Picanha tem preço alto, mas relação de troca com salário mínimo melhora; veja comparativo

Mesmo com valorização da carne bovina acima da inflação, poder de compra do consumidor dá sinais de melhora em 2025

Apesar de o preço da picanha continuar elevado nos açougues e supermercados, a relação de troca entre o quilo do corte nobre e o salário mínimo mostra sinais de recuperação neste ano. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, até setembro de 2025, o poder de compra do brasileiro ainda está melhor do que nos três anos anteriores, mesmo com leve piora em relação a 2024.

A análise reflete não apenas a variação dos preços da carne bovina, mas também o reajuste do salário mínimo nacional, que passou para R$ 1.518 em 2025. Essa combinação tem permitido que o consumidor volte a comprar maior volume de picanha com o mesmo rendimento mensal, ainda que o produto continue sendo considerado um item de valor alto na cesta de proteínas.

Carne bovina sobe mais que a inflação, mas consumo se mantém

Dados do IBGE mostram que o preço da carne bovina subiu 22,17% em 12 meses, uma variação quatro vezes superior à inflação acumulada no mesmo período. Ainda assim, o brasileiro não abre mão da carne vermelha. Segundo a consultoria Worldpanel by Numerator, 93% dos lares consumiram carne bovina no primeiro trimestre de 2025 — um crescimento de 9% em relação a 2024.

A diretora de contas da empresa, Daniela Jakobovski, explica que, mesmo com a alta nos preços, o consumo permanece porque o produto é culturalmente essencial na dieta nacional. “O brasileiro pode reduzir a quantidade, mas não deixa de comprar carne. O frango lidera em penetração, mas a bovina continua sendo a favorita”, destaca.

Comparativo: quanto de picanha cabe no salário mínimo?

Com base no salário mínimo de R$ 1.518 e considerando preços médios do quilo da picanha em torno de R$ 70, é possível adquirir aproximadamente 21,7 kg do corte com um salário mensal em 2025.
Nos anos anteriores, a relação foi menos favorável:

AnoSalário Mínimo (R$)Preço Médio do Kg da Picanha (R$)Quantidade Comprada (kg)
20221.21285,0014,25
20231.30280,0016,27
20241.32068,0019,41
20251.51870,0021,68

📊 Mesmo com o reajuste de preços em 2025, o aumento do salário mínimo compensou parte da alta, resultando em melhor poder de compra frente a anos críticos, como 2022 e 2023.

Picanha tem preço alto, mas relação de troca com salário mínimo melhora

Estratégias do consumidor

O comportamento do consumidor revela adaptações para equilibrar o orçamento. Segundo Jakobovski, as famílias reduzem o volume comprado por ida ao açougue, sem necessariamente diminuir a frequência. Além disso, há substituição de cortes ao longo do mês:

  • Início do mês: cortes mais nobres (picanha, alcatra, filé)
  • Meio do mês: carne moída com marca
  • Fim do mês: cortes mais baratos e sem marca

Em Belo Horizonte, por exemplo, levantamento do Mercado Mineiro mostra que o quilo da picanha varia de R$ 65 a R$ 95, enquanto cortes mais acessíveis, como acém e músculo, ficam entre R$ 35 e R$ 45.

Picanha segue símbolo cultural e econômico

Além de ser um dos cortes mais valorizados do mercado, a picanha é símbolo do churrasco brasileiro e reflete o comportamento de consumo do país. Mesmo em períodos de inflação elevada, a carne vermelha continua sendo uma prioridade para a maioria dos consumidores, que preferem reduzir gastos em outros produtos a abrir mão do tradicional corte.

Especialistas apontam que essa resiliência do consumo reforça o peso da carne bovina na cultura alimentar do Brasil — e explica por que o setor continua entre os mais estratégicos da economia, movimentando bilhões e gerando empregos.

Apesar de a picanha continuar com preço alto, a relação de troca com o salário mínimo melhorou em 2025. O brasileiro, por sua vez, segue fiel à carne bovina, adaptando hábitos, mas mantendo o corte nobre no cardápio — um reflexo tanto da tradição cultural quanto da melhora gradual no poder de compra.

Compre Rural com informações da Scot Consultoria e IBGE

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM