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Projeto proíbe o nome “carne” em produtos veganos

Deputado do PSL quer proibir termos como “carne de soja” em produtos. Segundo Nelson Barbudo (PSL-MT), objetivo seria evitar propaganda enganosa e consequente concorrência com produtos de origem animal.

O deputado federal Nelson Barbudo (PSL-MT) protocolou na última terça-feira (14) um projeto de lei para proibir o uso da palavra carne e seus sinônimos em embalagens, rótulos e publicidade de alimentos que não sejam de origem animal.

No texto, o parlamentar, que é produtor rural e membro titular da comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, defende que termos como bife, hambúrguer, filé, bacon e linguiça, por exemplo, sejam restritos apenas a “tecidos comestíveis de espécies de açougue, englobando as massas musculares, com ou sem base óssea, gorduras, miúdos, sangue e vísceras, podendo os mesmos ser in natura ou processados”.

A proposta defende ainda que o uso dos termos, como é feito atualmente, induz o consumidor a crer que está ingerindo “alimento nutricionalmente similar à carne

Como justificativa da proposta, o texto faz alusão a uma decisão favorável da Assembleia Nacional Francesa, de 2018, de proibir que a nomenclatura de produtos à base de plantas seja associada a produtos de origem animal, o que configuraria propaganda enganosa e, de uma forma geral, resultaria em uma concorrência dos produtos de origem vegetal com os de origem animal.

A proposta defende ainda que o uso dos termos, como é feito atualmente, induz o consumidor a crer que está ingerindo “alimento nutricionalmente similar à carne, quando na verdade, está ingerindo extratos e polpa de frutas, que não possuem o mesmo caráter nutricional”.

Para Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, apesar da decisão de se criar uma diferenciação na terminologia de produtos de origem animal e vegetal ser uma tendência mundial, o movimento carrega em si uma inconsistência.

— Vemos com bons olhos a postura de se deixar as coisas mais claras na publicidade de alimentos, isso vem ocorrendo no mundo todo. Por esse motivo, seria coerente se também fosse proibido colocar propagandas de animais felizes, sendo que a realidade é totalmente inversa. Se fosse para dar uma clareza, teria que ser igual para todo mundo — argumenta.

Laurino avalia ainda que o crescimento do mercado de proteínas alternativas à carne e de produtos vegetarianos e veganos, de uma forma geral, contribuiu para a criação do projeto de lei.

— Muitas pessoas estão procurando por esses tipos de produto, é de fato um mercado em expansão. Então é natural que haja uma reação por parte da indústria da carne, apesar da produção de proteínas alternativas ainda ser incipiente no Brasil — diz.

Mercado em crescimento

Pesquisa do IBOPE Inteligência conduzida em 2018 apontou que 14% da população brasileira se declara vegetariana, um crescimento de 75% em relação a 2012, quando a última contagem havia sido feita.

De acordo com o primeiro Relatório de Mercado focado no mercado plant-based (à base de plantas) no Brasil, lançado este ano pelo The Good Food Institute, quase 30% dos brasileiros — cerca de 60 milhões de pessoas — decidiram reduzir o consumo de produtos de origem animal nos últimos anos.

Segundo a pesquisa, o chamado mercado de alimentos saudáveis no país é o 5º maior desse setor no mundo, com crescimento de 20% ao ano — enquanto a média mundial anual de expansão do setor é de 8%.

No entanto, o levantamento aponta que, como ainda existem poucas opções de proteínas alternativas disponíveis no Brasil, a projeção de demanda desses produtos é feita a partir do que os consumidores que estão reduzindo o consumo de alimentos de origem animal dizem sentir falta.

Atualmente, não há dados concretos sobre o fornecimento de carne de origem vegetal no Brasil. O relatório da GFI apontou que o mercado de proteínas alternativas à carne é composto por menos de 60 empresas, que, em sua maioria, produz e vende localmente.

Mesmo com esse mercado relativamente pequeno, as tendências do setor indicam que a demanda por proteínas alternativas não está sendo atendida atualmente e se mostra como um nicho promissor para novas empresas e produtos do segmento.

Fonte: Gaucha ZH

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