Produtor pode ter acesso a crédito rural de fundos internacionais

Diante das recentes suspensões do governo federal a 9 linhas de financiamento agropecuário pelo banco BNDES; veja algumas alternativas

Na véspera da reabertura dos protocolos de recebimento de pedidos de novos financiamentos agropecuários, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) suspendeu nove linhas de crédito rural. O motivo para essa suspensão é, de acordo com o BNDES, o elevado nível de comprometimento dos recursos financeiros disponíveis.

Ao se analisar o mercado de crédito agrícola no Brasil, resta evidente que as fontes de financiamento de crédito são muito mais acessíveis a grandes produtores, enquanto os pequenos e médios produtores rurais ficam limitados à fontes de créditos convencionais, como as disponibilizadas pelas grandes instituições financeiras nacionais, que impõem, ainda, uma série de dificuldades na obtenção desses créditos que, na maioria das vezes, acabam sendo insuficientes para a atividade desempenhada.

De acordo com a Secretaria Nacional da Agricultura Familiar e Cooperativismo, o agronegócio é responsável por 21,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil e, deste total, cerca de 25% é proveniente da agricultura do pequeno e médio produtor rural. A instituição vai além, informando ainda que, de todas as propriedades rurais existentes no Brasil, cerca de 84% pertencem a pequenos e médios agricultores que, em sua maioria, ficam responsáveis por boa parte do abastecimento interno do Brasil, enquanto os grandes latifundiários se preocupam com a exportação das suas produções.

Mulher do campo. Produtora rural. Café gourmet. Colheita de café manual
Foto: Wenderson Araujo / Trilux

Crédito ainda é muito caro

Nilson Leitão, presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), explica que os acordos de cooperação estarão focados principalmente na área educacional. Segundo ele, “o acesso ao crédito ainda é muito caro e nem todo produtor rural consegue ter. A indústria também precisa de crédito mais barato”.

O superintendente da CVM, Bruno Gomes, afirma que o agronegócio necessita de R$ 1 trilhão de recursos ao ano. Ele explica que o setor tem acesso a cerca de R$ 300 bilhões por meio de crédito subsidiado (Plano Safra) e R$ 300 bilhões são de capital próprio. Segundo Gomes, outros recursos na faixa de R$ 300 bilhões a R$ 500 bilhões são obtidos por meio de empréstimos e somente alguma parcela tem origem em financiamentos por meio o mercado de capitais.

“Há um interesse crescente dos pequenos e médios produtores rurais, além de outros elos da cadeia do agronegócio, em acessar o mercado de capitais para se financiar, bem como dos investidores nas ofertas do setor”, ressalta Gomes. “Há espaço para o mercado de capitais suprir R$ 600 bilhões de crédito ao produtor rural. Em cinco anos, estamos falando de R$ 3 trilhões de operações em estoque”, conclui.

Conjunto John Deere no plantio
Foto: João Paulo Farias

Opções de crédito rural no mercado

Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners explica que a saída mais viável ao pequeno e médio produtor rural, neste momento, seja a busca por crédito fora do país.

Através de linhas acessíveis ao produtor rural brasileiro, é possível buscar crédito em fundos americanos e europeus com um período de carência que possibilite o tempo necessário para o agricultor plantar e colher.

Confira nossa entrevista com o executivo da Savel Capital:

De acordo com Luciano, especialista em captação de crédito internacional, este cenário fica ainda mais preocupante quando consideramos que, além desse corte nas linhas de crédito no BNDES, precisamos também considerar que o mercado de crédito está ‘se fechando’ por conta de toda a instabilidade econômica ainda vivenciada no Brasil.

“O pequeno e médio produtor, assim como a maioria dos empresários brasileiros, ficam limitados às ‘migalhas’ disponibilizadas pelos bancos brasileiros, que são insuficientes para a manutenção da sua atividade laboral. Por isso, os pequenos produtores sempre contam com financiamentos do BNDES. Agora, com pouquíssimo acesso a empréstimos e financiamentos bancários somado ao corte de 9 linhas de crédito do BNDES, o desespero ‘bate à porta’ da agricultura familiar, que representa quase que a totalidade do abastecimento nacional, o que pode ser um colapso.”, analisa Bravo.

O especialista alerta para o fato de que, fora do Brasil, existem diversos investidores dispostos a aportar investimentos no país, incluindo o setor agropecuário, o que pode ser uma saída muito viável para a manutenção da estabilidade agropecuária nacional, principalmente por conta das melhores condições de juros, a maior facilidade no acesso ao crédito e a tributação completamente diferente e mais vantajosa, quando da tomada de investimento internacional.

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