Vale do Araguaia vai ganhar mais uma usina de etanol de milho

Terceira usina de etanol de milho é anunciada no Vale do Araguaia; investimentos no setor chegarão a R$ 5 bilhões

O Vale do Araguaia se tornou alvo dos maiores investimentos de Mato Grosso. Depois de Canarana e de Porto Alegre do Norte receberam o anúncio da instalação de usinas de etanol de milho da Agrícola Alvorada e da 3Tentos, respectivamente, nesta semana foi a vez da FS confirmar uma unidade em Querência.

Juntos, os três investimentos devem girar na casa dos R$ 5 bilhões e consumir uma produção de 600 mil hectares de milho, em torno da metade do que a região do Araguaia produz atualmente.

investimento em usina de etanol de milho no vale do araguaia
Prefeito Gorgen com Rafael Abud em São Paulo

O anúncio foi feito a partir da visita do prefeito Fernando Gorgen em São Paulo, onde se encontrou com Rafael Abud, CEO da FS Fueling Sustainability. A FS já possui unidades em Lucas do Rio Verde, Sorriso e Primavera do Leste.

Conforme reportagem do portal Poder 360, a substituição de petróleo por biocombustíveis levará a demanda por etanol em 2050 a 9,4 vezes a atual, conforme a Datagro, empresa de consultoria e gestão de recursos no agronegócio com presença em 56 países. Mesmo com o crescimento da produção em outros países, o Brasil poderá multiplicar por 4 a produção de etanol até 2050.

A previsão é que as obras em Querência iniciem no segundo semestre de 2024.

Quem também irá receber uma usina de etanol de milho é o Pará. Os Grupos Mafra e CMAA anunciam a criação da joint venture Grão Pará Bioenergia para a construção de uma refinaria de biocombustíveis em Redenção, sudeste do Pará. O foco principal é a produção de etanol de milho. Os investimentos superam R$ 2 bilhões até 2029, sendo que R$ 600 milhões já serão alocados neste ano.

Milho pode desbancar cana-de-açúcar na produção de biocombustível

O potencial do milho à frente da cana no etanol – Não é novidade que o Brasil será o grande protagonista da transição energética, com os países optando por fontes renováveis como o etanol, por exemplo, em detrimento dos combustíveis fósseis. Segundo Werner Roger, gestor e CIO da Trígono Capital, o futuro do biocombustível parece mais atrelado ao milho do que à cana-de-açúcar, em entrevista ao jornalista Pasquale Augusto do MoneyTimes.

A produção brasileira de etanol de milho deve alcançar 6 bilhões de litros na safra 2023/2024, alta de 36% em relação ao ciclo anterior e de 800% nos últimos cinco anos, de acordo com projeções da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). O crescimento da capacidade produtiva é resultante, principalmente, da ampliação do complexo industrial brasileiro – com evolução da quantidade de usinas – , adoção de tecnologias, aumentando o rendimento industrial, e maior demanda internacional por biocombustíveis.

É possível citar como vantagens, ainda, a grande disponibilidade de matéria-prima, principalmente por utilizar milho de segunda safra no País e que traz benefícios quanto à proteção da terra, reciclagem de nutrientes e carbono orgânico no solo, e a contribuição com o processo de descarbonização.

Em Goiás, na safra 2022/23, foram utilizados 1,1 milhão de toneladas de milho para a produção de etanol. Considerando que o Estado colheu 12 milhões de toneladas – segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) -, este volume representa quase 10% da produção local. Para a próxima safra, a expectativa é de crescimento para 1,2 milhão de toneladas. O etanol de milho já é a segunda principal fonte de consumo do milho goiano, ficando atrás apenas da alimentação animal.

Segundo o coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Alexandro Alves, o etanol de milho tem sido visto como um produto com grande agregação de valor. “Além de fomentar a produção do cereal, especialmente em Goiás e no Mato Grosso, e produzir biocombustível [etanol], ele gera coprodutos como o óleo, o DDG [grãos secos de destilaria] e o DDGS [grãos secos de destilaria com solúveis], estes últimos usados na ração animal. Também fomenta a geração de energia e a produção de florestas plantadas de eucalipto”, informa.

Alexandro explica que existem diferenças entre a cana-de-açúcar e o milho. “A cana tem 54% menos açúcar do que o milho. Ou seja, 1 tonelada dela só faz 89,5 litros de etanol. Apesar de ser mais difícil transformar em açúcar as moléculas de amido, o milho produz mais sacarose e álcool. Uma tonelada rende 407 litros de etanol. A diferença basicamente está no rendimento, sendo que em relação ao produto final é exatamente o mesmo produto, ou seja, a molécula de etanol é uma cadeia carbônica que não possui diferença, independentemente de onde a matéria-prima é oriunda”, afirma.

Com informações do site de notícias AGRNotícias

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