
O título é provocativo e desafio alguém a me dizer porque não devemos dar sal mineral aos animais. Vamos ver os diversos motivos para suplementar o rebanho.
Por Thiago Pereira
A suplementação mineral é tema de grandes discussões. Por mais eficiente que tenha se provado, ainda existe uma certa dúvida quanto ao seu uso. Vou tentar elucidar um pouco dessas dúvidas e mostrar qual seu impacto para a produtividade do rebanho. Vamos lá?
Um dos grandes desafios que tive no início da minha carreira, como consultor técnico, me fez escrever sobre o tema. Pois bem, imaginem uma propriedade com quase 3000 matrizes e que realizava ciclo completo, ou seja, da cria a terminação. Quando cheguei, essa fazenda não suplementava os animais, no cocho só tinha sal comum. Como mudar essa perspectiva?
Esse foi o desafio que tive que encarar. Durante a visita, após rodar pela propriedade durante o dia, onde o produtor se gabava por fornecer apenas sal branco e ter animais de tamanha qualidade, eu já matutava com meus pensamentos como iria mudar isso. Juntos, eu e o meu chefe, que também estava lá, tivemos a sorte do produtor parar em frente a plantação de milho para silagem. E é agora que a história fica interessante.
Quando olhávamos para a plantação, percebemos que uma linha da plantação estava atrasada em relação as demais. Quando questionado o “por quê” daquilo, o gerente da fazenda informou que uma linha estava com problema em distribuir o adubo. Pronto, era tudo que precisávamos para mostrar a diferença entre um animal com suplementação e um animal no sal branco.
“Imagine que temos aqui um problema de distribuição do adubo, ou seja, todas as plantas estão se desenvolvendo, expressando o seu potencial genético. Mas, a linha sem adubo está atrasada. Certo? Sim. Esse fato se deve porque a planta está em um ambiente onde ela não tem suporte suficiente para expressar o seu potencial e se desenvolver como as outras. O mesmo está ocorrendo com os seus animais“.
Quando acabei de dizer, o gerente e o produtor olharam e falaram: “Como assim? Os animais estão lindos e sendo abatidos com ótimo rendimento de carcaça”. Pois bem, realmente os animais estavam muito bonitos e com ótimo desenvolvimento. Todos frutos de IATF, genética de ponta, matrizes Nelore de qualidade, pastagens de alta qualidade e sempre bem manejadas. Onde estava o “pulo do gato”? Suplementação. Os animais não tinham como expressar todo o seu potencial genético, já que o meio em que estavam limitavam seu potencial.
Fizemos então um desafio: “Três lotes de garrotes desmamados, seriam divididos de forma padronizada e seriam suplementados com sal branco, sal mineral e sal proteinado”. Ele aceitou e o desafio aconteceu por 56 dias. Com pesagens a cada 28 dias.

Como apresentado na tabela abaixo, os ganhos com a suplementação foram significativos, já que permitimos ao animal expressar o seu potencial genético. Veja que a diferença entre o sal comum e o sal mineral, corresponde, a um acréscimo de 9,35 kg de carne. Se pegarmos o valor do preço de R$ 5,00 por kg, temos um ganho de R$ 46,80, frente a um investimento de no máximo R$ 3,00 gastos com o suplemento mineral.

Como os pastos não suprem todas as necessidades minerais dos animais é importante fazer a suplementação de forma correta utilizando uma mistura com todos os macro e micro elementos no concentrado.
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Deixo agora o questionamento: “Por quê você não suplementa os seus animais durante todo o ano?”. Pense nisso, o uso de pequenas tecnologias como a nutrição de qualidade, pode fazer com que a sua produtividade seja lucrativa.
