que tiver amido e for uma cultura que aproveite uma janela de segunda ou terceira safra, podemos transformar nesse etanol de cereais”, afirmou.

Segundo ele, o processo de cada grão tem poucas mudanças, não de equipamento fabril, mas sim na adição de algum produto na composição, a depender do nível de proteína em cada cereal.

“Esses processos já estão sendo estudados e testados. Queremos dar escala e fomentar essas áreas de segunda safra que não cultivam o milho”, acrescenta Ranzolin.

A empresa não descarta a construção de novas plantas, além das duas em implantação, mas Ranzolin afirma que 2024 será o ano de verticalizar a empresa. “Também olhamos atentos os mercados de carbono e, a partir de agosto, começaremos a processar etanol para torná-lo neutro.

Com isso, podemos destiná-lo para a indústria alimentícia, a de cosméticos e a farmacêutica”, afirmou.

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