A importância da rastreabilidade na indústria de carne bovina

A jornada de rastreabilidade envolve uma série de práticas e cuidados que são essenciais para garantir a qualidade dos produtos finais.

O conceito de rastreabilidade bovina abrange a busca minuciosa por todos os estágios pelos quais um animal passa desde o seu nascimento até chegar ao mercado para consumo. No contexto em que os consumidores estão cada vez mais atentos à qualidade e origem dos produtos que adquirem, a demanda por alimentos de procedência conhecida e confiável tem crescido significativamente. Com mais de 224 milhões de cabeças de gado no Brasil, a magnitude desse rebanho pode apresentar desafios consideráveis em termos de controle e acompanhamento.

Diante desse cenário, onde a quantidade de animais é elevada e os consumidores se tornam mais exigentes, é fundamental um esforço meticuloso para monitorar todas as etapas da vida dos bovinos, desde o seu nascimento até o momento do abate. Essa jornada envolve uma série de práticas e cuidados que são essenciais para garantir a qualidade dos produtos finais. Detalhes como esses, que representam diferenciais importantes, devem ser compartilhados com os consumidores, que têm o direito de conhecer a origem e os cuidados envolvidos na produção dos alimentos que consomem.

Nesse contexto, a produção de carne bovina é um processo complexo que envolve diversos agentes e estágios, o que torna o rastreamento uma tarefa desafiadora. Com o intuito de fornecer uma compreensão mais clara sobre esse procedimento, exploraremos as principais vantagens e dificuldades associadas à implementação da rastreabilidade da carne bovina no Brasil. Acompanhe para saber mais!

O que implica a rastreabilidade da carne?

A rastreabilidade da carne refere-se ao processo de acompanhar toda a cadeia de produção de carne, desde o animal vivo até o produto final, utilizando meios digitais altamente confiáveis. Esse procedimento abrange o registro ou identificação individual do animal e a manutenção de informações detalhadas sobre todas as fases, desde o seu nascimento até o momento do abate e processamento.

Nesse sentido, os criadores de gado devem assegurar um processo completo, mantendo registros precisos que abrangem informações históricas e zootécnicas, incluindo raça, sexo, idade, características genéticas e histórico sanitário, que engloba o registro de doenças, tratamentos terapêuticos e profiláticos adotados, bem como o local de criação e detalhes específicos sobre práticas de manejo adotadas ao longo da vida do animal, como certificações de bem-estar animal e características que diferenciam o produto.

Por outro lado, os frigoríficos, onde ocorre o abate e o processamento da carne, são responsáveis pela manutenção da cadeia de informações. Nesses locais, os cortes de carne são embalados adequadamente e recebem selos que permitem o rastreamento individual eficaz.

É incumbência dos frigoríficos gerir e administrar todas as etapas do processo para atingir metas de produção, utilizando processos padronizados e lidando com um alto volume de dados diários.

Foto: Divulgação

Como é conduzida a rastreabilidade na produção de carne bovina?

O processo de rastreabilidade começa desde o momento inicial da vida do bovino, sendo realizado dentro das próprias instalações da fazenda. Nessa fase inicial, o animal é identificado por meio de diferentes métodos, como brincos, tatuagens ou chips, permitindo a criação de um registro detalhado da sua vida produtiva e a geração de índices zootécnicos relevantes.

A partir desses índices, é possível direcionar de forma mais precisa as ações de manejo, incluindo intervenções sanitárias, preventivas, terapêuticas e de aprimoramento genético, entre outras. Isso não apenas permite uma abordagem estratégica para ajustes e padronização conforme os requisitos internacionais, mas também contribui para a obtenção de melhores resultados na produção.

Cada lote de carne bovina é devidamente identificado com um número que corresponde às informações do animal na fazenda de origem. Esses dados são rastreados ao longo de toda a cadeia de produção, garantindo que os varejistas tenham acesso às informações completas sobre a vida produtiva do animal, o que proporciona aos consumidores uma escolha segura e consciente do produto.

É importante reconhecer informações relacionadas aos protocolos de tratamento, monitorar possíveis resíduos na carne e avaliar o impacto ambiental, o que se torna uma ferramenta valiosa nas mãos dos consumidores informados.

Dessa forma, a rastreabilidade não só possibilita a identificação e monitoramento ao longo da cadeia de produção, mas também assegura a segurança alimentar, permite o controle de doenças e contribui para a redução do impacto ambiental. Além disso, desempenha um papel crucial na prevenção de fraudes e adulterações de produtos, agindo em prol dos interesses do produtor rural e do consumidor consciente.

O passo a passo da rastreabilidade da carne bovina é um processo que demanda conhecimento especializado e investimento em técnicas que garantam o bem-estar dos animais, além de utilizar tecnologias que otimizem o rendimento e a exploração, resultando em alimentos diferenciados e seguros.

Foto: divulgação

Vamos detalhar o processo de rastreabilidade:

Registro de informações do animal: Todas as informações relevantes sobre a vida do animal são registradas no sistema de rastreabilidade, incluindo o número único de identificação (UID), data de nascimento, sexo, raça, e outros detalhes pertinentes.

