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A contribuição da SILP em solos arenosos

Sistema de Integração Lavoura-Pecuária favorece tanto as lavouras como as pastagens, gerando benefícios econômicos e ambientais.

Os solos de textura arenosa possuem baixa capacidade de retenção de água, aumentando os riscos de perdas por estiagens. Esse fato é agravado em regiões com clima quente e chuvas irregulares. Uma das regiões brasileiras que apresenta essas características é o noroeste do Paraná, com as menores produtividades médias de soja do estado e as maiores variações de rendimento da oleaginosa ao longo das safras. Além disso, em função da degradação da qualidade do solo, há predomínio de pastagens perenes com baixa produtividade e sérios problemas de erosão. Várias regiões brasileiras apresentam características similares, o que gera grande desafio de aumentar a produtividade econômica dessas áreas.

O cultivo de grãos, sobretudo a soja, em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (SILP) é uma oportunidade para otimizar o uso de solos arenosos. As primeiras práticas necessárias para a implantação correta da soja em áreas de pastagem degradada são a correção de desníveis, a calagem, a gessagem e a fosfatagem, seguindo as recomendações técnicas. Dessa forma, a inserção da soja permite a correção química do solo com retornos econômicos no curto prazo, em função do ciclo curto da cultura.

Por outro lado, quando a soja é cultivada por várias safras consecutivas, há degradação física do solo e empobrecimento de atributos biológicos, como o carbono da biomassa microbiana. Isso ocorre porque a soja possui reduzido crescimento de raízes e baixa produção de biomassa. A reintrodução de pastagens perenes contribui para a restruturação do solo, por meio do crescimento vigoroso das raízes e da alta produção de biomassa, bem como para alavancar a atividade biológica do solo. Para isso, é fundamental o ajuste da lotação animal que permita a manutenção da altura de plantas recomendada para cada espécie forrageira.

Em solos arenosos, a cobertura permanente com plantas ou com palha é um dos fundamentos do SILP. A cobertura do solo reduz as perdas de água por evaporação, o que é relevante em solos com baixa capacidade de armazenamento de água disponível às plantas. A redução dos picos de temperatura do solo nas horas mais quentes do dia é outro importante benefício da cobertura do solo, com reflexos positivos sobre a absorção de água e nutrientes pelas raízes, bem como sobre a eficiência de processos intermediados por microrganismos, como a fixação biológica do nitrogênio. Além disso, a cobertura do solo minimiza o processo erosivo, diminui o selamento superficial, favorece o plantio da soja e reduz a emergência de plantas daninhas. Nesse sentido, é fundamental o planejamento das espécies a serem cultivadas ao longo do tempo, evitando que o solo fique descoberto.

Um modelo de SILP que pode ser utilizado como referência em solos arenosos é a rotação de dois anos com pastagem perene com dois anos de soja. Entre as duas safras de soja é cultivada pastagem anual, de tal forma que na primavera/verão metade da área da fazenda é utilizada com soja e a outra metade com pastagem perene.

No outono/inverno, toda a área cultivada da fazenda é ocupada com pastagens. Assim, na época de menor produção de forragem (outono/inverno) há maior área para produção animal. Nesse modelo, quando a forragem começa a reduzir a produtividade, depois de dois anos de pastejo, a soja retorna à área e, após dois anos com soja, quando já há indícios de degradação física e biológica do solo, a pastagem perene é reintroduzida. Esse é apenas um modelo de SILP, o qual deve ser ajustado para cada situação.

Nas últimas duas décadas, houve evolução significativa na geração de conhecimentos e tecnologias para viabilizar o SILP em solos arenosos e clima quente, o que permitiu o aumento do uso desse sistema de produção no Brasil. No entanto, são necessários planejamento e assistência técnica especializada, focando em altas produtividade e rentabilidade do sistema de produção como um todo. Certamente o SILP contribuirá significativamente para o fortalecimento do agronegócio brasileiro, conciliando rentabilidade com conservação dos recursos ambientais.

Fonte: Globo Rural

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