Pecuarista é considerado referência em boas práticas ambientais

Mauro Lucio da Costa emerge não apenas como um líder do setor, mas como um provocador de mudanças. Suas falas revelam não apenas um descontentamento superficial, mas um apelo por inovação e sustentabilidade.

No calor de junho deste ano, após um evento sobre pecuária sustentável em São Paulo, Mauro Lucio da Costa, pecuarista referência em boas práticas ambientais, ergueu-se em uma sala com cerca de 70 pessoas trajando seu característico chapéu boiadeiro. Sua fala, registrada pelo Globo Rural, ecoou de forma contundente: “Vocês falaram, falaram, mas não apresentaram nada de novo“. O que poderia ter sido interpretado como descontentamento revelou-se um chamado à reflexão sobre a necessidade de inovação no setor.

Recomeço e transformação

Em uma entrevista ao Globo Rural, Mauro Lucio compartilhou sua jornada, destacando os altos e baixos de sua carreira. Filho de pecuarista, ele ousou investir em cavalos quarto de milha, perdendo todo o patrimônio paterno. “Quando seus desejos são maiores do que a sua capacidade de produção, você vai pro buraco“, observou. Doze anos trabalhando para outros fazendeiros precederam sua volta à pecuária, não por sorte, mas por conhecimento e empenho.

Foto: Arquivo Pessoal

Em 2002, antes da atual legislação ambiental, Mauro Lucio já vislumbrava uma abordagem diferenciada. Ele destinou apenas 20% de sua fazenda em Paragominas para pastagens, desafiando a norma da época. Em suas palavras ao Globo Rural: “Eu não queria trabalhar desse jeito“. Essa decisão, tomada quando a cidade estava entre as maiores desmatadoras da Amazônia, revelou-se uma antecipação às práticas hoje enaltecidas, como o pastejo rotacionado.

O pecuarista expôs a filosofia por trás de seu modelo, denominado “pecuária de princípios“. Ele destaca a importância de transcender as normas legais, alegando que “as regras só foram criadas porque foram quebrados os princípios. Então a regra é lei, é obrigatoriedade, é obrigação. Princípio é lifestyle”.

Rastreabilidade e mercado de carbono

Ao abordar a rastreabilidade na entrevista, o pecuarista critica a perspectiva de torná-la obrigatória no país. Sua agonia reside na perda de oportunidades para agregar valor e melhorar a gestão da atividade, questionando a eficácia de investimentos que não contribuem para o produto final. “A minha agonia, muitas vezes, é porque estamos perdendo a oportunidade realmente de agregar valor a um produto e de melhorar a gestão de uma atividade. Você deixa isso tudo pra trás, que são os princípios, e vai trabalhar debaixo de regra. Vamos fazer um movimento muito grande, muito forte, fazer investimentos altos que não vão agregar nada no nosso no nosso produto”, avalia.

Certificação por biodiversidade

A visão única de Mauro Lucio não se estende apenas ao mercado de carbono. Para ele, biodiversidade é ouro, vida que transcende o simples sequestro do elemento químico. “Se você fizer uma analogia entre os minerais, carbono é bauxita e biodiversidade é ouro, entendeu? Biodiversidade é vida, é floresta viva, é muita coisa lá dentro. Biodiversidade muda o planeta. Carbono é só o sequestro de uma coisa, você está deixando de desmatar, só isso”, menciona. E é com base nisso que iniciou a sua parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi para quantificar a biodiversidade em sua fazenda e certificar a carne como um produto que respeita e promove a diversidade biológica.

Conclusão

Foto: Joao Ramid

Mauro Lucio da Costa, o pecuarista com o chapéu boiadeiro, emerge não apenas como um líder do setor, mas como um provocador de mudanças. Suas falas revelam não apenas um descontentamento superficial, mas um apelo por inovação e sustentabilidade. Enquanto desafia as normas e constrói uma pecuária consciente na Amazônia, Mauro Lucio se torna um exemplo inspirador de como a visão e a ação podem moldar o futuro de um setor inteiro.

Escrito por Compre Rural com informações do Globo Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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