
Tilápia é a proteína que mais cresce no mundo – cerca de 3,1% – e, em 20 ou 30 anos, o consumo pode ser equivalente ao de frango, segundo especialistas; No Brasil, representa 65% do cultivo total de peixes, que em 2023 somou 887 mil toneladas e gerou uma receita de R$ 9 bilhões.
Uma carne macia e com sabor delicado, que não lembra o peixe de mar nem o de rio. Só isso já ajudou a tilápia a cair no gosto e encher o prato dos brasileiros. A cada três peixes consumidos no Brasil, um é tilápia, de acordo com o IBGE. A produção de tilápia no país alcançou um crescimento significativo em 2023, aumentando 7,6% em relação ao ano anterior e totalizando 442,2 milhões de quilos. Esse volume representa 67,5% do total de peixes produzidos no país. Desde que a piscicultura foi incluída na Pesquisa da Produção Pecuária Municipal (PPM) em 2013, a tilápia tem sido a espécie dominante.
Assim como outros pescados, a recomendação dos nutricionistas é inserir na dieta no mínimo duas vezes por semana. A contadora Caroline Berenhauser, de 39 anos, usa a tilápia em dois almoços semanais, em pratos que ela mesma prepara. “Eu não como carne vermelha, e gosto da tilápia porque é leve e saudável. Às vezes faço iscas empanadas, sempre com pouco azeite”, conta ao Agro Estadão.
Além disso, a tilápia é um forte aliado para quem quer ganhar massa magra e perder peso, já que tem poucas calorias e bastante proteína e minerais. A nutricionista e pós-doutoranda do Núcleo de Pesquisas Pescado para Saúde da USP, Jessica Levy, destaca que um filé de tilápia (100 gramas) tem 90 calorias e 18,5 gramas de proteína. A mesma quantidade de alcatra tem 244 kcal e 31,9g de proteína.
“Diversos estudos têm mostrado como o pescado contribui para o desenvolvimento cerebral das crianças, assim como ajuda na memória e reduz a incidência de depressão e risco de Alzheimer. Além disso, diminui o risco de doenças cardiovasculares, que hoje no mundo são as que mais matam”, afirma ao Agro Estadão.
De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a tilápia é a proteína que mais cresce no mundo – de 2022 para 2023, o avanço foi de 3,1%. No Brasil, representa 65% do cultivo total de peixes, que em 2023 somou 887 mil toneladas e gerou uma receita de R$ 9 bilhões. Segundo a Peixe BR, hoje o Brasil é o quarto maior produtor dessa espécie, com 8% do volume total. Em primeiro lugar está a China, com mais de 30% da produção, seguida da Indonésia e do Egito.
A produção de peixes no Brasil cresceu 5,8% em 2023, atingindo 655,3 mil toneladas, o que gerou um valor de produção de R$ 6,7 bilhões, representando um aumento de 16,8% em comparação ao ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelas Regiões Sudeste e Nordeste, que registraram aumentos de 11,9% (12,4 mil toneladas a mais) e 13,3% (14 mil toneladas a mais), respectivamente.
Produção de Tilápia Aumenta 7,6% e Representa 67,5% da Produção de Peixes no Brasil
A Região Sul se destaca como a principal produtora de tilápia no Brasil, com quase 47,0% da produção total. O Paraná lidera, sendo responsável por 37,6% da produção nacional, o equivalente a 166,1 milhões de quilos, dos quais 96,8% são de tilápia. O estado apresentou um crescimento de 3,6% na produção de tilápia em 2023.
São Paulo segue em segundo lugar, representando 12,8% da produção total, com 93,6% dessa produção sendo de tilápia. Já Minas Gerais ocupa a terceira posição, com 10,3% do total, e registrou um aumento significativo de 9,8 mil toneladas, totalizando 45,5 milhões de quilos dessa espécie.

