100 anos da soja no Brasil: Dos primeiros grãos à liderança global

Desde suas modestas raízes até sua posição de destaque como líder mundial na produção do grão, a jornada da soja exemplifica não apenas o potencial agrícola do Brasil, mas também sua capacidade de inovação, resiliência e liderança no cenário global; confira

Há exatos 100 anos, um pequeno grupo de pioneiros deu início a uma jornada que viria a moldar o cenário agrícola do Brasil de maneira monumental. Em um gesto aparentemente simples, algumas sementes de soja, acomodadas dentro de uma garrafa, foram trazidas para o país, marcando o início de uma cultura que hoje é um dos pilares da economia nacional.

A história remonta ao ano de 1924, quando o pastor estadunidense Albert Lehenbauer distribuiu sementes de “feijão soja” para famílias da então colônia de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul. O cultivo inicial foi modesto, com as famílias plantando o grão em pequenas áreas para consumo próprio e alimentação animal. No entanto, o pastor estabeleceu uma condição crucial ao doar as sementes: metade da colheita deveria ser compartilhada com os vizinhos, estimulando assim a expansão do cultivo.

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Documentos históricos, como uma carta enviada por Helene Lehenbauer, esposa do pastor, em 1976, oferecem mais detalhes sobre esse período crucial. A carta descreve como o pastor, ao chegar ao Brasil em 1923, imediatamente iniciou o plantio das sementes, incentivando gradualmente o cultivo da soja entre os colonos da região.

Ao chegar aqui em 12 de novembro de 1923, o pastor imediatamente começou a plantar, o que subsequentemente rendeu mais grãos. Estes foram então distribuídos, fomentando gradualmente o cultivo da soja. A partir de 1924, ele os distribuiu para seus paroquianos”, descreveu Helene no documento.

Ainda segundo o texto, o pastor teria afirmado categoricamente que “a soja seria o futuro da agricultura no Brasil”. “O que ele queria era ajudar os colonos de suas congregações a progredir economicamente e intelectualmente para dar uma vida melhor para si e seus filho”, relatou a viúva.

O legado do pastor Lehenbauer como pioneiro da soja no Brasil é inegável. Sua visão de que a soja seria o futuro da agricultura brasileira ecoou através das décadas, impulsionando comunidades e transformando paisagens agrícolas.

Primeiros sojicultores

soja no brasil

Os primeiros sojicultores do Brasil, Gustavo Bessel, Bruno Schwartz, Manoel Brackmann e João Müller, foram os visionários que deram os primeiros passos na exploração desse novo horizonte agrícola. Recebendo as sementes de Albert Lehenbauer, esses agricultores ousaram experimentar uma cultura então desconhecida, pavimentando o caminho para o que se tornaria uma revolução na agricultura brasileira.

Com coragem e determinação, eles enfrentaram desafios e apostaram no potencial da soja, contribuindo para sua rápida disseminação e estabelecendo as bases para o crescimento exponencial que viria a seguir. Seus esforços pioneiros não apenas transformaram paisagens agrícolas, mas também abriram novas oportunidades econômicas e sociais para o Brasil, deixando um legado duradouro na história agrícola do país.

Evolução da soja no Brasil

Foto: Secom/MT

A história da soja no Brasil é uma narrativa de evolução e crescimento, que se estende desde suas modestas raízes até sua ascensão como líder mundial na produção do grão. Iniciando no Rio Grande do Sul como uma cultura secundária no cultivo de trigo, a soja gradualmente se estabeleceu como protagonista da agricultura gaúcha nos anos 70. Com sua adaptabilidade e alto retorno, rapidamente se tornou o principal produto explorado pelos agricultores, cobrindo milhões de hectares e impulsionando o desenvolvimento econômico da região.

