
O Canchim tem se destacado não apenas pela rusticidade, mas também pelos avanços contínuos em melhoramento genético, focados em aprimorar a qualidade da carne
A Feicorte 2025, uma das maiores feiras de pecuária de corte do Brasil, reuniu os principais players do setor para discutir inovações, genética e sustentabilidade na produção de carne. O evento, que aconteceu em Presidente Prudente, interior de São Paulo, serviu como palco para apresentar as raças que estão revolucionando a pecuária nacional, com destaque para o Canchim, representado por criadores e pela presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Canchim, Kika Ribeiro.
A pecuária de corte brasileira vive um momento de transformação, com demandas por eficiência produtiva, bem-estar animal e qualidade da carne. Nesse cenário, a Feicorte 2025 se consolidou como um espaço essencial para divulgar avanços genéticos e tecnologias que impulsionam o setor. Durante o evento, Kika Ribeiro destacou o papel do Canchim nessa evolução, reforçando sua rusticidade, precocidade e alto rendimento de carne.
“O Canchim é um produto genuinamente brasileiro, formado por 3/8 de zebu e 5/8 de charolês. Herdamos do zebu a rusticidade e do charolês a precocidade, resultando em animais pesados e de alta produtividade”, explicou Kika. Ela ainda ressaltou a importância da pesquisa científica: “Por ser uma raça desenvolvida pela Embrapa, o Canchim é uma das mais estudadas no país, com mais de mil artigos publicados. Isso nos dá respaldo técnico para continuar melhorando a genética”.
Melhoramento genético e qualidade da carne
O Canchim tem se destacado não apenas pela rusticidade, mas também pelos avanços contínuos em melhoramento genético, focados em aprimorar a qualidade da carne. Há cerca de 15 anos a raça promove Avaliações de Desempenho (PCAD) e Teste de Eficiência Alimentar (TEA), que avaliam características essenciais como marmoreio, área de olho de lombo e espessura de gordura. Esses critérios são fundamentais para atender às exigências do mercado, que busca carne macia, suculenta e bem marmorizada.
Outro destaque da raça é a adoção do Teste de Consumo Alimentar Residual (CAR), uma metodologia avançada que mensura a eficiência nutricional dos animais. “O CAR nos permite identificar e selecionar os exemplares que convertem alimento em carne com maior produtividade, consumindo menos recursos”, explicou Kika Ribeiro.
Essa inovação é estratégica para o setor, pois reduz custos de produção, minimiza impactos ambientais e aumenta a rentabilidade – fatores cruciais para manter a competitividade do Brasil no mercado global de carne. Ao investir em genética comprovadamente eficiente, o Canchim não apenas eleva o padrão de qualidade da carne brasileira, mas também responde a um dos maiores desafios da pecuária moderna: produzir mais com menos, aliando sustentabilidade e excelência zootécnica.
Resultados comprovados em provas técnicas
Dados recentes mostram que o Canchim tem superado expectativas. Em avaliações realizadas pelo Instituto de Zootecnia (IZ), animais da raça alcançaram até 6,22 mm de espessura de gordura, índices que competem com raças europeias tradicionalmente conhecidas pelo acabamento premium. “Tivemos um animal campeão com 4,99 mm de gordura, e outros com medidas ainda maiores. Isso desmistifica a ideia de que o Canchim não tem bom acabamento”, afirmou Kika Ribeiro. Esses resultados reforçam o potencial da raça para produzir carne de alta qualidade, aliando produtividade a padrões internacionais.
Genética desperta interesse do mundo
Os criadores da raça Canchim marcaram presença na Feicorte com um expressivo pavilhão, que recebeu dezenas de animais e grande fluxo de visitantes. A diversidade de público – incluindo criadores, pesquisadores e interessados na genética da raça – foi um dos destaques do evento, conforme relatou Emílio Gouveia, titular do Canchim Mangalba de Tombos (MG).
“Tivemos ao longo do evento busca de parcerias na produção de embriões, recebemos consultas sobre a produção de embriões por criadores da Costa Rica (América Central), que já importam sêmen de Canchim por meio da Central Alta Genetics”, destacou Gouveia. Tivemos a visita de pecuaristas do Centro-Oeste e da região Norte e até uma comitiva de pesquisadores do Paquistão, que demonstraram especial interesse pela precocidade e capacidade produtiva da raça.
“Foi uma grata surpresa ver o entusiasmo deles. O Canchim foi claramente identificado como a raça que desejam testar em seus projetos. São mercados distantes que estão reconhecendo nossa qualidade genética”, comemorou o criador, reforçando o potencial internacional da raça brasileira.
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“Além da presença da presidente Kika Ribeiro e do criador Emílio Gouveia, o pavilhão do Canchim na Feicorte contou com a participação de outros importantes nomes da raça: Adriano Lopes, da renomada Ilma Agropecuária, trouxe exemplares de seu plantel que se destacaram nos testes de eficiência alimentar, enquanto Valentin Suchek, do Canchim Canta Galo, apresentou animais que reforçaram as características de rusticidade e precocidade da raça. Essa união de grandes criadores na feira demonstrou a força coletiva do Canchim no cenário da pecuária nacional”, destacou a organização do evento.
Adriano Lopes comemorou os resultados comerciais alcançados durante a feira: “Concretizamos duas importantes vendas de sêmen do nosso touro em destaque na feira para a Costa Rica e Paraguai. A América Latina tem se consolidado como um excelente mercado para nossa genética, demonstrando crescente interesse pelos resultados consistentes que nossos animais vêm apresentando” – celebrou o criador.

Futuro promissor e valor agregado
Com um trabalho contínuo de seleção genética, o Canchim está se tornando uma opção viável para produtores que buscam eficiência e rentabilidade. A raça combina a adaptabilidade ao clima tropical com a capacidade de produzir carne nobre, atendendo tanto ao mercado interno quanto às exportações. “O Canchim não é apenas rústico; ele entrega carne de qualidade e desempenho comprovado em campo”, destacou Kika. Com investimentos em pesquisa e divulgação, a tendência é que a raça ganhe ainda mais espaço no cenário da pecuária de corte nacional.
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Além da exposição de cerca de 20 animais, incluindo exemplares rústicos e funcionais, a associação presenteou os participantes com brindes como uma revista comemorativa dos 70 anos do Canchim, bonés e canecas personalizadas. “É uma forma de celebrar nossa história e mostrar que o Canchim está mais vivo do que nunca”, concluiu Kika.
Com sua participação na Feicorte 2025, o Canchim reafirmou seu lugar como uma das raças mais promissoras para a pecuária de corte, aliando produtividade, adaptabilidade e qualidade superior de carne.
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