
Diferente do confinamento, onde a alimentação é controlada com exatidão, na pecuária a pasto a alimentação depende do ambiente
Manter uma rotina bem definida para o gado a pasto não é apenas uma boa prática de manejo: é um diferencial competitivo. Na pecuária de corte extensiva, em que os animais dependem da qualidade e da oferta natural do pasto, a previsibilidade no dia a dia da fazenda pode ser a chave para o ganho de peso, o bem-estar animal e a lucratividade.
Neste artigo, vamos mostrar como a rotina impacta diretamente os resultados do sistema de produção a pasto, trazendo insights práticos e dados de campo com base nos episódios do Porteira Adentro — além de referências de mercado atualizadas.
Por que a rotina é essencial no manejo de pastagem?
Diferente do confinamento, onde a alimentação é controlada com exatidão, na pecuária a pasto a alimentação depende do ambiente. Isso torna a rotina dos animais e da equipe ainda mais relevante para garantir consistência e previsibilidade na oferta de forragem, no desempenho zootécnico e na eficiência da suplementação.
Rotina reduz estresse e melhora o ganho de peso
Estudos mostram que animais com rotina alimentar e manejo previsíveis apresentam menores níveis de estresse, o que se traduz em maior eficiência de conversão alimentar e melhor desempenho em arrobas por hectare.
Segundo João Corrêa, especialista em pecuária a pasto com mais de 40 anos de experiência, o monitoramento constante do escore de fezes é um indicativo confiável da satisfação e desempenho dos animais. Quando esse tipo de observação faz parte da rotina da equipe, é possível antecipar problemas e fazer ajustes mais rápidos na suplementação ou manejo do pasto.
O que deve fazer parte da rotina em fazendas com gado a pasto?
1. Monitoramento da altura do pasto na entrada e saída
Avaliar a massa de forragem disponível em cada piquete ajuda a planejar corretamente a rotação e evitar superpastejo, que compromete a rebrota e o desempenho animal.
2. Observação do escore de fezes
Simples, barata e altamente eficaz: essa prática deve fazer parte da rotina da equipe de campo. Fezes muito líquidas ou muito secas indicam desequilíbrios nutricionais e exigem ação imediata.
3. Água de qualidade disponível 24h
Mesmo com um bom pasto, a falta de água pode reduzir o consumo de matéria seca em até 15%, afetando diretamente o ganho de peso. A qualidade da água também interfere na absorção de nutrientes.
4. Suplementação contínua
Suplementos minerais, proteicos e energéticos devem estar disponíveis todos os dias, sem falhas. Uma interrupção pode afetar a performance de todo o lote.
5. Apartação dos lotes
Os lotes deverão ser apartados por faixa de peso, com variação máxima de 30kg, para evitar competição.
Quando possível, apartar também por raça, pois facilita a manutenção de um status sanitário adequado. Animais com sangue europeu são mais susceptíveis ao ataque de carrapatos e moscas e devem ficar próximos aos currais para facilitar o combate.
6. Cercas em bom estado
Evitar misturas entre categorias animais ajuda no manejo direcionado e evita perdas de desempenho. Cercas bem mantidas são essenciais nesse processo.
Toda vez que há uma mistura de lotes (entreveros) o gado perde peso e surgem lesões de cascos, brigas e outros acidentes. Um check periódico da condição de cercas e eletrificação é fundamental para manter a integridade dos lotes.
Resultados melhores com alinhamento entre rotina, equipe e estratégia
Além das práticas técnicas, o sucesso da fazenda está em alinhar rotina operacional e metas estratégicas. Isso inclui:
- Capacitar a equipe para coletar e interpretar dados de campo;
- Garantir que todos saibam os objetivos da produção (ex: quantas arrobas por cabeça/ano);
- Compartilhar as informações em todos os níveis — da equipe de campo à diretoria.
Uma fazenda que padroniza suas rotinas e toma decisões com base em dados consistentes colhidos diariamente consegue atuar de forma mais rápida, assertiva e lucrativa.
Gestão de rotina + dados: o futuro da pecuária a pasto
A Pecuária de Precisão está cada vez mais presente no manejo extensivo. Com o apoio de aplicativos de coleta de dados, balanças eletrônicas e análise de imagens via drone, o controle da rotina vai muito além da observação empírica.
Segundo dados da Embrapa, propriedades que adotam gestão orientada por indicadores de campo conseguem aumentar em até 25% a produtividade por hectare, com menor custo por arroba produzida.
Conclusão
A rotina é o alicerce da gestão eficiente na pecuária de corte a pasto. Com ela, é possível reduzir incertezas, garantir o bem-estar dos animais, aumentar o ganho de peso e tomar decisões mais acertadas.
Rotina bem-feita não é rigidez — é estratégia. E quanto mais bem definida e monitorada, maiores são os resultados no campo.
Fonte: https://apecuariadeprecisao.com.br/
VEJA MAIS:
- Crotalária: risco silencioso que ameaça a pecuária, o comércio de grãos e a imagem da agricultura brasileira
- Modelo de confinamento no sul do Brasil: veja as diferenças entre os estados
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.