À medida que os anos avançavam, a soja expandiu suas fronteiras, conquistando territórios no Centro-oeste brasileiro, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Investimentos maciços na agricultura por grandes grupos empresariais impulsionaram ainda mais o crescimento da produção, enquanto os desbravadores chegavam a novas fronteiras, como a região de Matopiba, nas décadas de 1980 e 1990. Este movimento contínuo culminou na década de 2010, quando o Brasil alcançou o status de maior produtor e exportador mundial de soja, superando os Estados Unidos.

Com a produção atingindo recordes impressionantes a cada safra, a soja brasileira não apenas contribui significativamente para a economia do país, gerando empregos e impulsionando a balança comercial, mas também se tornou uma força dominante no mercado global. Enquanto o Brasil continua a liderar o caminho na produção de soja, sua jornada de sucesso é um testemunho do potencial agrícola do país e de sua capacidade de enfrentar desafios e aproveitar oportunidades para o benefício de sua população e do mundo.

Maior produtor de soja no Brasil

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Foto: Allan Pasquini

Mato Grosso reafirmou sua posição como líder incontestável na produção agrícola brasileira, mantendo-se como o maior produtor de soja do país, entre outros produtos essenciais como milho e algodão. Em 2022, estado registrou um impressionante valor de produção agrícola de R$ 174,8 bilhões, representando um aumento significativo de 15,2% em relação ao ano anterior. Esse aumento robusto elevou a participação do estado no cenário nacional para impressionantes 21,1%, ultrapassando até mesmo São Paulo.

Com mais de um quinto do valor total da produção agrícola do país concentrado em suas terras férteis, MT continua a desempenhar um papel crucial no abastecimento alimentar e no desenvolvimento econômico do Brasil.

O município de Sorriso brilha como um dos principais protagonistas desse sucesso, liderando não apenas o estado, mas também o país em termos de valor de produção agrícola. Com um valor total de produção de impressionantes R$ 11,5 bilhões, Sorriso destaca-se como um centro vital de produção, especialmente em culturas como soja e milho. Como principal produtor de soja, com um valor de produção de R$ 5,8 bilhões, e milho, com R$ 4,2 bilhões, a cidade continua a ser um exemplo de excelência agrícola e um motor de crescimento para o agronegócio brasileiro.

Força motriz da economia nacional

A soja emerge como um dos pilares essenciais da economia brasileira, desempenhando um papel central no crescimento e na estabilidade econômica do país. Com uma contribuição significativa para o valor da produção agrícola, o grão tem sido um motor fundamental do crescimento econômico nas últimas duas décadas. Estimativas indicam que, em 2022, a soja representou cerca de 40% do valor total da produção agrícola, um testemunho claro de sua importância crescente. E o seu impacto vai além da agricultura, com o setor desempenhando um papel crucial no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Mais de 20% do crescimento econômico de 2023 foi atribuído à atividade de cultivo de soja, destacando sua influência significativa no panorama econômico do país.

A concentração regional da produção nas regiões Sul e Centro-Oeste reforça ainda mais seu papel como motor econômico nessas áreas. Estados como Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás emergem como líderes no cultivo, impulsionando não apenas a economia local, mas também as exportações nacionais. Em dezembro de 2023, as exportações de produtos do agro brasileiro alcançaram um valor significativo, com destaque para a soja em grãos, cujas exportações registraram um aumento substancial em volume e valor. Com a China como principal destino, as exportações de soja continuam a impulsionar o comércio internacional do Brasil, solidificando ainda mais o seu papel como uma força vital na economia brasileira.

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Dessa forma, a ascensão da soja como uma força motriz da economia brasileira é um testemunho do poder transformador da agricultura e do agronegócio. Desde suas modestas raízes até sua posição de destaque como líder mundial na produção do grão, a jornada da soja exemplifica não apenas o potencial agrícola do Brasil, mas também sua capacidade de inovação, resiliência e liderança no cenário global.

Como um dos principais produtos de exportação, a soja continua a impulsionar o crescimento econômico, gerar empregos e fortalecer a posição do Brasil como uma potência agrícola mundial, destacando sua importância estratégica para o futuro sustentável do país.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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