Sexta-feira 13 e os mistérios no campo: os enigmáticos agroglifos

Desde 2008, cidade de Santa Catarina é palco de desenhos geométricos perfeitos em plantações de trigo – conhecidos como agroglifos; fenômeno ainda gera teorias que vão de alienígenas a ações humanas organizadas.

A famosa superstição em torno da sexta-feira 13 ganha contornos ainda mais misteriosos quando associada aos acontecimentos que, há mais de 15 anos, intrigam moradores, pesquisadores e curiosos no interior de Santa Catarina. O pequeno município de Ipuaçu, com pouco mais de 7 mil habitantes, se transformou em um dos maiores pontos de atenção da ufologia no Brasil por ser palco recorrente dos chamados agroglifos — desenhos geométricos que aparecem repentinamente em plantações, geralmente de trigo, sem explicação clara sobre sua origem.

Agroglifos são desenhos circulares ou padrões geométricos impressos no campo por meio do achatamento preciso das plantas, sem danificá-las completamente. Embora sua aparência lembre fenômenos naturais, como marcas de vento ou tempestades, a complexidade de muitos dos registros desafia explicações convencionais.

Em Ipuaçu, essas figuras começaram a surgir em 2008, sempre durante a primavera, geralmente entre outubro e novembro — e não raramente próximas à simbólica data de sexta-feira 13, o que contribui para o ar de mistério. O fenômeno ocorre com tamanha frequência que o município já foi apelidado por especialistas e entusiastas como a “capital nacional dos agroglifos”.

Agroglifo registrado em Ipuaçu-SC Foto: Divulgação

A origem dos agroglifos em Santa Catarina — e em outras partes do mundo — permanece envolta em dúvidas e controvérsias. As principais teorias incluem:

  • Fenômenos naturais, como redemoinhos de vento ou tempestades localizadas, capazes de achatar as plantas em padrões aleatórios.
  • Intervenção humana, em ações que podem ir desde manifestações artísticas a estratégias publicitárias.
  • Ação de seres extraterrestres, teoria mais popular entre ufólogos, baseada na precisão dos desenhos e na falta de rastros típicos de presença humana.

“Alguns desenhos têm dimensões que ultrapassam os 50 metros de diâmetro, com simetria milimétrica. Isso leva muitos a acreditarem que não são obra de brincalhões locais”, afirma um dos estudiosos do tema, o jornalista e ufólogo Ademar José Gevaerd, que acompanhou in loco diversos casos em Ipuaçu antes de falecer em 2022.

Embora haja registros de agroglifos em outras cidades do Sul do Brasil — principalmente no Paraná e no norte do Rio Grande do Sul —, Ipuaçu se destaca pela constância e visibilidade dos casos. Desde o primeiro registro em 2008, quase todos os anos são documentados novos desenhos, sempre em plantações de trigo às margens de rodovias ou de fácil acesso.

Foto: Divulgação

Curiosamente, os produtores locais relatam nenhuma perda significativa de produtividade nos locais onde os desenhos aparecem. As plantas amassadas geralmente não morrem e, muitas vezes, continuam o processo de maturação normalmente, o que afasta hipóteses de vandalismo agrícola.

Apesar do fascínio e da repercussão internacional — o fenômeno já foi reportado por veículos como Discovery Channel e History Channel —, a comunidade científica permanece cética. Agrônomos e meteorologistas afirmam que os desenhos poderiam ser feitos com ferramentas simples e planejamento técnico, e que o silêncio em torno da autoria poderia ser apenas uma escolha deliberada para manter o mistério.

Há também registros de agroglifos utilizados como ações de marketing, tanto no Brasil quanto no exterior, o que reforça a tese de que boa parte desses desenhos são planejados por humanos.

Mesmo com as dúvidas, o fenômeno já se transformou em atrativo turístico e cultural para Ipuaçu. A cada novo agroglifo, visitantes e entusiastas da ufologia viajam ao interior catarinense para fotografar e tentar decifrar os símbolos. O fenômeno rendeu, inclusive, o título de “patrimônio imaterial” da cidade, segundo a própria prefeitura.

Nos últimos anos, drone pilots e produtores de conteúdo digital têm aproveitado os agroglifos como pano de fundo para vídeos enigmáticos, contribuindo para a propagação do fenômeno nas redes sociais, especialmente quando coincide com datas simbólicas como a sexta-feira 13.

Em resumo, os agroglifos continuam sendo um dos fenômenos mais misteriosos do campo brasileiro. Seja como arte, brincadeira ou sinal de vida inteligente além da Terra, os desenhos em Ipuaçu revelam como o imaginário rural e o desconhecido se entrelaçam de forma única, especialmente em datas que já carregam superstições — como a sexta-feira 13. Uma combinação perfeita entre mistério, tradição e fascínio coletivo.

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