Acordo China x EUA traz incertezas para o agro do Brasil

‘Com acordo entre China e EUA, maré positiva para o Brasil pode acabar’; Para Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, o acordo marca o início de uma nova era de negócios administrados no mundo.

Em 2019 a China e Hong Kong foram os principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro. Neste cenário, o acordo comercial entre China e Estados Unidos pode impactar os negócios do Brasil em 2020. 

Para Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, o acordo marca uma nova era de negócios administrados no mundo. “Por décadas lutamos pelo livre comércio, e quando as duas maiores economias se acertam, a primeira coisa é saber se isso ocorre à luz das regras multilaterais, e a segunda coisa é saber o quanto isso impacta em países como o Brasil”, afirma. 

Jank, também explica que no caso do agro brasileiro, isso terá um impacto evidente. “O Brasil e os Estados Unidos são os maiores exportadores de soja do mundo. O Brasil exporta cerca de US$ 100 bilhões, e US$ 70 bilhões desse valor encontramos os norte-americanos como maior concorrente”, diz. 

“Ou seja, enquanto a China e EUA estavam em conflito comercial, o Brasil conseguiu conquistar essa lacuna no mercado chinês. Com esse acordo, o Brasil tem como consequência perder parte desse mercado”. 

Atualmente, a China compra uma quantidade muito grande de soja, algodão e carne e isso tem um impacto direto no mercado. “O Brasil se beneficiou bastante nos últimos dois anos na medida que o Estados Unidos foram barrados ao mercado chinês por conta das tarifas mais altas”, diz Marcos Jank. 

A medida que a fome chinesa requisitava mais demanda do mundo, o Brasil estava preparado para suprir essa demanda, e atualmente. 34% das exportações brasileiras têm como destino China e Hong Kong. 

Jank explica ainda  que antes da guerra comercial, a China comprava dos EUA cerca de US$ 26,6 bilhões, e do Brasil US$ 24 bilhões, e depois do início do embate, esse valor saltou para US$ 35 bilhões, um crescimento de US$ 11 bilhões de crescimento, favorecendo principalmente no mercado de soja. “Enquanto que o mercado norte-americano apresentou queda no valor exportado para US$ 13 bilhões. E é isso que pode ser recuperado com esse acordo, pelo menos US$ 15 bilhões poderam ser recuperados”. 

“O que foi acertado em dezembro, é que estes US$ 15 bilhões poderiam ser aumentados para US$ 56 bilhões, ou seja um crescimento de US$ 40 bilhões, um volume imenso e que pode prejudicar as exportações brasileiras”, analisa ele. 

Mercado de soja 

Com o início da guerra comercial, as exportações de soja norte-americana para a China caíram de 14% para 3%, ou seja, praticamente saíram do mercado. Enquanto isso, o Brasil passou de 14% para 27%, e esse mercado agora pode voltar para os Estados Unidos. 

Fonte: Canal Rural

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