Suinocultores rondonenses cobram medidas efetivas dos governos

Situação é mais crítica para os produtores independentes. Já os integrados têm sofrido menos o impacto da crise, amortecida pelas cooperativas e empresas que fazem a integração.

“A situação é caótica”. Foi assim que o produtor independente Verner Miguel Horn definiu o atual momento da suinocultura brasileira, cujos reflexos já são fortemente sentidos na região Oeste do Paraná, incluindo Marechal Cândido Rondon, município que é o segundo maior produtor de suínos do Estado.

O desabafo de Verner Horn e de muitos outros suinocultores foram feitos na tarde desta quarta-feira (06), durante audiência pública promovida pelo Poder Legislativo de Marechal Candido Rondon para debater a crise do setor.

Ao longo de três horas, suinocultores, especialistas e autoridades buscaram entender as causas do problema e, acima de tudo, encontrar soluções para sair desta que é considerada a maior crise em toda a história da atividade no país.

Proposta pelos vereadores Cristiano Metzner (Suko) e Vanderlei Sauer (Soldado Sauer), a audiência pública teve apoio de todo o Poder Legislativo de Marechal Cândido Rondon, que se empenhou em trazer para o evento pessoas de renome e de forte atuação no setor suinícola.

Participações

A convite da Câmara de Vereadores, participaram o prefeito Marcio Rauber; Cesar da Luz, diretor do Grupo Agro 10; Sérgio Barbian, presidente da Associação Municipal de Suinocultores (AMS); César Petri, representante do Sindicato Rural; Geni Bamberg, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Oeste do Paraná (Assuinoeste); Ricardo Chapla, presidente da Copagril, que também representou a Frimesa; e João Antônio Fagundes Salomão, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O presidente da Câmara de Vereadores de Toledo, Leoclides Bisognin; e o secretário de Agricultura de Marechal Cândido Rondon, Adriano Backes, também fizeram uso da palavra, assim como parte do público presente.

O secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, havia confirmado participação virtual, mas devido compromissos de última hora foi representado pelo analista Edmar Wardensk Gervásio, do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná.

Causas

Durante a audiência, ficou mais uma vez demonstrado o impacto que teve na suinocultura brasileira a drástica diminuição da exportação da carne para a China.

Este país, em 2019, sofreu forte crise sanitária na atividade e consequente redução do plantel de suínos. Esse fato motivou o incremento da produção de carne pelos suinocultores brasileiros para suprir aquele mercado.

A previsão de forte venda aos chineses era estimada em cerca de dez anos. Contudo, em menos de três anos a China restabeleceu o seu plantel e diminuiu a importação do Brasil, fazendo com que houvesse excesso de oferta de carne suína no mercado interno brasileiro, o que derrubou os preços do produto.

Ainda foi apontado o crescimento da suinocultura em outros países que costumavam importar a carne brasileira, com é o caso da Rússia, que hoje é praticamente autossuficiente na produção de suínos.

Aliado a isso, os altos preços do milho e da soja, que são componentes importantes da ração utilizada na suinocultura, aumentou significativamente os custos da atividade nos últimos meses, praticamente inviabilizando a rentabilidade.

Hoje, o custo para produzir um quilo de carne suína é de aproximadamente R$ 7 e o suinocultor acumula um prejuízo médio de R$ 1,50 por quilo produzido.

A situação é mais crítica para os produtores independentes. Já os suinocultores integrados têm sofrido menos o impacto da crise, amortecida pelas cooperativas e empresas que fazem a integração. Contudo, estas também não sabem por quanto tempo poderão suportar os prejuízos.

Alternativas

Durante a audiência pública foram apresentadas propostas para amenizar os impactos imediatos da crise e dar um novo impulso para a suinocultura nacional.

Entre elas estão a prorrogação do prazo de pagamento de financiamentos e redução na alíquota do ICMS no Paraná sobre as vendas interestaduais de suínos, pelo menos até o final do ano, e não somente até este mês, como anunciado pelo Governo do Estado.

Também foi solicitada a continuidade e ampliação dos benefícios concedidos ao homem do campo nas faturas de energia elétrica no Paraná.

Outra demanda foi para que os governos municipais, estaduais e federais aumentem a compra de carne suína para atender a merenda escolar, os refeitórios de servidores públicos e do sistema prisional.

Além disso, a necessidade de uma melhor regulação de toda a cadeia da suinocultura, a fim de evitar excesso de produção, foi apontada como essencial.

Encaminhamento

Os vereadores Suko e Soldado Sauer avaliaram como positiva a audiência pública, pois ela cumpriu os objetivos de ouvir as demandas dos suinocultores.

“Não somos nós, os vereadores, que sozinhos vamos conseguir resolver a crise. Mas, temos que contribuir da forma que podemos, que é cobrando as autoridades que têm competência para decidir. Somos instrumentos dos suinocultores nesta luta”, afirmaram.

Os principais problemas elencados e demandas apresentadas serão compilados em um documento, o qual será encaminhado pelo Poder Legislativo rondonense aos deputados que representam a região, para que cobrem das autoridades estaduais e federais medidas que venham socorrer e garantir a recuperação da suinocultura brasileira, o que irá beneficiar diretamente a economia da região.

Fonte: O presente
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