Produção de tilápia cresce apostando na oportunidade de negócios
O presidente da Peixe BR lembra que a tilápia começou a ganhar espaço há cerca de oito anos, quando o setor passou a desenvolver ações para melhoria da produção. “Nos últimos dez anos, a produção cresceu 10,3% ao ano. Nós não temos nenhuma outra proteína animal com esse resultado”, comenta Francisco Medeiros ao Agro Estadão.
Além disso, a tilápia é o produto de pescado brasileiro mais exportado – vai para 48 países. O executivo destaca que a demanda por peixes de cultivo está crescendo no mundo inteiro e, prova disso, é que a tilápia é produzida em 90 países e consumida em 140. Hoje, ela não é apenas um peixe.
“A tilápia é uma commodity e o empresário brasileiro sabe produzir proteína animal commodity. Daí para migrar para a tilápia foi muito fácil. Hoje, os principais produtores de tilápia são os maiores produtores de aves e suínos”, diz Medeiros.
“A tilápia não é produzida por uma pessoa que gosta de peixe. São empresas do agro que investem na tilápia: é um negócio rentável.”
Francisco Medeiros – presidente da Peixe BR
Por isso, ele arrisca dizer que o Brasil deve chegar em 2030 como o segundo maior produtor desse pescado. “Tem todo o ambiente para ser maior que suínos e aves, porque o maior consumo no mundo é de peixe e não de suínos e aves”, argumenta.

Produção fácil e lucrativa
Além de saborosa para o paladar, a tilápia é uma espécie fácil de criar. Basicamente, precisa de água e alimento. “O Brasil tem muita água para fazer isso, tem clima, e tem insumos para fornecer a ração”, resume o pesquisador em genética e melhoramento animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Alexandre Caetano.
O especialista aponta que, em algumas regiões, é possível fazer mais de dois ciclos de produção por ano e, além disso, tem baixo custo de produção. Por ser onívora, a espécie não precisa de uma ração com tanta proteína animal como os peixes carnívoros, o que barateia o custo na alimentação.
Caetano conta ainda outra vantagem: “Se deixar machos e fêmeas juntos em um tanque, eles se reproduzem naturalmente. Isso incentiva alguns produtores a se especializarem na produção de alevinos”, explica.
É o caso do Evandro Schmitt, que entrou para o segmento há 26 anos. Ele conta que começou produzindo 18 espécies e, aos poucos, foi focando na tilápia. Atualmente, produz alevinos – filhotes de peixes – que abastecem criatórios em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
“Venho fornecendo 80% a 85% da produção para grandes empresas e faço melhoramento genético próprio”, afirma o produtor de Santa Catarina.
Afinal, a tilápia será o novo frango?
Com a oportunidade que o setor tem de crescimento, a tilápia pode ganhar a preferência dos consumidores pelo frango? Hoje, o consumo de pescado ainda é bem inferior ao de aves no Brasil – a proporção é de 40 kg de aves per capita para 10 kg de peixes per capita.
Metade desse volume de pescado é de tilápia, por isso, o presidente da Peixe BR responde: sim. “Daqui 20 ou 30 anos, provavelmente a tilápia vai competir com o frango”.
O pesquisador da Embrapa concorda que a tilápia pode tornar-se o “novo frango”. Em relação a outros peixes, ela já é a preferida do mercado, por ser um produto fácil de processar e que pode ser entregue ao consumidor fresco ou congelado. Inclusive, ela já virou ingrediente principal de salsichas, embutidos e patês a partir de outra pesquisa da Embrapa.
No entanto, economicamente o frango ainda é mais vantajoso para o produtor. Enquanto as aves têm um ciclo de produção que pode variar entre oito e 12 semanas, a tilápia demora de cinco a seis meses.
“A tilápia tem potencial para ser o novo frango. Mas o melhoramento genético do frango vem acontecendo há muitas décadas. Ainda temos todo um trabalho de melhoramento genético para ser feito na tilápia. A velocidade de crescimento e a eficiência alimentar ainda não chegaram aos patamares do frango”, conclui o pesquisador.
Compre Rural com informações do IBGE e Agro Estadão
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