
O bilionário Jeff Bezos tem apostado em tecnologia inovadora para enfrentar um dos maiores desafios ambientais da pecuária, a emissão de metano.
Nos últimos anos, Jeff Bezos tem se consolidado como um dos maiores investidores em soluções sustentáveis, direcionando bilhões de dólares para iniciativas ambientais. Entre suas apostas estão avanços na captura de carbono, energia renovável e agora, de forma inusitada, o desenvolvimento de uma vacina para bovinos capaz de reduzir a emissão de metano na pecuária.
O investimento de US$ 9,4 milhões (aproximadamente R$ 58,1 milhões) foi realizado através do Bezos Earth Fund em 2024, e pretende mitigar um dos maiores desafios climáticos da atualidade, a emissão de metano. O composto é considerado um dos grandes vilões do aquecimento global.
O metano (ℓCH₄) é um dos gases de efeito estufa mais potentes, sendo 28 vezes mais eficiente que o CO₂ na retenção de calor na atmosfera. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a agropecuária é responsável por cerca de 30% das emissões globais de metano, com uma parte significativa vinda da digestão dos bovinos. No Brasil, de acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), três quartos do metano emitido em 2023 vieram dos arrotos e puns do gado.
A iniciativa está sendo conduzida pelo Pirbright Institute, no Reino Unido, em parceria com a AgResearch da Nova Zelândia e o Royal Veterinary College. O projeto tem previsão de duração de três anos e tem como objetivo desenvolver uma vacina capaz de reduzir em até 30% a emissão de metano com uma única dose.
A ideia por trás da vacina é estimular o sistema imunológico do gado a produzir anticorpos que ataquem as bactérias metanogênicas presentes no estômago dos animais. Essas bactérias são responsáveis pela fermentação da matéria vegetal ingerida pelos bovinos e, consequentemente, pela liberação de metano durante a digestão.
Apesar da expectativa em torno da vacina para mitigar a emissão de metano na pecuária, existem alguns desafios significativos:
- Eficácia científica – Ainda não há comprovação de que o sistema imunológico dos bovinos possa ser treinado para regular a produção de metano de forma eficaz.
- Distribuição e aplicação em larga escala – A logística para vacinar milhões de bovinos em países como o Brasil, onde a criação é majoritariamente extensiva, é um obstáculo.
- Aceitação do mercado – Algumas soluções para reduzir emissões de metano na pecuária já enfrentaram forte resistência. No Reino Unido, a gigante de laticínios Arla sofreu boicotes ao introduzir um suplemento alimentar com essa finalidade, devido a preocupações sobre segurança alimentar e desinformação.
John Hammond, diretor de pesquisa do Pirbright Institute, destacou à CNN que o grande diferencial da vacina é sua praticidade. “A vacina é uma ferramenta já amplamente aceita na pecuária, e há infraestrutura estabelecida para sua aplicação. Isso a torna uma estratégia promissora”, afirmou.
A redução das emissões de metano, bandeira de Jeff Bezos, é um dos grandes desafios do setor agropecuário. Atualmente, diversas estratégias em fazendas mundo afora (inclusive no Brasil) usam técnicas para reduzir a produção de metano pelos bois:
- Uso de aditivos na alimentação – Produtos que reduzem a população de bactérias metanogênicas no rumem. No entanto, essa solução tem eficiência variável e exige fornecimento contínuo, o que pode ser inviável em sistemas de criação extensiva.
- Seleção genética – Algumas pesquisas buscam identificar bovinos com menor taxa de emissão de metano.
- Melhor manejo de pastagens – Sistemas que aumentam a eficiência alimentar dos bovinos podem reduzir a quantidade de metano emitida.
O Bezos Earth Fund foi criado em 2020, com um compromisso de investir US$ 10 bilhões em soluções sustentáveis. O investimento em uma vacina para bovinos reflete uma estratégia de longo prazo para enfrentar as mudanças climáticas sem prejudicar a produção agropecuária.
Se a vacina for bem-sucedida, pode representar uma revolução na pecuária sustentável, permitindo a redução de emissões sem necessidade de cortes drásticos no consumo de carne. No entanto, o sucesso da iniciativa dependerá não apenas da sua viabilidade científica, mas também da aceitação de pecuaristas e consumidores.
A grande questão que ainda permanece é: o mercado e os produtores estarão dispostos a adotá-la?
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