A produção de energia solar em propriedade rurais é crescente no País. Uma grande tecnologia que vem ganhando cada vez mais espaço!
Este ano, antes mesmo do final do primeiro semestre, já foram produzidos 32.963 kWp, número que corresponde a 86% do total gerado em todo o ano de 2018, que foi de 38.241 kWp, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em 2015, esse número era de apenas 156 kWp. E outras fontes renováveis de energia também vêm ganhando relevância na agricultura. O tema foi debatido ontem, no VI Seminário Ambiental – Mudanças Climáticas e Formas Alternativas de Energia, promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg).
Vice-presidente da Faemg, Rodrigo Alvim considera que uma série de fatores contribui para que o uso das energias renováveis avance na agricultura. Entre essas questões está o custo da energia. Ele considera que, com a produção própria de energia, o agricultor ganha um diferencial para o próprio negócio, tanto do ponto de vista financeiro como da atualidade do tema sustentabilidade.
Outro ponto citado por Alvim é a constante incerteza sobre a manutenção do subsídio que o agronegócio tem em contas de luz. Os descontos giram entre 10% e 30%, mas podem ser alterados. O tema foi alvo de decreto assinado no ano passado pelo ex-presidente Michel Temer, mas com alterações.
Diretor-presidente da empresa Blue Sol Energia Solar, o empresário Nelson Colaferro foi um dos palestrantes do VI Seminário Ambiental da Faemg. Ele considera que, entre os fatores que impulsionam o avanço da energia fotovoltaica nas propriedades rurais está o aumento nas tarifas de energia elétrica, ocorrido inclusive devido à crise hídrica. E, junto a esse cenário, o preço da tecnologia de instalação dos sistemas de geração de energia fotovoltaica sofreu queda. “É um fator financeiro decisivo, e as pessoas estão preocupadas com o fator sustentabilidade”, diz.
Além disso, houve uma revisão regulatória em 2015, possibilitando que os financiamentos para sistemas fotovoltaicos em propriedades rurais tenham melhores condições. Dessa forma, a taxa de juros média para tais projetos gira em torno de 12% a 18% ao ano, enquanto para o agro o percentual é de 6% a 10%. A estimativa é de que o investimento se pague no prazo médio de seis anos.
Colaferro considera que a tendência é que a tecnologia fotovoltaica continue avançando, inclusive em propriedades rurais. “É uma tendência no mundo. É a possibilidade de gerar sua própria energia, de maneira limpa, sustentável, sem grandes estruturas”, disse.
O modelo, segundo ele, é disruptivo, pois rompe com o sistema tradicional, que tem o consumidor como “cativo”. A tecnologia fotovoltaica possibilita que a pessoa produza e consuma a própria energia que gerou.
Ele explica que o modelo de geração distribuída prevê a produção de energia próxima ou na própria unidade consumidora, que pode ser casa, empresas, indústrias. O excedente gerado é jogado na rede e pode ser utilizado quando for necessário. O modelo atual não permite a venda do excedente.
Regulação – Diretor da empresa SolarVolt, Gabriel Guimarães, que também participou do evento na Faemg, informou que o atual sistema de compensação previsto no sistema de geração distribuída de energia deve ser alterado, com mudanças na Resolução 482 da Aneel. Ele explica que, pelo modelo atual, o sistema prevê que, para cada 1 kWh gerado é compensado 1 kWh. Com as alterações, essa compensação ficará menos vantajosa.
A mudança ocorre, inclusive, por pressão das distribuidoras, que querem uma remuneração maior pelo serviço. Segundo Guimarães, mesmo com perda de parte dos resultados, o investimento continuará sendo bom e rentável. A norma atual deve ser mantida até o final de 2020.
Empresário zera conta com adoção de placas
O fazendeiro e empresário Edvaldo Lôbo Alkmim é proprietário de uma padaria na cidade de Manga, no Norte de Minas. A conta de energia elétrica do comércio custa, em média, R$ 11 mil. Implantando um sistema de placas fotovoltaicas em sua fazenda, a Vista Alegre, na mesma região, ele conseguiu zerar a conta de energia da padaria, ou seja, gerar créditos suficientes para cobrir seu consumo. E, também na sua propriedade rural, ele vem produzindo biogás a partir de dejetos. Além disso, a sujeira do chiqueiro está virando fertilizante.
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Alkmim relatou sua experiência, ontem, no VI Seminário Ambiental – Mudanças Climáticas e Formas Alternativas de Energia, da Faemg. Coordenadora da Assessoria de Meio Ambiente da Faemg, Ana Paula Mello considera que o caso da fazenda Vista Alegre é um exemplo, pois gera ativos econômicos e ambientais.
Ana Paula Mello informou que o evento está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Ela considera que não deve haver embate entre agronegócio e meio ambiente. Ela analisa que a produção deve ocorrer dentro dos critérios de sustentabilidade. E, por outro lado, as políticas ambientais devem levar em conta as especificidades do agro. “É necessário diálogo”, considera.
Fonte: Diário do Comércio.