Ministro da era PT diz que agro voltará à estaca zero

O ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que vê riscos para o agronegócio no discurso do atual governo em relação a questões ambientais.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ex-ministro da Agricultura e acionista da maior trading de grãos com capital nacional vê risco de fechamento de mercados. Por seis meses “afastado voluntariamente” da política e dos negócios da Amaggi, maior trading do agronegócio de capital nacional da qual é acionista, o ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi afirma que o discurso “agressivo” do governo Jair Bolsonaro na área ambiental tem combustível suficiente para cancelar o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, anunciado em 28 de junho.

Blairo disse ao Valor que a “confusão” que a retórica de Bolsonaro e seu estafe vêm disseminando na comunidade internacional, se não for contida, levarão o agronegócio brasileiro à “estaca zero”, após anos de esforço para imprimir o ambiente como marca dos alimentos vendidos no mercado externo. 

Na avaliação do ex-ministro, a possibilidade de fechamento de mercados é maior justamente na Europa, com quem o Brasil e o Mercosul tentam destravar as relações comerciais a partir do acordo regional. Ele lembra que o acordo leva em conta o princípio da precaução, que permite o embargo de exportações brasileiras para o bloco europeu.

Quando estou exportando soja, milho, eles (importadores) querem saber mais do que nunca a origem da certificação do meu produto. Os importadores, principalmente europeus, vêm visitar mais as lavouras, a produção, e querem saber mais como produzimos. E, se plantamos em área desmatada, eles não compram. Então, o discurso só atrapalha”, disse, na entrevista.

Perguntado sobre os dados apresentados de que o desmatamento está aumentando Blairo foi enfático. “Mais uma vez, o agronegócio brasileiro apanha sem nenhuma mudança ter ocorrido de fato. Não mudamos os processo internamente. O governo não deixa de ter razão em algumas coisas e os dados sobre o desmatamento têm algumas incorreções sim, mas o problema é a forma que ele expõe isso”, disse Maggi.

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