Reabertura da China está em fase final, diz Tereza Cristina

Ela disse que mantém conversas eminentemente técnicas com os chineses e que a troca de informações necessárias para a reabertura do mercado está em fase final.

Durante essa semana, após um comunicado da Agrifatto, o mercado foi pego de surpresa com uma “pitada de esperança”, já que a informação era de que o primeiro lote de carne brasileira havia sido liberado pela China. Entretanto, conforme anunciado pelo Portal, era necessário aguardar um posicionamento do MAPA, e as notícias acabaram não sendo as melhores, já que a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, negou que havia tido qualquer movimentação. Mas ela deixou uma luz no fim do túnel!

Ainda durante a sua entrevista a CNN, ela negou que a relação diplomática entre Brasil e China esteja estremecida e afirmou não ver como ato político a manutenção do bloqueio chinês à carne bovina brasileira, que já dura quase dois meses. Ela disse que mantém conversas eminentemente técnicas com os chineses e que a troca de informações necessárias para a reabertura do mercado está em fase final. Isso é um bom sinal para o mercado da carne brasileira.

Em entrevista à CNN, a ministra esclareceu que, até o momento, nenhuma carga brasileira de carne entrou na China. No dia 27 de outubro, circulou a informação de que uma carga havia sido liberada no porto de Xangai. O Valor informou que houve apenas uma sinalização com o pedido da documentação necessária para o ingresso do produto em território chinês. 

“Temos contêineres chegando à China, mas ainda não houve liberação de nenhum”, disse. Tereza Cristina não estipulou prazo para a reabertura das exportações, mas refutou a possibilidade de que o embargo seja uma retaliação às críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro ao país asiático. 

As exportações foram suspensas voluntariamente pelo Brasil, como manda o protocolo bilateral, em 4 de setembro, após a identificação de dois casos atípicos do mal da “vaca louca” em Mato Grosso e Minas Gerais. “Eles pedem informações sobre a análise de risco do sistema brasileiro para fazer essa detecção”, afirmou na entrevista. 

As conversas lideradas pela Pasta ainda não evoluíram para um desfecho, mas a ministra espera que a reabertura aconteça no “curtíssimo prazo”. “Estamos avançando (…) Dentro do que eles vêm pedindo de informações, agora estamos na fase final de informações”, emendou.

Tereza Cristina disse que não acredita que a morosidade para a liberação das cargas seja uma estratégia comercial para reduzir os preços da carne bovina importada pela China. “Isso são estratégias, políticas internas, mas a parte sanitária o Ministério da Agricultura tem tratado com lisura e transparência para que não fique dúvida de que a gente pode garantir a qualidade dos nossos alimentos”. 

Com o aumento recente da produção interna e do estoque de carne suína na China, a queda das exportações da proteína bovina brasileira já era esperada, disse a ministra. A urgência para a retomada dos embarques, lembra ela, deve-se ao fato de o produto já estar pronto e, em grande parte, pago pelos chineses.

“A carne está pronta e não tem mais qualquer risco, mas os técnicos precisam dar o ok para que a gente possa mandar, até porque 40% dessa carne os exportadores brasileiros recebem mesmo antes de ela chegar à China”, pontuou.

Mas, quando a China irá retomar as compras?

A resposta dessa pergunta vale mais de US$ 2,5 bilhões, considerando que o mercado chinês é responsável por quase 60% das exportações de carne bovina brasileira.

Tudo indica que  os bons ventos podem soprar o ano que vem para a pecuária novamente, se depender da fome chinesa, segundo Marcos Jank, professor sênior de agronegócio no Insper e coordenador do centro Insper Agro Global.

“A China vai precisar de mais carne este ano e ano que vem também, especialmente de carne bovina”, diz Jank. Ele foi um dos analistas convidados, assim como o agrônomo Alexandre Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Agro, que também prevê um horizonte positivo para a pecuária brasileira.

“Em 2020, a pecuária viveu o momento espetacular e o mesmo deve se repetir em 2021 e seguir até 2022”, diz Barros. Para ele, a demanda de carne por parte da China pode se manter aquecida por que há fortes indícios de baixa oferta de proteína animal, apesar dos esforços do país em recompor seu rebanho de suínos.

“Importante destacar a recuperação rápida da China, perante a Covid-19, e também da peste suína africana, que foi avassaladora e teve impacto muito maior que o novo coronavírus no mercado de carnes. Ninguém imaginava que a China perderia 40% de seu rebanho”, afirma Barros.

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