Identificação no abate: No momento do abate, os cortes de carne são etiquetados com o UID correspondente e essa informação é registrada adequadamente.

Rotulagem das embalagens: As embalagens que contêm a carne são rotuladas com informações sobre o abate e os respectivos UIDs, garantindo a rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva.

Chegada ao consumidor final: A carne, já embalada e rotulada, é disponibilizada nas prateleiras para os consumidores finais, acompanhada do selo de rastreio. Este selo pode ser verificado facilmente por meio de celular ou QR code.

Portanto, a rastreabilidade tem início no campo, onde os animais recebem os cuidados necessários por parte dos pecuaristas. Os registros e identificações compõem um banco de dados digital acessível, permitindo consultas não apenas pelos consumidores, mas também pelas autoridades sanitárias, que monitoram a segurança dos alimentos. Essas informações coletadas também podem ser utilizadas para aprimorar as práticas de manejo, como a gestão do estresse dos animais, visando sempre a melhoria contínua do processo.

bovinos
Foto: Divulgação

Sistema oficial do MAPA: SISBOV

O SISBOV, conhecido como Sistema Oficial de Identificação e Certificação de Bovinos, foi desenvolvido com o propósito de garantir a qualidade e rastreabilidade da carne bovina. Em conformidade com essa iniciativa, todos os bovinos abatidos no território brasileiro devem ser registrados no sistema e possuir um certificado que comprove sua origem, emitido por empresas autorizadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Após a certificação do animal, a propriedade está sujeita a inspeções por parte dos auditores do MAPA, visando validar a elegibilidade do produtor para acessar mercados internacionais rigorosos, como a União Europeia.

A relevância do SISBOV para o comércio de carne bovina é inquestionável, pois facilita a expansão para novos mercados e estabelece uma base para preços justos. Além disso, o sistema proporciona um controle sanitário eficaz, transparência e legalidade nas operações, garantindo retornos financeiros satisfatórios para investimentos em uma produção de alta qualidade.

A implementação da rastreabilidade na produção de carne bovina traz uma série de benefícios para o setor:

Gestão da movimentação animal: A rastreabilidade permite um controle mais preciso dos processos de manejo e movimentação dos animais na propriedade, facilitando também transações de compra e venda. Além disso, fornece informações valiosas sobre a origem e genética dos animais.

Identificação individual dos animais: A identificação individual dos animais é crucial para melhorar a gestão e a qualidade da produção. Essas informações permitem ao produtor aprimorar as práticas de manejo e aplicar técnicas específicas para aumentar a produtividade.

Eficiência na Pecuária: A rastreabilidade incentiva uma identificação mais detalhada dos animais, possibilitando avaliações zootécnicas mais precisas e intervenções específicas para melhorar as técnicas de produção. Isso resulta em maior rentabilidade para o produtor, uma vez que a carne de qualidade superior tem uma demanda e valor mais elevados no mercado, conferindo uma vantagem competitiva.

Em resumo, o SISBOV e a rastreabilidade na produção de carne bovina não apenas garantem a qualidade e segurança do produto final, mas também promovem o desenvolvimento sustentável do setor, beneficiando tanto os produtores quanto os consumidores.

Desafios e oportunidades na rastreabilidade no agronegócio

Apesar dos inúmeros benefícios que a rastreabilidade oferece, é preciso encarar alguns desafios:

Equilíbrio entre investimento e retorno: Embora a tecnologia impulsione o crescimento dos negócios agrícolas, muitos produtores ainda hesitam devido ao alto custo inicial e à incerteza sobre os benefícios tangíveis.

Conscientização em progresso: A conscientização sobre a importância da rastreabilidade ainda precisa avançar. Muitos produtores desconhecem os benefícios completos desse processo e necessitam de mais educação sobre o assunto.

Dilema entre economia e qualidade: A rastreabilidade bovina é opcional, levando alguns produtores a buscarem soluções mais econômicas. Contudo, essa escolha pode comprometer a excelência na produção e a qualidade dos produtos para o consumidor.

Por outro lado, a implementação da rastreabilidade traz várias vantagens:

Combate ao abate clandestino: Ao garantir a rastreabilidade, reduz-se significativamente o espaço para o mercado ilegal de carne, fortalecendo as normas sanitárias e promovendo práticas de produção de qualidade reconhecidas internacionalmente.

Contribuições científicas e tecnológicas: Avanços em sistemas de identificação eletrônica e softwares especializados têm sido fundamentais para garantir a saúde da produção e a segurança alimentar.

Transparência e reconhecimento: A rastreabilidade não só assegura práticas socioambientais responsáveis e oferta de alimentos seguros, mas também fornece transparência ao longo da cadeia de produção, agregando valor ao setor.

Em resumo, a rastreabilidade não é apenas uma exigência do mercado moderno, mas uma oportunidade para os produtores destacarem-se pela qualidade e responsabilidade em todas as etapas da produção agrícola.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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