Milho pode desbancar cana-de-açúcar na produção de biocombustível

Segundo gestor da Trígono Capital, o futuro do biocombustível parece mais atrelado ao milho do que à cana-de-açúcar; além dos coprodutos da produção do etanol do milho, DDGS/DDG

O potencial do milho à frente da cana no etanol – Não é novidade que o Brasil será o grande protagonista da transição energética, com os países optando por fontes renováveis como o etanol, por exemplo, em detrimento dos combustíveis fósseis. Segundo Werner Roger, gestor e CIO da Trígono Capital, o futuro do biocombustível parece mais atrelado ao milho do que à cana-de-açúcar, em entrevista ao jornalista Pasquale Augusto do MoneyTimes.

Com uma tonelada de milho, você obtém 450 litros de etanol e 200 kg de DDGS, proteína usada para alimentação de animais, ao preço de atual de cerca de US$ 200/ton. Com uma tonelada de cana, por sua vez, produz entre 7200-8100 litros. E para cada litro de etanol, você consegue 13 litros de vinhaça, usada em ferti-irrigação e que pode ser transformada em biometano no futuro”, completa.

Entre os riscos para o milho, está a própria variação da commodity, que pode ver seu preço variar em uma ocasional quebra de safra, enquanto a cana tem seu preço associado ao açúcar e etanol, o que mitiga a desconexão entre preços e custos.

Recuperação de pastagens

De acordo com estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o Brasil conta com cerca de 28 milhões de hectares em pastagens degradadas que podem ser transformadas em áreas agrícolas. Para Roger, esse número chega a 33 milhões de hectares.

“Uma pastagem degradada tem cerca de um boi por hectare, que deposita seus dejetos que gera o metano, 50 vezes mais poluente que o CO²… Imagine 33 milhões de cabeça de gado. Atualmente, temos 8 milhões de hectares de cana-de-açúcar, sendo 4 milhões para etanol e 4 milhões para açúcar. Sendo assim, precisamos apenas dedicar essas áreas degradadas para produzir etanol. Os ganhos econômicos produzindo grãos são muito maiores que produzindo gado”, avalia.

O CIO da Trígono ressalta que o Brasil conta com as melhores políticas de descarbonização através de combustíveis renováveis, mas faz uma ressalva quanto aos carros elétricos no país.

“De onde vêm essas baterias dos carros elétricos? Elas vêm dos metais, que, por sua vez. vêm dos minérios, dos quais não conseguimos eliminar os resíduos. O carro elétrico pode ser uma solução para Noruega, Suécia ou China, sendo que a China produz 60% da sua energia elétrica queimando carvão, usando fósseis para alimentar o carro elétrico. Qual a lógica disso?”, questiona.

ddg subproduto do milho na mao
Foto: Divulgação

Brasil duplica exportações de DDG com o aumento da produção de etanol de milho

Em 2023, o Brasil dobrou suas exportações de grãos secos de destilaria (DDG, na sigla em inglês), que são os farelos de milho utilizados na produção de ração animal, conforme indicado por um levantamento realizado pela União Nacional do Etanol de Milho (Unem). Prevê-se um crescimento de 30% nas vendas para o mercado internacional neste ano, impulsionado pela abertura de novos mercados.

No total, as remessas brasileiras de DDG/DDGS totalizaram 608,9 mil toneladas em 2023, resultando em um movimento financeiro de US$ 180,52 milhões. Comparativamente, no ano anterior, o país exportou 278,6 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 91,15 milhões.

Esses farelos representam subprodutos obtidos durante o processamento do milho para a fabricação de etanol. Cada tonelada de matéria-prima processada gera 430 litros de biocombustível e 363 quilos de DDG. O aumento na produção de etanol de milho no país contribui para o aumento na oferta de DDG.

Atualmente, a Inpasa é a única empresa brasileira que realiza exportações de DDG, conforme ressaltado por Rodrigo Bicarato, gerente de exportação da empresa. Ele enfatiza a boa aceitação do produto pelos compradores internacionais, embora reconheça que a comercialização demanda uma abordagem técnica para persuadir os formuladores de ração a incorporar o DDG em seus produtos.

A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) projeta que a produção de Grãos Secos de Destilaria (DDG/DDGS) possa atingir a marca de 3 milhões de toneladas na safra em curso. Esse volume, no entanto, representa uma fração ínfima quando comparado à gigantesca produção brasileira de ração animal, que supera os 80 milhões de toneladas. Rodrigo Bicarato, da Inpasa, destaca que há um espaço no mercado para integrar esse insumo na indústria de ração, podendo substituir o milho.

Com informações do site MoneyTimes

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